Da Redação – Depois de temporadas de sucesso, em 2017 e 2018, o espetáculo Sutil Violento, da Companhia de Teatro Heliópolis, reestreia no dia 28 de julho (quinta, às 20h), na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho (sede do grupo), no Ipiranga, em São Paulo. A temporada segue até o dia 4 de setembro, de quinta a domingo, com ingressos gratuitos – reservas pela plataforma Sympla.
Sutil Violento – com texto assinado por Evill Rebouças e encenação por Miguel Rocha (diretor e fundador da companhia) – trata da violência sutil – visível ou comodamente invisível – presente em nosso cotidiano.
A encenação começa com um frenesi cotidiano, as pessoas correm. Não param. Mal se percebem. Desviam umas das outras, em alguns momentos se esbarram e, em átimos de atenção, reparam que existem outros, tão próximos e tão parecidos (ou tão diferentes?). Ali, logo ali, há um corpo caído no chão. Será um homem ou um bicho? Apenas se cansou ou não respira mais? Queria comunicar algo, será que conseguiu? Um olhar mais atento ao entorno começa a revelar abusos, agressões, confrontos e opressões diárias: formas de coerção privadas ou públicas; sutis violências do nosso tempo, tão sutis que se tornam invisíveis, naturalizadas.
Miguel Rocha explica que o espetáculo aborda as microviolências por meio de uma estrutura fragmentada, tanto na cena quanto no texto. “A dramaturgia é composta por um conjunto de elementos: ações físicas, movimentos, música ao vivo e texto”, diz. Na encenação não há personagens com trajetórias traçadas, mas figuras cujas relações com o contexto social estão em foco, a exemplo da ‘mulher que é silenciada’ e do ‘jovem que usa sapatos de salto diante de olhares atravessados’. “As microviolências se revelam a partir dessas relações que se estabelecem entre essas pessoas e a sociedade”, argumenta.
A trilha sonora (Meno Del Picchia) executada ao vivo (guitarra, violoncelo e percussão) também tem sua carga dramatúrgica em Sutil Violento, ajudando a estabelecer as tensões entre as figuras. Muitas vezes a força do discurso está na musicalidade ou na própria canção interpretada. Outro ponto de destaque é o espaço cênico. A Companhia de Teatro Heliópolis optou pela instalação, criada por Marcelo Denny (1969-2020). Nada convencional, o cenário cedeu lugar a um ambiente todo na cor vermelha (piso, paredes e arquibancadas) que propõe sensações diversas, já no primeiro contato do espectador.
Miguel Rocha conclui que o espetáculo quer pontuar as microviolências do nosso tempo, do Brasil de hoje; quer mostrar que as pequenas ou sutis violências se potencializam mediante suas naturalizações. “Sutil Violento é muito mais provocação que denúncia. Cada pessoa vai compreender o espetáculo pela sua perspectiva. Por isso acho importante trabalhar com símbolos em cena, que reverberam sempre de forma diferente para cada um. O espectador vai se deparar com alguns deles em Sutil Violento. É importante fazer pensar. E um artifício bom para isto é mesmo a provocação”, afirma.
As apresentações integram o projeto CÁRCERE – Aprisionamento em Massa e Seus Desdobramentos, contemplado pela 35ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo (elaborado para comemorar os 20 anos que a Companhia de Teatro Heliópolis completou em 2020). A temporada também acolhe oito sessões pelo ProAC Expresso Lei Aldir Blanc, Edital 44/2022 – Prêmio por Histórico de Realização em Teatro – Grupos, Companhias e Corpos Estáveis.
Serviço: Espetáculo: Sutil Violento, de 28 de julho a 4 de setembro de 2022. Quinta, sexta e sábado, às 20h | Domingo, às 19h. Duração: 60minutos. Gênero: Experimental. Classificação: 14 anos. Ingressos: Grátis – Reservas: Sympla – https://www.sympla.com.br Casa de Teatro Maria José de Carvalho (Rua Silva Bueno, 1533 – Ipiranga. SP/SP. Tel: (11) 2060-0318 – Capacidade: 40 lugares. ciadeteatroheliopolis.com | (11)2060-0318 | producao.ctheliopolis@gmail.com Facebook – @companhiadeteatro.heliopolis | Instagram – @ciadeteatroheliopolis
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