Tentei chorar mas não consegui: ri!

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* Odila Giunta – Sempre quando eu começo um texto é a parte de dar o nome que pra mim é a mais difícil. Fico horas ou dias pra dar um nome às fotografias do blog ou dos textos que escrevia na coluna By London, aqui neste CliqueABC. Porém, esse foi diferente.

Na última sexta eu perdi fisicamente a minha grande amiga Janaina. Muitos amigos já sabem o quanto nos aproximamos nesses 2 últimos anos que passou. Na mesma sexta ao dar a notícia a amigos tão queridos eu não tive tempo de pensar, eu queria informar para que as pessoas não fossem pegas de surpresa, e embora pela internet não fosse a melhor maneira, foi assim que deu pra ser.

No sábado acordei com essa frase do Renato Russo na cabeça: “Tentei chorar mas não consegui.” E depois de muito chorar a falta que a Nega vai me fazer, eu ri. Ri, pela felicidade que sentia de ter tido a oportunidade de um dia termos parado pra conversar? tocamos na alma ? e trocado telefones.

Ri, pelas histórias engraçadas que ela me contava e observações que fazíamos principalmete voltando das noitadas no 31. Ri, pelos momentos que na cadeira vermelha ela chorou ou por amor ou por saudade, ou por medo ou insegurança, e depois tudo passou. Ri das broncas que ela me dava, das perguntas pertinentes que ela me fazia , das vezes que eu chorei pela minha falta de paciência em não conseguir o meu trabalho e pelas vezes que chorei por paixões acabadas.

Ri, do jeitão que ela descrevia pra mim o Arcanjo Miguel, que na visão dela não tinha nada de angelical, tava mais pra moreno alto, bonito e sensual, com todo o respeito, mas com as asas que protegia a léguas de distância.

Foi assim dessa maneira fácil sem adoração que ele, o Arcanjo é o meu anjo guardião, alguém com quem eu aprendi a conversar e ela me ensinou como.

Ri, por lembrar dela entrando na minha casa dizendo: “Dila, quero chá na xícara azul marinho pra lembrar da minha avó” ou “Dila faz pão de queijo?”… “Dila me empresta o ferro?”

Ri, pelo coração leve que ela tinha e que numa tarde de início de Outubro chegou em casa e disse: “Dila agora tô em paz, perdoei meu pai, e chorou, leu um texto que ela postou no face para ele e foi pra noite.

Ri, pelas bobagens que a gente falava, dos livros que trocamos, dos filmes que vimos juntas e das músicas que a gente cantava. E como a gente falava! A noite virou dia incontáveis vezes, quando falávamos sobre o banal, ou coisas do dia a dia, de uma banda nova, de um rostinho bonito, de um telefonema legal, de um nome do passado e aí, a coisa se extendia mesmo.

Ri, pelas milhões de vezes que disse a ela: Sabe quando você sai da Avenida Paulista aí você… – e ela – Dilaa nunca fui a São Paulo… e dizia que ela tinha um grande defeito. Ri, pelos banhos de ervas que a gente fazia juntas, principalmente os de cravos e mel que a Nini (mãe dela) passava por telefone e ela dizia: Minha nega isso aqui é poderoso, viu?!!

Ri, pelas paixões trocadas, pelos vários nomes ditos em nome do coração. Uns passaram e outros ficarão. Ri, por ter falado as minhas verdades, que eram tão fortes, eram pelo o que vivia e hoje já não são mais, mas essa parte, essa parte eu não contei…

Aí, eu chorei.

Chorei pelo Skype não terminado no dia 29/12; pela viagem não feita; pelos sonhos que não se realizarão; pela profissional que a nutrição perdeu; pela amiga que não vou buscar no aeroporto.

Porém, olhando hoje ao meu redor, não dá para esquecer o que ela deixou a cada amigo que ficou, de pessoas que cruzaram o meu caminho com ela e por ela, me ajudando a ser um humano melhor.

Sorri largo pela gratidão de tanto em tão pouco tempo…

See you then! Odila By London

 

* Odila Giunta é jornalista, promotora de eventos em Londres, e natural de São Caetano, no Grande ABC

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