Entendendo a biópsia líquida: nova arma na luta contra o câncer

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Da Redação – Uma técnica que torna possível o rastreamento de tumores a partir de fragmentos de DNA detectados diretamente da corrente sanguínea, possibilitando o acompanhamento do tratamento empreendido pelo oncologista e monitorando eventuais metástases ou a reincidência de tumores. Esse é o princípio por trás da biópsia líquida, uma das principais ferramentas em desenvolvimento para aumentar o arsenal dos médicos na batalha contra o câncer.

Segundo a médica patologista e diretora da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Gerusa Biagione, a técnica seria capaz de detectar precocemente até os menores tumores, uma vez que tem como princípio a identificação de fragmentos de DNA despejados no sangue pelas células tumorais. Isso permitiria a investigação de tumores a partir dos rastros genéticos da doença “soltos” no sistema sanguíneo.

“O princípio é simples e teoricamente rápido e proporcionalmente menos invasivo. A biópsia líquida possibilita extrair informações genéticas fundamentais para a identificação do tipo de tumor, além de permitir visualizar especificamente as alterações moleculares acontecendo em tempo real. Dessa forma, tanto a seleção do melhor tratamento quanto seu acompanhamento tornam-se mais assertivos. Além disso, o rastreamento pelo sangue é muito menos invasivo e não representa nenhum tipo de risco para o paciente”, explica.

A patologista ainda salienta que, por mais promissora que seja, a versão líquida não substitui as biópsias convencionais, que servem como norte para o trabalho de qualquer oncologista. “ Apesar do volume de material na análise sanguínea ser ilimitado, a biópsia comum ainda segue como ponto de partida para qualquer diagnóstico de câncer. O patologista continua fundamental na luta contra a doença, analisando esses fragmentos de tecido artesanalmente no microscópio para detectar tumores e, além disso, indicar a melhor conduta terapêutica”, ressalta.

Até o momento, a aplicação da biópsia líquida encontra-se restrita ao controle de tumores já diagnosticados e no acompanhamento do tratamento. Nos Estados Unidos já são mais de 50 tipos de câncer que podem ser identificados e acompanhados dessa forma, enquanto no Brasil a técnica só é utilizada para o monitoramento do câncer de pulmão.

Sobre a SBP – Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais.

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