Especialista enfatiza o equilíbrio entre disciplinas tradicionais com conteúdo socioemocionais nas escolas

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Da Redação – “Trabalhar o controle da ansiedade, o reconhecimento de emoções, como tristeza e medo, e o fortalecimento da empatia e da compaixão precisa ter a mesma importância de disciplinas como Matemática e Português. Não adianta conversar rapidamente com os alunos, perguntar como se sentem e, logo em seguida, pedir para abrirem a primeira página do livro. Não acreditamos que essa é uma abordagem adequada para o assunto É preciso um planejamento e um conteúdo estruturado dedicado a esse tema crucial, que é o equilíbrio e o bem-estar das crianças e adolescentes que voltarão para a escola com muitas emoções à flor da pele, vividas durante o isolamento social”, afirma Débora Schäffer, especialista em educação socioemocional e responsável pelo Programa Soul no Brasil.

Segundo Débora, pesquisas com educadores brasileiros apontam uma preocupação evidente em trabalhar as disciplinas tradicionais para superar o déficit educacional ocasionado pelo isolamento. Entretanto, dedicar oficialmente uma carga horária para uma abordagem socioemocional no plano de ensino deve também ser prioridade para os educadores visando este próximo semestre, assim como todo o ano letivo de 2021.

O ano de 2020 era para ter sido o primeiro no qual habilidades socioemocionais – como dialogar, resolver conflitos, cooperar e respeitar o outro – teriam sido trabalhadas em sala de aula, de acordo com as novas regras da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

“Com a interrupção das aulas, muitas escolas não abordaram os temas de aprendizagem socioemocional. Isso é preocupante, especialmente tendo em vista que é precisamente agora, nesse contexto desafiador, que essas competências se tornam ainda mais cruciais para o desenvolvimento dos alunos. Para quem acredita que não há tempo para trabalhar também essas habilidades, enfatizo que é um investimento, pois quando os alunos estão com essas competências desenvolvidas, estão mais focados, mais presentes e, certamente, terão um aprendizado com muito mais qualidade”, pontua.

Na sala de aula

Débora fala no Brasil sobre iniciativas socioemocionais, entre elas o Programa Soul que contempla dois projetos complementares desenvolvidos para alunos dos ensinos Infantil, Fundamental e Médio.

O primeiro deles é o programa Soul Socioemocional, que é a versão brasileira do programa educacional Second Step, da ONG Committee for Children, metodologia de aprendizagem socioemocional aplicada em 70 países. O conteúdo trabalha temas como ‘entender os próprios sentimentos’, ‘assumir perspectivas diferentes das suas’, ‘demonstrar compaixão’, além de ‘resolver conflitos de forma segura e respeitosa’. As abordagens para tratar os temas mudam com a idade e evolução do comportamento dos alunos. Para o ensino infantil, dar nomes aos sentimentos e conversar sobre maneiras justas de brincar estão entre as atividades. Já para os maiores, a ênfase é em como lidar com a pressão, evitar suposições, ou discordar respeitosamente. Atividades são levadas para casa para a inserção de pais e cuidadores. 

A segunda iniciativa é o programa Soul Mind, que propõe o ensino estruturado de mindfulness em formato didático, proposta pioneira quando se trata de práticas de atenção plena na grade de ensino. Entre suas referências está o renomado Cultivating Emotional Balance, programa educativo com práticas que favorecem o cultivo de equilíbrio e promoção de bem-estar. A coordenadora alerta que a iniciativa não pode ser interpretada como de uma meditação tradicional, muito menos de relaxamento. “Com base em meditações guiadas, aulas expositivas e um diário de perguntas e convites a reflexões no papel, os alunos são convidados a pensar sobre a forma como compreendem o mundo e a exercitar a atenção plena ao ambiente, ao corpo, à respiração, aos pensamentos e às emoções. Do ensino Infantil ao 1º ano do Fundamental, os conteúdos são abordados de forma lúdica ao menos três vezes por semana.  A partir do 2° ano do Fundamental até o 3º ano do ensino Médio, os alunos passam a ter uma prática guiada de meditação diária, bem como uma aula semanal conduzida pelo professor”.

“Assim como a aprendizagem socioemocional integrou a BNCC, a prática de mindfulness também pode fazer parte do currículo escolar. É importante, sobretudo neste momento singular da educação, falar de mudanças de paradigmas no ensino tradicional com foco em educar seres humanos mais conscientes de suas emoções e, portanto, de si mesmos, motivados a expressarem suas melhores versões no mundo”, enfatiza a pedagoga. Informações www.programasoul.com.br

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