* Leonardo Torres – A pandemia continua, os trabalhos se adaptaram, as crianças estão em casa. Tempo é uma coisa que se pensava que iria sobrar e agora está faltando para cada um conseguir lidar com todas as demandas do trabalho e da família.
O momento não é fácil para ninguém e os números de casos e mortes só aumentam. Se é estressante e deprimente para um adulto, imagine para uma criança. Elas também são afetadas. Será que os pais estão preparados para lidar com um filho que deprimiu diante de tantos acontecimentos?
A resposta é não. Ninguém está preparado, mas os pais podem dar suporte para que seus filhos passem e enfrentem os sentimentos e emoções que eclodirão dessa depressão e dessa pandemia. É um paradoxo: ninguém tira ninguém de um estado depressivo, todavia é muito difícil sair sozinho de um.
Pontos cruciais:
1) Não esconda informações dos seus filhos sobre o momento: muitos pais, querendo proteger seus filhos, escondem as informações da pandemia, dão alguma desculpa e dizem que está tudo bem, e isso não é bom. Crianças não captam o mundo da mesma forma como o adulto (mais racionalmente). Elas captam, inconscientemente, os movimentos psíquicos, os sentimentos e emoções dos pais. Isso significa que, se já é impossível esconder uma briga entre pai e mãe da criança, imagina preocupações, ansiedades e depressão que os próprios pais enfrentam neste momento.
2) Converse sobre a tristeza: este é um ponto que adultos também fogem. Assim como as alegrias, nós devemos conversar sobre nossas tristezas, desenhar as tristezas, dançar as tristezas e etc.. Um filho deprimido não necessita de palavras motivacionais e surdas dos pais. Na verdade, ele necessita ser escutado e acolhido. Curiosamente, os pais, nesta hora, podem ter medo: “e se eu não souber responder o que ele pergunta?”. Na verdade, isso não importa, o que importa é dividir e partilhar tais emoções, estar com seu filho. Jogo limpo, de alma para alma.
3) Busque ajuda profissional: a psicoterapia e a arteterapia são excelentes para acolher a criança deprimida (e também os próprios pais) e promover uma integração, ou seja, fazer a criança lidar e aceitar a tristeza com mais prontidão. Isso faz com que as emoções e os sentimentos sejam visitados e trabalhados, promovendo transformações no indivíduo.
* Leonardo Torres, Professor e Palestrante, Doutorando em Comunicação e Pós-graduando em Psicologia Junguiana
Ótimo artigo! Um pertinente alerta às famílias.