* Prof. Osmar Junqueira Lima – Para os gregos havia uma diferença entre voz e fala: voz (phone) e fala (logos). Todo som emitido pelos animais, os sons em geral podem ser caracterizados como voz. A fala é raciocínio, pensamento, razão, portanto, característica exclusiva do ser humano, que é o único ser na face da Terra, que tem este magnífico dom.
Falar uma língua pressupõe conhecimento, raciocínio, coerência do ser humano, ou seja, o homem. A fala é elemento determinante na sociedade humana, pois qualifica o ser falante ou desqualifica-o, é o maior meio de comunicação. Ela é a vestimenta natural da mente, do raciocínio. Ouvindo os falantes, vamos notando as agressões sofridas pela nossa língua de cada dia.
O jornalismo falado não usa mais porque, causa, por causa, como etc. Para os jornalistas, nos vários canais de comunicação, tudo se resume em “por conta de”. Não se diz: O paciente morreu por causa da infecção. Como estivesse doente, não foi à escola. Não foi à festa, porque não tinha dinheiro.
Já a expressão “por conta de” deve ser usada quando indicar custos, gastos observe o exemplo: Viajar por conta da empresa. O jovem está estudando por conta do governo. Entenda-se; Viajou às custas da empresa, às expensas da empresa, o jovem está estudando por conta do governo.
Nota-se no jornalismo expressão como: “Ele foi preso por conta da lava jato.” Aqui, podemos notar dois erros; ele não foi preso por conta, mas por causa, e a expressão deve ser lava a jato – locução adverbial ( e sem crase porque esta não é usada antes de nomes masculinos) e não lava-jato que é um nome composto não registrado nos dicionários, porém lava-jato pode ser o homem que lava carros com máquinas de propulsão, ou o homem que lava um jato (avião).
Há outra expressão que incomoda os ouvidos do bom falante é o famigerado “tipo assim”. O uso intermitente desta expressão demonstra pobreza de vocabulário, falta de leitura, e mais, as expressões repetitivas são típicas de línguas primitivas. O falante com expressão normal diz: O jornalista fez uma excelente reportagem. O falante pobre de recursos linguísticos diz: “ O jornalista tipo assim…”, demonstra falta de domínio da língua falada. O mesmo falante diz: “ A moça tipo assim…”, quando poderia dizer simplesmente, “A moça é elegante , é bonita, é inteligente.”
Por hoje é só, até a próxima!
* Osmar Junqueira Lima é professor de Português (Literatura e Letras Modernas), ex-coordenador do Curso Objetivo e um dos fundadores da Unidade de Santo André do Objetivo e editorialista do site CliqueABC. Contato com o colunista pelo e-mail professor.osmar.junqueira@gmail.com
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