Da Redação – Com apresentações nos dias 17 e 22 de outubro, às 20h, no Teatro Reynuncio Lima do Instituto de Artes (IA) da UNESP-SP, “ECO” do compositor Rodrigo Reis, utiliza elementos como galho de árvore, apitos ornitológicos e motosserra para fazer uma dura crítica às políticas ambientais vigentes e exaltar a natureza e a vida.
Na obra composta para ensemble, Rodrigo investe em recursos musicais e performáticos para expressar e dar visibilidade a determinados valores ético-estéticos pertinentes ao aforismo:
“Raízes, que espalhem e destruam o asfalto
Galhos, que cresçam e arrebentem os fios
Bichos, que voltem e livres tomem conta
Humanos, que definitivamente desapareçam”
A composição emprega uma linguagem musical contemporânea e se estrutura em quatro seções executadas em única sequência: 1 Raízes e Galhos, 2 Patas, 3 Asas, onde emprega os apitos ornitológicos e 4 O Fim do Homem, para voz e motosserra.
Para dar voz aos humanos, o compositor conduziu um processo técnico para 18 performers com o objetivo de desconstruir o canto. Para isso se aliou aos conceitos de Nietzsche, Deleuze e o Teatro da Crueldade de Artaud, estimulando a prática da Glossolalia Intensiva. Trata-se da prática de Esquizopresença proposta por Maura Baiocchi e Wolfgang Pannek, aplicada à técnica glossolálica. O resultado sonoro é original e tem paralelo com as produções da Taanteatro Cia e com a música da compositora e performer estadunidense Meredith Monk.
“A escolha dos apitos que emitem sons de pássaros e insetos, bem como seu arranjo, não acontece de modo casual. Se fundamentam nos comportamentos e funções ecossistêmicas da fauna presente no bioma neo-tropical e na paisagem sonora rural e serrana do sudoeste mineiro onde nasci”, conta Reis.
Inscrita como obra musical erudita contemporânea, ECO traz para a sala de concerto o ativismo ecológico. Seu caráter político pode ser traduzido como um manifesto do compositor voltado para valores e modos de existência Ecocentrados. “Coloco em questão o Antropocentrismo e os modelos patriarcais no contexto da modernidade racional-científica-industrial que inscreve seus valores hegemônicos em paradigmas hierárquicos e predatórios”, explica o músico.
A obra é uma ode ao conceito de Ecosofia, proposto pelo filósofo francês Felix Guattari, apresentado em seu ensaio As Três Ecologias. “A Ecosofia inscreve a Vida em todas as suas formas e interações singulares, seja humana e inumana, como valor central e maior”, explica o compositor.
Sobre o compositor – Rodrigo Reis conclui sua graduação em Composição na Unesp com a apresentação da obra “ECO”.
Serviço – Apresentação da composição musical “ECO”. Concerto para ensemble, galho de árvore, voz e pios, dias 17 e 22 de outubro (segunda e sábado), às 20h, no Teatro Reynuncio Lima – Instituto de Artes da UNESP (Rua Bento Teobaldo Ferraz, 271 – Barra Funda – São Paulo); Estacionamento gratuito no local – Entrada franca. Duração: 30 minutos. Após as apresentações o compositor e os intérpretes participarão de um bate-papo com o público. Classificação etária: 16 anos. Capacidade: 120 lugares
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