* Aldo Santos – Em 2015, os professores do Estado de São Paulo fizeram a maior greve de sua história, com mais de 90 dias de paralisação e sem nada conquistar do ponto de vista das reivindicações apresentadas. Mesmo com várias leituras e balanços desta greve, acredito que tivemos um saldo politico no movimento, uma vez que estamos falando de um sindicato que tem uma vanguarda invejável e com uma significativa capilaridade por todo Estado de São Paulo.
Em 2017, embora essa greve tenha sido aprovada nos fóruns das entidades nacionais e com a concordância de todos e todas, a mesma não seguiu o calendário aprovado pela CNTE, e, no dia 15 de março de 2017, uma expressiva assembleia aprovou uma greve de quatro dias, como externavam dezenas de lideranças estaduais do nosso sindicato.
Portanto, foi uma greve de 4 dias tão somente. Estamos diante da maior e menor greve que a categoria vivenciou nos últimos anos. Na subsede de São Bernardo do Campo, mesmo isolado, defendi a continuidade da mesma, uma vez que estamos diante de uma conjuntura singular e que os esforços da vanguarda deveriam ser levados à exaustão para tentar barrar esses ataques em fina sintonia entre os governos federal, estaduais e municipais.
Não foi essa a compreensão dos setores dirigentes do sindicato, que, em nada tem se diferenciado em termos de tática sindical do setor majoritário, exceto, um ou outro grupo que que mantém a coerência histórica ao lado dos trabalhadores.Em 2015, ainda convivemos com o fantasma de uma greve que não terminou, e em 2017, amargamos o triste registro de uma greve que sequer começou.
Jogar todas as fichas numa greve geral marcada para o dia 28 de abril é no mínimo temerário, pelo espaço de tempo, uma vez que os governantes provavelmente vão aprovar todos os ataques e retiradas de direitos antes desta data e a categoria dos professores apenas perderam seis dias num mês sem nada conquistar.
É urgente a mudança da direção deste sindicato, elegendo novos quadros oxigenados, ideologicamente preparados e compromissados com as pautas especificas da categoria, bem como ter a capacidade de expor com a devida ousadia as pautas estratégicas para contribuir no processo histórico de destruição do sistema capitalista que é a causa das mazelas e da escravidão secular que submete os explorados no mundo inteiro.
Coincidentemente, estamos diante de um quadro de disputa sindical, com a eleição para a renovação da diretoria marcada para o mês de maio do corrente ano,onde a centralidade da entidade está focada nessa disputa estadual, sem muitas perspectivas de mudanças.
Lutar e vencer é preciso!
* Aldo Santos é presidente da Associação dos professores de filosofia e filósofos do Brasil, Secretário dos direitos humanos da executiva estadual do Psol-SP
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