Da Redação – Os Jogos Pan-Americanos dominavam o Rio de Janeiro, em 2007, quando Wellington Bezerra fez suas primeiras corridas em Buíque, Pernambuco. Ao ver Franck Caldeira conquistar o ouro na maratona, virou fã e decidiu que trilharia o mesmo caminho. Hoje líder do ranking brasileiro de corrida de rua, Wellington disputará a etapa de São Paulo do Brazil Run Series/Circuito de Corridas CAIXA, dia 22, para consolidar sua posição. E, às vésperas da Olimpíada de 2016, sonha em repetir o feito do ídolo e subir ao pódio diante da torcida brasileira.
“Era mais uma brincadeira entre amigos, no começo. Eu jogava futsal, mas vi um cara correndo ao redor da quadra e quis experimentar. Fiz umas corridinhas na região, e terminava sempre entre os primeiros. Aí larguei o futsal e me dediquei à corrida”, lembra Wellington Bezerra, pernambucano de Tupanatinga que passou a infância e a juventude em Buíque.
No ano seguinte, apoiado por comerciantes de Buíque, disputou com um amigo a Corrida Internacional de São Silvestre. Wellington tinha passagens de ida e volta, mas, inspirado pela vitória de Franck Caldeira no Pan, decidiu ficar em São Paulo e apostar tudo na carreira como atleta. Encontrou emprego como ajudante de jardineiro em Barueri, e, no final do dia, voltava correndo para a casa que dividia com o irmão do amigo, em Itapevi. Acabou chamando a atenção do treinador Clóvis Estevão.
Wellington passou a morar no alojamento do Grêmio Recreativo Barueri, em 2010, com ajuda de custo para treinar. Fez sua primeira competição como atleta de elite, na corrida Zumbi dos Palmares, em São Paulo. Mas a primeira grande conquista apareceu em 2012, quando o fundista venceu uma meia-maratona em Porto Alegre – na segunda vez em que disputava os 21 km – com recorde da competição. O feito mereceu destaque nos principais portais esportivos do Brasil.
Outras conquistas importantes vieram em 2014: campeão da tradicional Corrida de Reis, em Brasília, vice-campeão brasileiro de cross country e campeão brasileiro no Sul-Americano de Cross Country, em Assunção, Paraguai. “Foi muito emocionante subir ao pódio, sabendo que eu tinha saído da roça, em Buíque, e agora estava ali, ouvindo o hino nacional, representando o Brasil”, orgulha-se Wellington.
Liderança nacional – Disciplinado, o fundista fez um planejamento junto ao treinador Clóvis Estevão, com quem mantém a parceria, para chegar aos primeiros lugares do Ranking CBAt/CAIXA. “Optei por mais qualidade do que quantidade, escolhendo algumas meia-maratonas no começo do ano. Depois passei a disputar as provas do Circuito CAIXA, e fui subindo”, destaca Wellington.
O bom desempenho rendeu a ida do pernambucano para o Cruzeiro, tradicional equipe mineira de corrida de rua. “Trazer o Wellington para o Cruzeiro era um sonho. Já havia encontrado com ele em 2013, e vinha tentando trazê-lo desde o ano passado”, conta o técnico Alexandre Minardi, que aposta em ótimos resultados para o fundista na Volta da Pampulha e na São Silvestre.
Com 58 pontos de vantagem sobre o vice-líder Sivaldo Viana, campeão brasileiro em 2014, Wellington ainda não tem sua posição assegurada. Restam seis provas para o final da temporada e 133 pontos ainda estão em jogo. O pernambucano precisará de um bom resultado na etapa de São Paulo do Circuito CAIXA, dia 22, para seguir com um pouco mais de tranquilidade para as últimas competições do ano.
“O atletismo me deu muitas coisas boas. Estou me formando em Educação Física, e também ajudei minha irmã a pagar os dois primeiros anos da faculdade dela. Também conheci muita gente boa”, diz Wellington. O fundista mora com a irmã em Santana do Parnaíba, São Paulo, e tem outro irmão morando com os pais, em Buíque.
Wellington quer dar passos ainda maiores na próxima temporada. “Não descarto a chance de buscar o índice para a Olimpíada de 2016. Quem sabe vou tentar na maratona, como o Franck Caldeira”, diz.
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