Câncer infantil: avanços científicos e terapêuticos

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Da Redação – O câncer infantil representa cerca de 3% dos casos de câncer no mundo, com 8.500 novos casos anuais no Brasil (na faixa etária de 0 a 19 anos), em comparação com quase 500.000 casos anuais entre adultos.

Diferente do câncer em adultos, em que predominam os carcinomas (tumores epiteliais), nas crianças as leucemias agudas (tumores das células sanguíneas) são mais comuns, seguidas por tumores no sistema nervoso central, linfomas (gânglios linfáticos) e tumores abdominais, como o neuroblastoma (suprarrenal) e o tumor de Wilms (renal).

De acordo com o hematologista e oncologista pediátrico Roberto Augusto Plaza Teixeira, secretário do Departamento de Oncologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, com o avanço das terapias quimioterápicas, técnicas cirúrgicas e radioterápicas, além dos estudos genômicos (genômica é um campo da ciência que avalia a interação entre os genes e o meio ambiente), hoje é possível identificar mutações e vias metabólicas alteradas, permitindo abordagens mais precisas para diagnóstico precoce e classificação molecular na oncogenética(uma área da medicina que estuda a predisposição genética ao câncer).

Também a implementação de biomarcadores moleculares e técnicas avançadas de imagem, como PET Scan e ressonância magnética de alta resolução, têm melhorado significativamente a precisão e a rapidez do diagnóstico, o que impacta positivamente nas taxas de sobrevida. “Quando diagnosticado precocemente, o câncer infantil tem taxas promissoras de cura superiores a 80%”, informa o médico. No entanto, ele diz que no Brasil ainda há desafios relacionados ao atraso no diagnóstico, muitas vezes devido ao desconhecimento dos sinais de alerta ou mesmo ao receio de se pensar na possibilidade de câncer. É importante reconhecer alguns sintomas de alerta, como:

· Hematomas e equimoses que aparecem rapidamente, associados a palidez e febre;

· Dor de cabeça persistente, acompanhada de vômitos e, por vezes, alterações na marcha ou no comportamento;

· Aumento progressivo dos linfonodos (ínguas) que não estão associados a processos infecciosos e não reduzem com o tempo;

· Aumento do volume abdominal ou a presença de uma massa (tumor) na barriga da criança;

· Aparecimento de uma mancha esbranquiçada na pupila quando exposta à luz, conhecida como leucocoria (o reflexo do olho do gato).

O especialista explica que esses são apenas alguns dos sinais, mas existem outros. “O câncer infantil tem cura e, para melhorar as chances de sucesso no tratamento, é fundamental que o diagnóstico seja feito de forma precoce”, enfatiza o hematologista, esclarecendo que, para isso, é necessário promover campanhas de conscientização sobre os sinais e sintomas precoces da doença, aumentar a disseminação de conhecimento sobre oncologia pediátrica, apoiar pesquisas e ampliar a rede de hospitais e centros especializados em tratamento do câncer infantil no país. “Fique atento à presença ou persistência desses sinais e, na dúvida, procure rapidamente um pediatra ou um hospital especializado”, alerta Teixeira.

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