Da Redação – Os registros no Serviço de Memória apontam que em 1910 apenas 829 das 2.200 crianças em idade escolar estudavam em unidades públicas de São Bernardo, que em 1914 criou o 1º Grupo Escolar. No rastro do crescimento populacional e da expansão da cidade, a administração pública também teve de ampliar o serviço para dar conta da demanda. Passados 105 anos desde aquele 1910, a rede municipal conta com 184 unidades educacionais e atende a cerca de 85 mil alunos, entre estudantes em idade de creche, pré-escola, Fundamental, Profissionalizante e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A transformação da rede foi acompanhada de perto por inúmeros educadores, caso da professora Maria Regina Barbato. Já se passaram mais de cinco décadas, mas a memória, com muita lucidez nos detalhes, flui naturalmente. Ela lembra que iniciou na profissão lecionando para o antigo Jardim da Infância (hoje pré-escola), em 1962, na Escola Menino Jesus. Na época, pouco mais de 13 mil alunos, divididos entre ensino primário e secundário, frequentavam a escola no município. “Meu maior exemplo para que me tornasse professora foi meu pai, Theodoro de Arruda, também professor e diretor em vários grupos escolares de São Bernardo.”
A professora, que também ensinou no Grupo Escolar Maria Iracema Munhoz, o primeiro de São Bernardo, lembra com saudosismo do prédio de taipa que abrigava a escola, na Rua Marechal Deodoro.
“Acompanhei de perto a transformação na educação dentro da sala de aula, como professora e diretora. Lecionei no chamado Jardim da Infância, Primário e Magistério. Quando me aposentei, em 1988, o ensino no município era totalmente diferente, pois as escolas passaram a ter coordenadores pedagógicos e planejamento, entre outras mudanças. Muito diferente de quando comecei a lecionar”, compara.
Avanço dos cursos superiores – São Bernardo contava com apenas nove alunos estudando em nível superior na década de 1950, mas hoje a situação é completamente diferente. Com 24 estabelecimentos, entre universidades, faculdades, centros universitários e tecnológicos, o município é considerado polo provedor de conhecimento e produção científica. Juntas, todas as unidades ofertam mais de 80 mil vagas, praticamente em todas as áreas do conhecimento humano.
Com 3.435 alunos matriculados no campus São Bernardo, entre graduação e pós-graduação, a Universidade Federal do ABC (UFABC) é a única gratuita na região e com vagas destinadas a alunos da rede pública. A instituição oferece cursos nas áreas de Ciências, Tecnologias e Humanidades. Instalada na região durante o governo Lula, primeiro em Santo André e depois em São Bernardo, a UFABC abriu caminho para que moradores da cidade que sempre estudaram em escolas públicas e sem condições de pagar pudessem ter a chance de fazer o curso superior.
É o caso de Wauber Bezerra de Magalhães, 26 anos, morador da Vila São Pedro e que cursa Engenharia Aeroespacial. “É a realização de um sonho que logo vou transformar em realidade, me formando em engenharia aeroespacial.” Segundo ele, a UFABC deu oportunidade para que milhares de jovens de origem humilde e oriundos de escola pública ingressassem em uma universidade.
“Vim de escola pública e da periferia da nossa cidade. A política diferenciada da UFABC, com projeto pedagógico inclusivo, foi muito importante não só para mim, mas para muitos outros que estudam nela”, constata Magalhães. Em 2015, a UFABC completa 10 anos de existência na região.
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