* Carlos Alberto Coquinho Bazani – Este caso aconteceu no tradicional Cine Tangará, inaugurado em Santo André nos chamados Anos Dourados, mais precisamente em setembro de 1950.
Instalado no centro de Santo André, dividido em dois ambientes, mezanino (pulmann) e platéia comum (térreo), com capacidade para 3.100 espectadores, o Cine Tangará era um espaço sócio-cultural que recebia apresentações musicais, colação de grau e, logicamente, grandes filmes.
Foi numa noite de sábado, em agosto de 1963, que o cinema exibiu em duas sessões o clássico Cleópatra, vencedor do Oscar daquele ano. Estrelado por Elizabeth Taylor, no papel principal, e Richard Burton, como Marco Antônio, e Rex Harrison, que interpretou Júlio César, entre outros. Direção assinada pelo competente diretor Joseph L. Mankiciewscz, uma superprodução que envolveu milhões de dólares, quantia que só foi superada recentemente por Piratas do Caribe: No fim do mundo.
Foi o acontecimento cinematográfico das últimas décadas no ABC. Não se falava em outra coisa. Lotação esgotada para as duas sessões e uma extensa fila que dava a volta no no cinema. Muita gente ficou do lado de fora. Momentos de expectativa, ansiedade e excitação tomaram conta da plateia elegante, perfumada e impaciente. O filme começou a rolar normalmente até o momento da cena em que a Rainha do Egito, fazia valer a luta em defesa de seu povo contra as pretensões ambiciosas do domínio territorial e político por parte do Império Romano. Ela sobe as escadas que levam ao seu suntuoso palácio, com altivez, naturalidade e elegância, quando alguém da plateia que, logicamente, já tinha assistido o filme anteriormente, provavelmente na primeira sessão, chamou em voz alta e quebrou o silêncio entre os espectadores.
Foi daí que aconteceu o burburinho. A atriz, sutil e lentamente, foi virando o pescoço e olhando fixamente para o público, atendendo o chamado do jovem mancebo, que novamente se dirigiu à heroína com sua voz firme e debochada:
– Não é nada não, pode ir embora…
Cleópatra atenciosa e obediente, virou a cabeça e voltou a olhar de frente para o palácio, e continuou a subir as escadas com passos firmes e decididos, seguindo assim o seu destino.
O público não se conteve. A projeção foi interrompida por alguns instantes, até que terminassem os gritos, assovios e as gargalhadas. Em seguida, com os ânimos serenados e a sala retomou o clima de normalidade e tranquilidade. E todos puderam curtir as emoções deste clássico até o final. Final este, que todos sabem de cor!
* Carlos Alberto Coquinho Bazani é natural de Santo André. Foi colaborador do Jornal Informação Resumo Jovem; da Gazeta do Grande ABC; da Rádio Orion FM e trabalhou na Assessoria de Comunicação e na Secretaria de Educação Cultura e Esportes de Santo André. É membro eleito do Conselho Diretor do Fundo de Cultura, além de coordenador do Bloco O Beco do Conforto. Contato com o colunista: carlosalbertobazani@gmail.com.br
Gosto dessa coluna!
Para quem tem a referência Andreense, sabemos que nossa história é única.
Eu amo Santo André…valeu Carlos Alberto Coquinho Bazan.