Cia O GRITO apresenta peças sonoras entre 17 e 21 de julho

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As intervenções urbanas acontecem no bairro do Brás

Da Redação – Em residência artística desde 2015 na Casa Restaura-me – ONG localizada no centro do bairro paulistano Brás, que atende por dia mais de 400 adultos em situação de rua – onde mantém sua sede no segundo andar da instituição, a Cia O GRITO apresenta a primeira atividade pública do projeto de pesquisa contemplado pela 34ª. Lei de Fomento ao Teatro, Brás: Memórias e (Des)memórias de uma São Paulo Precária. 

O objetivo principal do projeto é a continuidade e aprofundamento da linha de pesquisa teatral do grupo em sua atual ocupação artística. Com direção de Beatriz Cruz, O Grito apresenta três intervenções cênicas, resultado de workshop sobre memórias e desmem órias pelas ruas do bairro e com os conviventes da Casa  investigando a linguagem do audiotour, realizado com os cinco atores e a diretora. O trabalho rendeu três experiências diferentes de peças sonoras (audiotours) em que o público (em geral e os frequentadores da Casa) é guiado pelas vozes dos atores para passeios sonoros.

As intervenções públicas acontecem de 17 a 21 de julho, de graça. Um deles pelas ruas do Brás, outro pela Casa Restaura-me e um terceiro para ser acessado online. O sistema permite a descrição de percursos com o uso de dispositivos eletrônicos e digitais com recursos de voz. Cada uma das três experiências sonoras tem um roteiro, dramaturgia, gravação e edição desenvolvidas pelos atores e a diretora. Essas apresentações presenciais visam, principalmente, dialogar com o público transeunte do dia-a-dia da ONG e do bairro do Brás.

Audiotour pela CASA RESTAURA-ME acontecerá dia 17 de julho, sábado, nos seguintes horários: 9, 10, 13 e 14 horas, com grupos de 10 pessoas por sessão e duração de 25 minutos.  Seguindo a história do garoto Leve, o espectador é convidado a realizar um percurso sonoro pela Casa Restaura-me (R. Monsenhor Andrade, 746 – Brás), sendo conduzido por uma narrativa ficcional, fotos e músicas. O Brás é o pano de fundo desta trajetória, criada a partir de um mapa desenvolvido pelos atores e conviventes da Casa. Os espaços físicos da cidade e da casa s& amp; atilde;o os disparadores da narrativa.

Audiotour EXPERIÊNCIA ONLINE pode ser acessado a partir do dia 17 de julho. A experiência propõe a degustação de breves conteúdos sonoros que estimulam o público a uma série de ações em sua própria casa, provocando cortes no cotidiano, a partir de elementos que cortam o bairro do Brás: o trem, o rio e o carrinho de mão. Cada pessoa escolhe a ordem do caminho a seguir que termina na Casa Restaura-me, com a escuta de histórias de conviventes e a possibilidade de deixar a sua própria, incorporando-se ao processo.

Audiotour pelas RUAS DO BRÁS será realizado nos dias 20 e 21 julho, terça e quarta, às 14 horas, horário em que as lojas começam a fechar e as ruas ficam menos movimentadas. A intervenção propõe ao participante uma caminhada que parte da Casa Restaura-me e vai até a Praça Padre Bento. O público é convidado a realizar um percurso seguindo a voz de uma manequim que tenta reencontrar seu corpo. Entre ruas, manequins e vitrines, vem um Brás, mas a  ideia é descobrir o que está por trás dos detalhes e das histórias do bairro, região movimentada e que concentra grande número de lojas de roupas.

A escolha do tema relacionado à memória se deu quando os atores constataram, no processo de pesquisa teatral desenvolvido durante a residência artística, que dentro da Casa Restaura-me a memória é o alicerce de todos os conviventes. “É muito comum que as experiências de vida nesse espaço, sejam narradas pelas lembranças que cada convivente carrega”, afirma o ator Wilson Saraiva. Boa parte das pessoas em situação de rua que frequentam a Casa se organiza para ter algum tipo de renda. As atividades principais desenvolvidas por eles são recolhimento e venda de papelão e latinhas bem como descarregar os caminhões que chegam para abastecer de produtos as lojas do complexo comercial, que é o Brás. A ONG Restaura-me desenvolve atividad es de assistência social e convívio para os frequentadores da casa. Há seis anos ocupando e residindo no segundo andar da instituição, a Cia O Grito, que tem um contrato de cessão de espaço com a casa, desenvolve atividades culturais como saraus, oficinas, cursos, intervenções, ensaios, entre outras ações artísticas.

O projeto Brás: Memórias e (Des)memórias de uma São Paulo Precária prevê, ainda, a criação de um espetáculo interventivo a ser apresentado na sede da Cia O Grito, com posterior circulação pela cidade de São Paulo, numa temporada com 32 apresentações, além da publicação de uma revista com o processo criativo e investigativo da companhia e ainda a circulação da mais recente obra do grupo, Diana Luana, espetáculo infanto-juvenil criado a partir de vivências junto de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.

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