* Odila Giunta – Acordo por aqui e com uma xícara de café sento em frente ao computador ligado na BBC ao vivo para saber o que há de novo por aqui. E qual não é a minha surpresa ao ver a cena da primeira pessoa a receber a dose da vacina contra o Covid-19: Margareth Keenan, de 90 anos, em um hospital em Coventry.
Diante desse fato e de tantas coisas que aconteceram em 2020, me deu uma vontade de olhar para trás, para as coisas que eu já fiz e que me davam tanto prazer. E uma delas foi revisitar as minhas traçadas linhas aqui nesse espaço que eu sei que sempre estará aberto para mim, e que foi onde comecei a escrever.
Para nos situar, hoje é dia 8 de dezembro de 2020 e só essa noticia da vacinação já daria uma boa pauta para um papo entre nós, sem falar do BREXIT, mas são muitas coisas que passam na minha cabeça quando eu vejo a imagem da esperança.
Hoje é também o meu primeiro dia oficialmente desempregada em Londres. E é por isso que quis voltar a escrever, para falar desse misto de sentimentos que o COVID traz e trouxe por aqui, para mim.
Desde março o mundo parou. Lembro de sair do escritório e andando a beira do Tâmisa, pensei: “imagina, em maio estou de volta, o mundo não vai parar”; logo a Roda de Samba (que produzo aqui com uma turma incrível) volta e as coisas voltarão ao normal…”
Bem…nas primeiras semanas foi aquele sentimento de férias, e depois de puro tédio, até ver meus amigos perderem emprego, empresas falirem e a economia colapsar…
Passei dias vendo a paisagem mudar da minha janela, olhando a minha árvore favorita mudar de roupa, e maio nunca chegou. Uma pontinha de esperança veio junto com o verão, que as coisas, devagar iriam voltar ao normal, começar a produzir eventos, viajar, ir para shows, mas logo as coisas mudaram, como as estações do ano, os meses, o correr dos dias, o sentimento de impotência e a incerteza do futuro.
E eu, que sou regida com a Lua em Capricórnio e ascendente em Virgem, e na mão direita uma providencial agenda, sempre pronta a anotar, cancelar, refazer, riscar, agendar, aceitar ou não compromissos com a vida, com a arte e sempre com muitas pessoas envolvidas, que hoje tudo isso parece fazer parte de um universo paralelo de tão distante. E a agenda? nem sei onde está…
Eu não vou, pelo menos nessa coluna falar sobre o uso obrigatório da máscara, do bom senso e da empatia social… Minha lente crítica sobre a liberdade alheia, e a responsabilidade social ficam embaçadas quando abro minhas redes sociais.
Mas se tem uma coisa boa que aconteceu nessa catarse toda, foi esse sentimento novo pintando por aqui: a liberdade.
Liberdade de não ter que das satisfação a um chefe, de não ter hora para abrir meu computador e responder os email que desde março eram apenas do RH.
Liberdade de criar um novo projeto, de entrar em contato com pessoas interessantes (aliás um dia escrevo sobre essas pessoas que essa eterna quarentena me trouxe junto esse novo empreendimento), o projeto de ler um livro e ver uma série (hábito novo em época de pandemia), de ficar conversando com amigos das antigas por horas e saber mais sobre as suas vidas e suas histórias – (como eu gosto de gente!), e agora de voltar a escrever na By London.
Hoje, 18 dias depois que comecei a escrever essa coluna, clico no canal da BBC e o Primeiro Ministro – Boris Johson coloca Londres no nível 4, indo por água abaixo os encontros natalinos em família ou entre amigos, e sem falar na variante do vírus, confesso quando chegou nessa parte eu parei de ouvir e voltei a minha atenção ao que posso mudar e resolver nesse meu infinito particular.
E daqui alguns dias é Natal, esse ano fico por aqui (geralmente meu Natal é na Terra Brasilis), mas vai ser novo, como tudo o que esse ano trouxe, e estar em movimento físico e intelectual me fez querer conjugar um verbo que virou o meu MOTO para 2021: REALIZAR, começando por aqui.
Feliz Natal e um novo e melhor ano para nossas vidas e com muitas realizações, elas virão.
Agradeço ao Léo Júnior pela porta sempre aberta para as minhas divagações “by London”, aqui nesse espaço tão especial para mim.
See you then!
- Odila Giunta é moradora de Londres há 22 anos, e idealizadora do projeto Samba de Bamba Uk, além de assinar a coluna By London neste CliqueABC
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