Da Redação – Durante a primeira quinzena de agosto, o Coletivo Davida e o Observatório da Prostituição – UFRJ promovem o ciclo de debates “Um século e meio de abolicionismo: prostituição, criminalização e o controle da mulher” por cinco cidades brasileiras: Florianópolis (3 de agosto), São Paulo (7 de agosto), Campinas (8 de agosto), Belo Horizonte (9 de agosto) e Rio de Janeiro (11 de agosto).
As conferências contam com a participação de convidadas internacionais como Melinda “Mindy” Chateauvert, ativista norte-americana e historiadora do movimento das trabalhadoras sexuais, Pye Jakobsson, presidenta do NSWP, organização internacional para profissionais do sexo. Além delas, a brasileira Monique Prada, ativista, profissional do sexo e escritora, fará parte dos cinco debates previstos. Cada debate contará com a participação de lideranças locais do movimento brasileiro de prostitutas, que este ano faz 30 anos.
A turnê de discussões, mediadas pelos antropólogos Ana Paula da Silva e Thaddeus Gregory Blanchette, acontece enquanto tramitam no Congresso Nacional projetos de lei que criminalizam a contratação e oferta de serviços sexuais, baseados no controverso “modelo sueco”, apontado em relatório da Anistia Internacional como desfavorável à proteção dos direitos dessas profissionais.
“O ciclo de debates é fundamental para pesquisadores que estudam essas temáticas, ativistas e aqueles que acreditam que essas pessoas merecem ser sujeitos de direitos”, explica Ana Paula. “Os seminários são de suma importância para refletirmos sobre as consequências de se criminalizar a prostituição, seja das trabalhadoras sexuais ou dos clientes, isso só tem o efeito de empurrar o comércio para a clandestinidade, tornando-o precário e perigoso para as mulheres” completa Thaddeus.
Os debates marcam a comemoração dos trinta anos do Movimento Brasileiro de Prostitutas, com festa de encerramento da turnê na Casa Nem. A noite conta com desfiles da coleção Daspu e peças confeccionadas no Projeto Costura Nem, homenagem a Lourdes Barreto, Genilza Marinho e Maria Nilce dos Santos, três das ativistas mais antigas do movimento, e o lançamento do Museu da Diversidade (A)sexual no Rio de Janeiro. O museu pretende resgatar o passado do bairro da Lapa, no centro do Rio de Janeiro, reduto histórico da boêmia e da prostituição. A festa é organizada pela Casa Nem, Coletivo Davida, Daspu e Observatór io da prostituição. A rodada de debates tem apoio da Open Society Foundation.
Sobre as palestrantes convidadas:
Melinda “Mindy” Chateauvert – ativista e historiadora, baseada em Washington DC e New Orleans (Estados Unidos), é autora de Sex Workers Unite!, publicado em 2014, que conta a história das trabalhadoras sexuais desde Stonewall até a Marcha das Vadias.
Pye Jakobsson – presidenta do The Global Network of Sex Work Projects (NSWP), organização internacional para profissionais do sexo. Ativista na área dos direitos das trabalhadoras sexuais, com atuação forte na decisão da Anistia Internacional de apoiar a descriminalização da prostituição.
Monique Prada – É trabalhadora sexual, ativista e escritora. Prestes a lançar seu primeiro livro, é colunista da Mídia Ninja e co-editora do projeto De Salto Alto, portal feminista que abrange sexo, prostituição e pornografia da ótica de quem atua na área. É ex-presidenta da CUTS – Central Única de Trabalhadoras e Trabalhadores Sexuais.
Sobre as lideranças locais:
Lourdes Barreto – Prostituta, 74 anos. É fundadora da Rede Brasileira de Prostitutas junto com Gabriela Leite, e fundou GEMPAC (Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará) em 1990.
Amara Moira – Travesti, prostituta, ativista e doutoranda em teoria literária pela Unicamp. Autora do livro “E Se Eu Fosse Puta” (hoo editora) e Colunista da Mídia Ninja.
Betânia Santos – Prostituta e ativista dos direitos das mulheres e das prostitutas. É Co- Presidenta do Coletivo Davida e Coordenadora da Associação Mulheres Guerreiras da Zona Itatinga – Campinas SP.
