As resoluções de ano novo na trilha da evolução de consciência

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* Luiz Fernando Lucas O processo de auto-observação é o primeiro passo no caminho da busca da integridade e invariavelmente conduz para a melhoria e para a consciência. Como diz a frase do filósofo Stefano D’Anna: “auto-observação é autocorreção”.  E, nesta auto-observação, acabamos por aprofundar nosso autoconhecimento.

Por isso, minha recomendação é que toda a resolução de começo de ano seja elaborada de forma a contribuir para o autoconhecimento de fato, não só na teoria, e seja construída com base na auto-observação. Nesse sentido, tudo aquilo que lhe aproxima de sua essência, de seu verdadeiro eu, daquilo é seu sonho real, vai te levar na direção da integridade.

Nesta autoanálise, é lógico que pilares da vida de cada – como questões de saúde, relacionamento, estudo, trabalho, remuneração, investimentos, alimentação, forma física, etc. – são importantes e devem ser sopesadas no momento de se definir as resoluções de ano novo. Mas mais do que incluí-las de forma protocolar na lista de resoluções, proponho que você avalie de fato o que te levou a algum tipo de progresso nas últimas vezes que parou para fazer isso.

Esta trilha não servirá apenas para ampliar sua consciência, mas para te fazer um ser humano melhor, corrigindo desde os equívocos mais evidentes aos erros mais profundos e sutis, sem punição ou martírio, mas na busca de uma evolução genuína, autêntica e nobre.

Aproveitar as resoluções de ano novo para avançar na trilha da integridade é essencial. A mais simples e profunda busca filosófica do ser humano por encontrar sentido na vida – e o próprio o sentido da vida, ou o tal propósito, como está na moda dizer atualmente –, vai se preenchendo quando utilizamos nossos ciclos de renascimentos, como aniversário, Natal, ano novo ou mesmo episódios difíceis para subir um degrau na escada da evolução.

Ou seja, não aproveitamos tais ocasiões apenas trabalhar metas e objetivos importantes para medir nossa realização, mas sim para buscar especialmente formas de medir se estamos a cada dia nos aproximando de nossos sonhos e propósitos ou nos afastando deles.

No fim do dia, a busca e o caminho da integridade serão mais efetivos e eficientes quanto mais cada um puder se sentir inteiro, completo, uno. E, para isso, alinhar pensamentos, emoções, palavras e ações só será possível com auto-observação e autoconhecimento, em um esforço contínuo de trabalho para a melhoria e a correção, criando uma espiral de evolução, numa escada de retorno à unidade.

Como exemplifiquei em meu ensaio sobre a Geometria da Integridade (disponível para leitura ou em vídeo em meu canal do YouTube), a evolução se dá pela união das polaridades, pelo integrar de masculino e feminino, luz e sombra, positivo e negativo, de maneira que se evolua horizontalmente no campo material e físico e verticalmente no campo espiritual e dos valores. 

            Dito tudo isso, como você avalia se suas resoluções de ano novo estão alinhadas à ideia de evolução e não são apenas objetivos pessoais? Levando em conta o seu sonho, seu propósito de vida. E, mesmo que você não saiba bem definir seus sonhos e propósitos, olhe para aquilo que te move, que te arrepia e te traz senso de realização, de sentido na vida, de que faria se dinheiro, tempo ou qualquer outro impeditivo não existisse em sua realidade.

Tendo essa ideia clara, cada item da sua resolução de ano novo deve contribuir para seu sonho, seu propósito mais profundo e nobre, e para sua missão, independentemente do que seja esta missão, especialmente se tratar-se de algo em que só você acredita – e não há nada de errado nisso, pelo contrário.

Essa é a avaliação a ser feita: suas resoluções vão contribuir, somar, ajudá-lo a estar mais pleno, completo? Vão te fazer mais feliz, em paz, equilibrado?

Além de atrelar suas resoluções de ano novo aos seus sonhos, uma boa métrica é também relacioná-las a valores absolutos. Assim, cada uma de suas resoluções deve contribuir de alguma forma para você se aproximar e se tornar mais um espelho de valores como a verdade, a confiança, a compaixão, a colaboração, a amizade, a serenidade, a prudência, a perseverança, a paciência – ou qualquer outro valor que lhe seja importante. Para resumir, suas resoluções vão auxiliá-lo a estar mais próximo da integridade?

Sabemos o quão difícil é nos modificarmos de forma profunda em aspectos que julgamos que precisam ser aprimorados. E, evidentemente, é impossível uma reforma completa de um dia para o outro – ou de um ano para o outro, como sugerem as resoluções desta época.

De maneira prática, recomendo a cada um poder elencar os pontos que fazem sentido melhorar no momento. Pense em quais pontos requerem o foco da auto-observação e avance, passo a passo, trabalhando neles na medida do possível.

Recomendo também que você escreva e crie seus próprios indicadores. Esse momento de resoluções de ano novo é muito individual, e uma reflexão mais ampla e conceitual vai ajudá-lo mais do que prender-se a limitações e fórmulas prontas.

De qualquer forma, enumero algumas dicas para você utilizar como referência:

1) Defina dois aspectos mais importantes que quer melhorar ou corrigir. Só a auto-observação já o levará para autocorreção e melhora;

2) Aumente o tempo dedicado a se autoconhecer, a se curar, a se integrar consigo próprio;

3) Estabeleça um plano de autoconhecimento para ter um roteiro que inclua livros, cursos e vivências, assim como mentorias e experiências reais que possam ser transformadoras;

4) Faça uma avaliação do seu momento e elenque prioridades para cada um dos sete passos do Caminho da Integridade (disponível no capítulo 6 do meu livro, ou no curso online Caminho da Integridade, que disponibilizo gratuitamente);

5) Faça sua roda das virtudes, ou seja, elenque os sete ou nove valores absolutos que pautam (ou que você gostaria que pautassem sua vida) e avalie-os num gráfico de radar. Analise o status atual de suas atitudes em relação a cada um deles e como você gostaria de chegar ao final desse ciclo;

6) O exercício mais poderoso é fazer o raciocínio do que você faria hoje, se dinheiro, tempo ou qualquer outra condição não o impedisse. Provavelmente, isso é o que deveria constar em suas resoluções de ano novo.

* Luiz Fernando Lucas é escritor e palestrante especializado em integridade, ética, ESG e compliance, autor do livro best-seller “A Era da Integridade – Homo Conscious – A Próxima Evolução”

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