Construção de uma jornada ESG eficaz que apoia os negócios

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* Marcos Matias É fato que o cenário de pandemia no qual vivemos nos últimos anos mudou a direção do mercado no quesito Environmental, Social and Corporate Governance (ESG). Em muitos âmbitos, as ações corporativas que promovem o bem-estar social e trazem a sustentabilidade para as prioridades de negócios começaram a ganhar força. Sendo um direcionamento recente, a construção de uma jornada ESG eficaz que apoie as operações das empresas ainda gera dúvidas e incertezas nas mais diversas organizações.

De acordo com uma pesquisa da Amcham Brasil, divulgada em 2021, 95% das empresas participantes informaram já ter iniciado ações sustentáveis – 37% afirmaram ter essas demandas em planejamento ativo, mas ainda em fase de mapear todos os pontos a ser trabalhados. 

O fato de grande parte das empresas já ter planejamentos ou iniciativas é bastante positivo. Por parte dos investidores, muitos exigem o cumprimento de diferentes métricas (de Governança, Pessoas e Sustentabilidade) antes de fechar um contrato. Com isso, eles conseguem mais transparência nas informações – já que as companhias precisam relatar os desenvolvimentos de cada ação e os resultados alcançados. Além disso,  obtêm uma visibilidade financeira mais assertiva – seja do que é investido internamente em cada pilar ESG ou externamente, nos negócios em si. 

Já os consumidores também seguem firmes na cobrança por ações de ESG. Segundo o estudo “Construindo Nosso Futuro”, feito pela Eureca em parceria com o Davos Lab, Global Shapers e Realize Hub, 84,95% dos jovens, com média de 28 anos, acreditam que tanto as organizações privadas quanto as públicas devem assumir a responsabilidade por padrões de éticas sociais, ambientais e  de governança. As opiniões se dão tanto como consumidores quanto funcionários. Portanto, a construção de uma jornada de ESG é hoje fundamental em qualquer organização. 

Começando pelas ações sustentáveis, para estruturar um planejamento eficiente que apoie os negócios, acredito que o mais importante seja agregar sustentabilidade a eles. Com isso, o tema passa a fazer parte fundamental das estratégias e de cada movimentação no mercado. A criação de um portfólio com produtos que entreguem fatores como descarbonização e eficiência energética e o desenvolvimento de serviços que incentivem toda a cadeia de parceiros são essenciais nesse pilar. 

Em relação à governança, esse é o pilar no qual tratamos diretamente da definição de responsabilidades da corporação. Promover a capacitação de líderes e gestores, e fazer com que as práticas de ESG sejam fundamentalmente compreendidas nos mais diversos níveis, é de extrema importância quando abordamos o tema. Quando os colaboradores entendem as ações e se identificam com o que está sendo desenvolvido, a jornada se torna mais assertiva e os resultados são melhor aproveitados.

Outro aspecto significativo nessa categoria é a ética – com a padronização de medidas, o comprometimento com metas de sustentabilidade e pessoas e o monitoramento da execução de cada projeto. Segundo uma pesquisa feita pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que considerou a opinião das gestoras de recursos – que administram as finanças de empresas e pessoas físicas –, 92% consideram a transparência e a ética como os principais fatores nos critérios de ESG. O dado comprova a importância da governança para o mercado nacional.

Além disso, outro pilar principal é a responsabilidade social. Incentivar a diversidade e inclusão nas mais diversas áreas e, principalmente, em cargos de liderança, tem se tornado algo essencial. Nesse quesito, estabelecer metas e o desenvolvimento de colaboradores – por meio de capacitação – é essencial. Uma empresa com mais diversidade tem ideias mais inovadoras e inclusivas e consegue se estruturar com mais pontos de vista e experiências individuais variadas, pontos-chave para um mercado que evolui cada vez mais rapidamente.  

Além de olhar para as ações desenvolvidas internamente, é imprescindível que as companhias se responsabilizem pelo bem-estar de onde estão inseridas. Gerar emprego, expandir a capacitação para pessoas de fora da empresa, incentivar a educação e a elaboração de projetos tecnológicos são alguns exemplos do que pode ser feito.

Todos esses pontos, reunidos, tornam mais assertivo o caminho para os critérios de ESG. Mais do que se adequar ao mercado, os comprometimentos servem para entendermos nosso papel nas mudanças climáticas e na desigualdade social, que ainda são grandes desafios para a sociedade como um todo. Trabalhar para melhorar essas questões deve fazer parte da rotina de negócios e se tornar um hábito para empresas de qualquer segmento e tamanho de operação. 

* Marcos Matias é presidente da Schneider Electric para o Brasil  

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