Diadema debate com profissionais de saúde o uso racional de medicamentos

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Da Redação – A cada dois remédios prescritos, dispensados ou utilizados pela população do país, um é feito de forma errada. Essa é uma constatação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para discutir sobre o uso racional dos medicamentos e mudar essa realidade com base nas características da população atendida, a Prefeitura de Diadema iniciou, nesta sexta-feira (22/03), uma capacitação para médicos, farmacêuticos e enfermeiros da rede municipal.

“Este é um momento de discutir as práticas de trabalho baseadas em evidências clínicas, com ferramentas para um trabalho mais eficaz, com abordagens múltiplas e olhares complementares na assistência e no cuidado do paciente. Por isso, convidar diferentes profissionais de uma mesma equipe”, explicou médico Flavius Augusto Olivetti Albieri, que atua em Diadema como secretário adjunto de Saúde e diretor geral da Atenção Especializada em Saúde.

Os encontros, fruto da parceria entre Secretaria de Saúde e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), serão realizados uma vez por mês no Quarteirão da Saúde, sempre às sextas-feiras, no período da manhã. Na modalidade de rodas de conversa, a capacitação tem como tema “Tratamento farmacológico informado por evidências”. Até novembro, serão abordados tratamentos, como hipertensão, depressão, diabetes, osteoporose, asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Grave (DPOC), refluxo, infecção de trato urinário em gestantes e Insuficiência Cardíaca Crônica (ICC).

Para trazer informações técnicas e atualizadas, a Prefeitura convidou a farmacêutica e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Daniela Melo, com pós doutorado em Saúde Pública. A professora coordena um grupo de pesquisa que realizou estudos para determinar a qualidade dos guias de prática clínica (documento que norteia todas as ações de cuidado de uma determinada doença ou agravo).

No estudo, foram encontrados 26 guias no país, desses, apenas seis possuíam qualidade satisfatória. No mundo, entre os anos de 2011 e 2017, a pesquisa contou com 421 documentos, em português, inglês ou espanhol, e 99 tinham qualidade satisfatória. “Ao longo dos anos, houve uma melhora em alguns pontos e outros permanecem ruins. Um deles é tirar a recomendação do papel e trazer para a prática”, ressaltou a pesquisadora.

A elaboração de um protocolo também deve considerar as circunstâncias locais para determinar se o que está sendo recomendado pode ser colocado em prática. Assim, a orientação dos profissionais de saúde é essencial. “Quando falamos de uso de medicamentos para hipertensão, é preciso destacar a decisão no início do tratamento, medicamentos disponíveis, aspectos que dificultam o acesso do paciente e orientação sobre a doença crônica, entre outros”, explica a professora.

Para a responsável pela Assistência Farmacêutica no município, Karina Santos Rocha, este é um importante movimento para usar de forma racional o medicamento e cuidar melhor dos usuários da rede. “Quando se prescreve e usa corretamente o medicamento, há um resultado mais eficiente, com menor efeito colateral. Ainda há a cultura de medicalização ou automedicação para todo sintoma e doença. Aqui, estamos nos propondo a fazer um movimento contra a maré. Primeiro com os profissionais e depois com a população”, ressalta.

Em Diadema, a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME) conta com aproximadamente 400 medicamentos de uso ambulatorial e hospitalar, que atendem as doenças com mais prevalência na cidade.

Mudanças

Ao término da capacitação, há proposta de revisão dos protocolos de cuidados para diversas doenças crônicas, algumas delas abordadas no curso, como hipertensão e diabetes.

Além disso, outras iniciativas já são realizadas na rede municipal, entre elas, práticas complementares para redução no uso de antiinflamatórios, acompanhamento de pacientes em uso de mais de quatro medicamentos para garantir melhor adesão e redução do uso de benzodiazepínicos, terceira classe de fármaco mais prescrito no país.

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