Exposição “22 de 22”, assinada pelo caricaturista Fernandes, vai retratar ícones da arte brasileira que participaram do evento há 100 anos
Texto: Dérek Bittencourt – Fotos: Helber Aggio/PMSA
Santo André – O Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes vai fazer uma viagem no tempo. Vai voltar, mais exatamente, 100 anos, diretamente para fevereiro de 1922, quando foi realizada a Semana de Arte Moderna de 22. O mezanino do restaurado símbolo andreense receberá, a partir deste sábado (30), a exposição “22 de 22”, sob responsabilidade do multitalentoso caricaturista Fernandes, que vai contar com 22 caricaturas e uma escultura, obras alusivas aos artistas que, há um século, participaram daquele evento artístico-cultural.
Os modernistas retratados na exposição serão: Agenor Fernandes Barbosa, Anita Malfatti, Antonieta Santos Feio, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Guiomar Novaes, Heitor Villa-Lobos, Jonh Graz, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Pagu, Plínio Salgado, Ronald de Carvalho, Sérgio Milliet, Tácito de Almeida, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Zina Aita. Todos estes terão suas caricaturas feitas a lápis em papel canson e digitalizadas em sépia. Brecheret ainda contará com uma escultura desenvolvida em bloco celular.
Fernandes já promoveu outras duas exposições alusivas à Semana de Arte Moderna de 22, uma delas no Memorial da América Latina (denominada “Pilares de 22 e ainda ativa até 31 de dezembro) e outra em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Agora, tem a oportunidade de exibir suas obras de arte na cidade onde escolheu viver.
“Atuei muito aqui, então é um prazer. É onde moro, onde construí a vida. É diferente. Legal poder fazer no meu reduto”, admite o avareense/andreense.
A Semana de Arte Moderna foi realizada entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo, que teve como principal bandeira – como o próprio nome diz –, apresentar um movimento artístico modernista no Brasil, com as mais novas tendências literárias, musicais, esculturais e demais segmentos culturais, se baseando em teorias da Europa, atualizando intelectualmente a consciência verde e amarela e deixando para trás o conservadorismo do século anterior (parnasianismo), que estava encravado na cultura nacional. É, até hoje, um marco no modernismo brasileiro.
“Vejo tudo o que foi apresentado em 1922 e ainda são obras modernas. Aquele foi um movimento de desconstrução do que se estava acostumado, do tradicional, de que arte tinha que retratar, por exemplo, um gato como ele é, como em uma foto”, explica Fernandes.
A ideia de realizar uma escultura de Brecheret e integrá-la à exposição, segundo o artista, é porque o homenageado era justamente escultor (responsável pelo Monumento às Bandeiras, em frente ao Parque do Ibirapuera, e o Monumento ao Duque de Caxias, a Praça Princesa Isabel – ambos estes endereços na Capital). Consequentemente, Fernandes conseguiu desenvolver um viés artístico ao qual é apaixonado.
“Passei 40 anos numa redação (de jornal) e agora estou retornando para as artes, fazendo o que também gosto: pintar, fazer escultura, voltando a ser um artista plástico, regressando às origens, porque quando criança eu gostava, por exemplo, de mexer com argila”, relembra.
Durante a abertura da exposição “22 de 22”, a partir das 15h deste sábado, Fernandes vai realizar oficina de caricatura e fazer desenhos dos visitantes. A exposição permanecerá no mezanino do Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes até 30 de agosto, com visitação gratuita de terça-feira a sábado, das 11h às 17h
Reflexos de 22 – A exposição integra a programação ‘Reflexos de 22’, que a Secretaria de Cultura de Santo André realizará até o fim do ano. Uma série de ações para promoção do pensar sobre o movimento modernista e seus reflexos até os dias de hoje.
Sobre o autor – Nascido em Avaré, no interior de São Paulo, em 5 de outubro de 1959, Luiz Carlos Fernandes começou a desenhar ainda criança, mas foi na adolescência, enquanto trabalhava em uma banca de jornais em sua cidade, que desenvolveu suas habilidades como caricaturista. Aos poucos, passou também a se aperfeiçoar no segmento das charges. Mudou-se para o ABC em 1982, onde, no ano seguinte, começou a compartilhar seus traços no Diário do Grande ABC. Realizou ainda outros trabalhos, como nas ilustrações da Coleção Castelo Rá-Tim-Bum.
Atualmente, além da caricatura e da charge, também atua no ramo dos quadrinhos, ilustrações e esculturas. No currículo, além de exposições dentro e fora do País, soma mais de 70 prêmios de artes gráficas no Brasil e no exterior, entre eles o primeiro lugar na categoria ‘caricatura’ no World Press Cartoon, em Portugal, e o ‘Grande prêmio’ no Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
Serviço
Exposição “22 de 22”
Abertura: dia 30/7 (sábado), às 15h
Visitação: até 30/8
Funcionamento: de terça-feira a sábado, das 11h às 17h
Local: Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes – Mezanino
Endereço: Rua Senador Flaquer, 110 – Centro
Entrada gratuita
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