Cida Vieira – Prostituta e Presidenta da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (APROSMIG) que tem por finalidade representar as prostitutas e profissionais do sexo que exercem a profissão em hotéis, boates e ruas, bem como a profissionais autônomos.
Indiana Siqueira – Prostituta, TransVestigenere, Feminista e Vereadora Suplente do PSOL no Rio de Janeiro. Faz parte da secretaria executiva do Coletivo Davida. Idealizadora do curso PreparaNem e do projeto resistência Casa Nem/RJ. Presidente de TransRevolução.
Sobre os mediadores:
Ana Paula da Silva: antropóloga (INFES/UFF), pesquisadora do Observatório da Prostituição e atual presidenta do Coletivo Davida. Desenvolve trabalhos nas áreas de gênero, raça e sexualidades, turismo sexual e tráfico internacional de pessoas.
Thaddeus Gregory Blanchette: antropólogo (UFRJ/Macaé) e pesquisador do Observatório da Prostituição. Desenvolve trabalhos nas áreas raça, imigração, tráfico de pessoas, gênero e sexualidades
“Um século e meio de abolicionismo: prostituição, criminalização e o controle da mulher”
Florianópolis – SC – 13o seminário Fazendo Gênero
Data: 3 de agosto, 17h30
Local: UFSC
Mesa com participação de Adriana Piscitelli, integrante do grupo de estudos de gênero PAGU/UNICAMP
São Paulo – SP
Data: 7 de agosto, 10h
Local: Sala 24, Prédio do Meio da FFLCH, USP
Mesa com mediação de Letizia Patriarca (mestre e doutoranda em Antropologia Social da USP, integrante do NUMAS, Núcleo de Estudos de Marcadores Sociais da Diferença e da CPAA, Comissão Permanente de Ações Afirmativas) e participação de Ana Paula da Silva, Thaddeus Blanchette e Monique Prada
Data, 7 de agosto, 17h
Local: Cia Pessoal do Faroeste, Rua do Triunfo, 305 – Centro
Debate com Monique Prada, trabalhadora sexual, ativista e escritora, ex-presidenta da CUTS – Central Única de trabalhadoras e Trabalhadores Sexuais.
Campinas – SP
Data: 8 de agosto, 14h
Local: Auditório II, IFCH/UNICAMP
Debate com Betânia Santos (trabalhadora sexual e ativista, Co-presidenta do Coletivo Davida e Coordenadora da Associação Mulheres Guerreiras da Zona Itatinga) e Amara Moira (travesti e trabalhadora sexual, doutoranda em teoria literária pela Unicamp e autora do livro “E seu eu fosse Puta”)
Belo Horizonte – MG
Data: 9 de agosto, 14h
Local: Local: APROSMIG – Rua Guaicurus, 648, centro, Belo Horizonte
Debate com Cida Vieira (presidenta da Associação das Prostitutas de Minas Gerais – APROSMIG)
Rio de Janeiro – RJ
Data: 11 de agosto, 15h
Local: Salão Nobre IFCS/UFRJ – Largo de São Francisco
Debate com Lourdes Barreto (profissional do sexo aos 74 anos, fundou a Rede Brasileira de Mulheres Prostitutas e o Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará GEMPAC) e Indianara Siqueira (profissional do sexo, trans e vereadora suplente do PSOL no RJ, presidente da TransRevolução, idealizadora da Casa Nem/RJ)
Data: 12 de agosto, 21hs
Local: Casa Nem – Rua Morais e Vale, 18 – Lapa
Puta Festa: comemoração dos 30 Anos do Movimento de Prostitutas com homenagem a Lourdes Barreto, Gerenilza Marinho, Maria Nilce dos Santos, desfile DASPU e Atelier Casa NEM e lançamento do Museu da Diversidade (A)Sexual
Entrada: 10 reais, com sugestão de doação de 1 kilo de alimento não perecível
Pessoas transvestigeneres e prostitutas não pagam
Censura: 18 anos
Todos os eventos têm entrada gratuita
Mais informações em: https://www.facebook.com/events/1910609615846901
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