Espetáculo, de 21 e 24 de novembro, une palavra e movimento revelando a angústia da falta de comunicação num relacionamento que termina
Da Redação – O Caleidos Cia de Dança apresenta, de 21 e 24 de setembro (quinta a domingo), o espetáculo Silêncio onde poesia e dança encenam o fim de um relacionamento num mundo caótico. O espetáculo integra palavra e movimento numa apresentação onde os atores bailarinos revelam a angústia da impossibilidade da comunicação num relacionamento que termina.
Silêncio foi encenado pela primeira vez em 2002, tendo recebido à época o Prêmio para Circulação de Dança contemporânea da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Foi, naquele momento, um marco na Cia de dança por inaugurar em cena a interface poesia e dança explorada posteriormente em diversos trabalhos da Cia.
Trabalhando na interface entre a poesia e a dança, Silêncio expõe as muitas dimensões de um fragmento de tempo: o silêncio de um casal, na cozinha, tomando sua derradeira sopa. A encenação de dança remete-se a essa imagem multiplicando-a ao mesmo tempo que o poema povoa de palavras essa ausência.
O trabalho nasceu de um conjunto de poemas de Fábio Brazil que Isabel Marques – diretora do Caleidos Cia de Dança – se propôs a transformar em dramaturgia para dança contemporânea e referência de composição para a pauta coreográfica, criando um trabalho híbrido de dança e poesia no qual a poesia se apropria do universo das artes de performances e a dança se apropria da palavra poética como geradora de movimento.
Esta montagem de Silêncio faz parte do Projeto Ponto de Partilha que foi contemplado pelo Prêmio ProAc de Poesia 2018 da Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo concedido a Fábio Brazil.
Segundo Isabel Marques, que assina a direção com o autor: “não nos interessava apenas remontar o trabalho, por mais interessante que a primeira montagem tenha sido: a criação de 2002 dialogava com um público e um contexto que já não existem mais. Precisamos desentranhar dos poemas e das cenas um diálogo com o contexto atual, no qual os dramas líricos precisam revelar suas relações com as dimensões sociais. É preciso redimensionar o indivíduo no âmbito de seus afetos nesse contexto atual”.
“A perspectiva de um drama lírico isolado de tudo que estamos vivendo hoje, nos pareceu ingênua e de certa forma contaminada de um individualismo que afinal é o ponto de inflexão desse ‘tudo que estamos vivendo hoje’. Uma remontagem ingênua, seria acender uma fogueira para iluminar um dia ensolarado. Precisamos romper essas perspectivas líricas que sustentam as ilusões da indústria do entretenimento. Convocar a poesia e a dança para encenarem o fim de um relacionamento precisa também revelar o mundo caótico em que o amor acontece e se desfaz”, explica o poeta Fábio Brazil.
Como em outros espetáculos do Caleidos Cia – Mairto, Lugar Comum, Para o Seu Governo e Ana Bastarda – Silêncio se instala na interface entre a poesia e a dança, os poemas entranhados nas cenas são levados ao público pelos intérpretes criadores, dialogando com a música e as cenas de dança. Os poemas emanam dos atores-bailarinos em cena e também quando ocupam um lugar na plateia, de modo a convidar o público a também interferir verbalmente no trabalho, garantindo assim o espaço de participação criativa do público que o Caleidos Cia sempre prezou.
Serviço – Espetáculo Silêncio, com direção de Isabel Marques; codireção e dramaturgia: Fábio Brazil. Elenco: Bruna Mondeck, Fábio Brazil, Julimari Pamplona, Isabel Marques, Marcelo Pessoa e Ricardo Mesquita. Estreia dia 21 de novembro até 24 de novembro, de quinta a domingo; Horários: Quinta a sábado, às 20h30, e domingo, às 19h, no Espaço Caleidos (Rua Mota Pais, 213, Lapa – São Paulo / SP). Entrada gratuita / contribuição consciente * * ingressos devem ser retirados no local com 30 minutos de antecedência duração: 40 minutos. 40 lugares 14 anos. Informações: Tel.: (11) 3021-4970
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