Maristela Prado – A música brasileira está perdendo, há muito tempo, um time incomparável de artistas que fizeram nossa história. Quem nunca parou para cantar e lembrar de momentos com Tim Maia, Renato Russo, Cazuza, Gonzaguinha, Elis Regina, Raul Seixas, Belchior, Luís Melodia e tantos outros? Será que até hoje não nasceu mais nenhum talento como eles? O que temos hoje na nossa música?
O que vemos são cantores solos ou bandas que cantam em inglês. Pasmem! Pedem coisas novas, músicas com mensagens, de qualidade, brasileira. Se o cantor gravar uma ou outra música em outra língua, nada de errado, mas não me diga que quer novos talentos para a MPB que cantem em inglês. Não há mais, com raras exceções, artistas de qualidade, não há mais um Cazuza, um verdadeiro poeta da música. Hoje, o que vale é o que rende mais. Essa história de qualidade é jogada de marketing de alguns para não morrer na praia.
Muitas de nossas rádios sobrevivem com músicas antigas. Por onde andam nossos Osvaldos (Montenegro), Chicos, Nandos, Caetanos, Djavans, Gils e Betânias? Quando teremos de volta nossos Cazuzas, Renatos, Chorãos (CBJr), Tims e afins? Por quê no nosso Rock in Rio praticamente só tem músicos norte-americanos; e praticamente nada do nosso pop e rock?
Como sediamos um evento como esse e não temos artistas para mostrar? Será que realmente não temos uns tantos escondidos, mas que não encontram a oportunidade? Falta um olhar, uma aposta, naquilo que temos de mais lindo na música: a melodia da MPB, as letras que encantam, a empatia do artista com o público, mas pela qualidade.
Parece brincadeira lançar artista. A figura vem a um programa de televisão, conta uma historinha, chora e arrebenta com uma verdadeira porcaria de música e some. E assim segue. E o artista com música boa, com mensagens, será que realmente não tem? Talvez esse seja difícil fazer sucesso num país onde a vulgaridade é que tá na boca desses jovens que estão crescendo e aprendendo como destratar uma mulher.
É, resta-nos a saudade de um tempo em que a cultura era coisa séria. Ouvíamos músicas junto com nossos filhos sem medo de influenciar para o lado errado. Hoje, crianças cantam e dançam (com gestos obcenos, inclusive) com aprovação dos adultos. Nas festas tocam essas músicas, não temos nada novo para mostrar, estamos à mercê de um povo que não quer talento, quer rendimentos.
Nós nos contentamos com nossos CDs e vinis antigos, que ajudam a abafar um pouco a falta de qualidade à qual somos obrigados a conviver, já que há alguns anos só temos dois ritmos que dominam na Música Popular Brasileira. Triste.
* Maristela Prado é Bacharel em Letras e revisora de textos, casada e mãe dois filhos adultos. Leia mais no blog As Letras da Vida
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