Com manutenção do FNDCT, CCJ do Senado aprova a PEC dos Fundos

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Fundo que financia projetos de Ciência e Tecnologia estava na lista dos que seriam extintos; relator estima que verba para o governo cai para R$ 180 bi

Da Redação – A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado votou pela admissibilidade da PEC dos Fundos (187/2019), que libera dinheiro vinculado a fundos públicos não previstos na Carta Magna e permite que o governo possa aplicar os recursos em áreas como infraestrutura.

O relatório aprovado nesta quarta-feira (4) manteve o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (FNDCT), o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). Inicialmente, essas quatro reservas financeiras estavam na lista de 248 fundos que seriam extintos.

O fim do FNDCT, principal fonte de recursos para apoio às atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação no país, era o principal ponto que travava o avanço da proposta. A manutenção desse fundo, segundo o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), deve ser comemorada. “Sou totalmente favorável a acabar com um monte de fundo, mas não dá pra acabar com todos. Quem realmente coloca infraestrutura de ciência no país é exatamente o recurso do Fundo de Ciência e Tecnologia, que existe há mais de 50 anos. Não dá pra brincar com isso”, pondera.

O parlamentar reforça que áreas importantes perderiam capacidade de investimento se a PEC fosse aprovada como previa a redação original. “Se você tem estrutura nos institutos de pesquisa e nas universidades, tudo se deve ao FNDCT. Acabando com o fundo, você destruiria a ciência e tecnologia no Brasil, mesmo com a promessa do governo de compensar colocando as verbas no orçamento”, completa.

Até a oposição comemorou a manutenção do FNDCT. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), essa é uma “vitória da população brasileira” em meio a cortes no setor de tecnologia e inovação. “Conseguimos uma vitória parcial, fazendo com que alguns fundos relevantes, como o de ciência e tecnologia, o de segurança pública e o penitenciário sejam mantidos. A extinção não garantiria que os recursos seriam aplicados nessas áreas”, justificou.

Repasse menor

O cálculo inicial do Ministério da Economia era de que a PEC dos Fundos liberaria R$ 220 bilhões, recursos que poderiam ser usados para abater parte dos mais de R$ 4 trilhões da dívida pública brasileira.

Desde que a proposta chegou ao Congresso Nacional, a extinção de fundos como o de Amparo ao Trabalhador (FAT) e os de Financiamento do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro Oeste (FCO), foi descartada. Somados a esses quatro fundos que foram mantidos pela CCJ do Senado, Otto Alencar (PSD-BA) estima que o valor disponível para o Executivo deve ser menor. “Deve sobrar 180 bilhões de estoque para amortização da dívida. Se nós não acolhêssemos esses fundos (como exceções na PEC), o projeto não seria aprovado”, indicou o relator.

O texto final, segundo Alencar, garante a destinação correta para esses recursos, que podem ser aplicados em obras infraestrutura, por exemplo. “Ele (o governo) mandou para cá uma PEC sem o direcionamento da verba para revitalização do rio São Francisco, e eu coloquei, por exemplo. A PEC veio dizendo que a lei complementar para manter um fundo só poderia ser feita pelo Executivo, e eu adicionei que poderia ser feita pelo Legislativo também”, exemplifica o senador.

Além da revitalização do São Francisco, os senadores também elencaram outras prioridades para aplicação desse dinheiro, como projetos e programas voltados à erradicação da pobreza; implantação e conclusão de rodovias e ferrovias; interiorização de gás natural produzido no Brasil; projetos e programas voltados à segurança de regiões de fronteira e também voltado ao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação. A PEC dos Fundos deve ser encaminhada ao Plenário do Senado, antes de ser enviada para análise dos deputados.

ENTENDA O QUE É UM FUNDO PÚBLICO
Um fundo público é uma espécie de reserva financeira que recebe verbas de diversas fontes, que são usadas para fins específicos, definidos por lei, como financiamento da educação ou mesmo o fornecimento de garantias aos trabalhadores de determinada área, por exemplo. Para que o dinheiro dos fundos seja usado, é preciso que a despesa se encaixe em uma série de pré-requisitos definidos na lei que criou o fundo. O gasto precisa também ser aprovado pelo comitê que faz a gerência do mecanismo. Mas por terem aplicações muito específicas, muitos fundos acabam sendo pouco usados ou ficam parados, acumulando verba. Outros não são usados por conta do contingenciamentos do Governo Federal.
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