Cardiologistas defendem medição de colesterol em crianças e adolescentes

249 0

8 de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Colesterol Elevado e a data é mais um pretexto para a SOCESP promover uma série de ações para alertar sobre a importância da dosagem do colesterol

Da Redação – Recentemente a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP – encaminhou ao Ministério da Saúde um documento contemplando uma série de ações que podem ser adotadas pelo Governo Federal para o combate às mortes por doenças crônicas não transmissíveis, responsáveis por mais de 70% dos óbitos no país.

Entre as propostas constantes no documento, o rastreamento lipídico ou medição do colesterol em crianças e adolescentes. E não é para menos: de acordo com o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), a presença de colesterol alto na infância e na adolescência tem-se mantido entre 30-40%. “É um equívoco associarmos ´colesterol alto´ às patologias ´de adultos´ quando, na verdade, a ocorrência da síndrome nas primeiras fases da vida é bastante significativa”, esclarece Maria Cristina Izar, diretora de Promoção e Pesquisa da SOCESP.

Segundo a cardiologista, o recomendado é que a dosagem do perfil lipídico seja feita a partir dos 10 anos, de maneira geral. Porém, quando houver história familiar precoce para aterosclerose (como o infarto ou o acidente vascular cerebral) algum fator de risco cardiovascular ou sinal clínico compatível com dislipidemias primárias graves em crianças menores, a medição deve acontecer a partir dos 2 anos.

“Entre as ações estratégicas propostas pela SOCESP para a promoção da saúde no âmbito governamental, a sugestão para as autoridades sanitárias é regularizar serviços de detecção, acompanhamento e controle de dislipidemia em adultos e crianças assintomáticos nos diferentes níveis de atenção do SUS, desonerando o Estado dos custos dos tratamentos de doenças cardiovasculares (DCVs) e promovendo a vida”, ressalta a especialista.

As causas para as dislipidemias nos mais jovens são semelhantes às que acometem os adultos, mas, na infância, as formas chamadas primárias, derivadas de fatores genéticos, como a Hipercolesterolemia Familiar (HF), quando um dos pais apresenta colesterol excessivamente elevado, devem ser lembradas.  “Esta forma é considerada mais grave e com mais riscos de morte antes da fase adulta”, reforça a diretora da SOCESP. Já os agentes secundários são as dietas ricas em gorduras ou sem valor nutricional, obesidade e sedentarismo, doenças renais e da glândula tireoide, além de doenças como diabetes ou o uso de medicações, como diuréticos e corticoides.

Obesidade, dieta pobre e inatividade física

Os mesmos fatores que fazem do colesterol alto um estopim para as DCVs em adultos também corroboram com o quadro em crianças e adolescentes. A obesidade é um deles: o Brasil ocupa o quarto lugar entre os países com maior prevalência de sobrepeso e obesidade e já se observa uma ascensão entre crianças e adolescentes, independente do sexo e das classes sociais. Nos últimos 30 anos, o índice de obesos entre 5 e 19 anos aumentou, de 0,7% a 5,6% entre meninas e de 0,8% a 7,8% entre meninos, em todas as regiões geográficas do mundo, totalizando: 50 milhões de meninas e 74 milhões de meninos obesos. Metade das crianças obesas aos 6 anos, que tenham pelo menos um dos pais obeso, tende a conviver com a obesidade quando adultos; em adolescentes nessa condição, 80% serão adultos obesos.

Estudos populacionais revelam que quase a totalidade das crianças ingerem maiores quantidades de açúcar e gordura de má qualidade ou menores porções de fibras do que o recomendado para a idade. “Uma das justificativas para esta epidemia nestas faixas etárias é o ´ambiente obesogênico´, quando fatores externos colaboram para uma ingestão excessiva ou não saudável de alimentos calóricos, com rotina que não prima pelo gasto energético (excesso de computador e celular, por exemplo).

Os ambientes obesogênicos contrariam a realidade de 30 anos atrás, quando a premissa na infância e adolescência era composta por muitas atividades ao ar livre e mais comida balanceada “feita em casa”, sem o excesso de oferta de guloseimas”, lembra Maria Cristina. 

O correto – para qualquer faixa etária – é limitar a ingestão de gorduras a cerca de 25 a 30% das calorias totais diárias, mantendo uma proporção de 7 a 10% de gorduras saturadas (frituras etc) e 20% de gorduras mono e poli-insaturadas. Deve-se evitar açúcar de adição e estimular a ingestão de ômega-3 (presente em peixes como sardinha e salmão), idealmente duas ou três vezes por semana.

Tratamento & prevenção

O tratamento para crianças e adolescentes diagnosticados com colesterol alto não difere do que é recomendado aos adultos nas mesmas condições: baseia-se, inicialmente, no controle do peso, dieta balanceada e atividade física e, se a estratégia não funcionar, os médicos poderão optar pelo uso de medicamentos.

Total 0 Votes
0

Tell us how can we improve this post?

+ = Verify Human or Spambot ?

Nenhum comentário on "Cardiologistas defendem medição de colesterol em crianças e adolescentes"

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *