As praias brasileiras e a Sustentabilidade

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* Lívio Giosa – Mais uma vez a alta temporada de verão é marcada pela profunda indignação da sociedade brasileira, frente a um problema que fica agora muito latente aos turistas que, aos milhões, invadem os 7.367 quilômetros do nosso litoral.

E os relatos destes inconvenientes são os mais variados:  dos detritos no mar infectado pelos coliformes fecais à sujeira externa nas praias, passando pela falta de políticas públicas permanentes nos diversos municípios do litoral do país.

Nesta reflexão situacional podemos depreender alguns diagnósticos:

a)   O problema da falta de saneamento básico no Brasil afeta sobremaneira esta percepção, pois o volume de visitantes exponencializa o uso das praias sem que haja quaisquer minimizações do impacto, nem com a construção de redes de esgotos, tampouco estações de tratamento.

O município de Santos, no estado de São Paulo, por exemplo, em 1978, construiu o primeiro e maior emissário submarino do país, um sistema de esgotamento sanitário, com pré-tratamento dos efluentes, depois lançados a uma distância de 4 quilômetros da costa, em alto mar.

Poucas cidades do Brasil e do mundo têm em operação este sistema, que também passa por todo um processo de análise e licenciamento ambiental.

Caberia às autoridades públicas municipais e estaduais se apoiarem neste modelo de solução e prontamente iniciarem projetos para a construção de vários outros emissários em diversas regiões do país;

b)    Programas de concessão intermunicipais poderiam ser desenvolvidos na área de saneamento. Com o novo marco regulatório aprovado, a iniciativa privada pode agora ser chamada para sugerir e adotar parcerias público-privadas de excelência para combater estes problemas, minimizando tal situação diagnosticada;

c)    A sujeira externa, nas areias das praias, é algo também altamente perceptível nestes momentos de uso intenso destes espaços Brasil afora.

E aqui, o óbvio é ululante: faltam educação ambiental à população e equipamentos urbanos que minimizem este tipo de percepção.

O lixo prolifera em dimensões volumosas e o usuário da praia não encontra local para acolher estes objetos.

A maioria das praias não tem o número ideal de lixeiras, que deveriam ser repostas em vários períodos do dia.

Também, nestes mesmos locais, as brigadas de limpeza das Prefeituras são programadas para fazer o asseio no início do dia seguinte, quando boa parte destes objetos já se encontra com as águas do mar…

Triste cena!

Em 1988, tive a oportunidade, como dirigente da Eletropaulo, de lançar no município de Praia Grande (SP) o Projeto “Movimento Onda Azul de Preservação do Litoral e Praias do Brasil”, idealizado pelo cantor e compositor Gilberto Gil.

Naquela oportunidade, já estava clara a necessidade de cuidarmos das nossas praias e estimular a educação ambiental com a conscientização da população e das autoridades públicas para o mal que já se projetava como grandioso.

Quem sabe, agora, este grito de alerta possa sensibilizar os agentes envolvidos.

O setor de serviços pode fazer a sua parte, especializando suas equipes de asseio, conservação e limpeza urbana.

Pode e deve ser mais proativo no debate com a população, inspirando a autoridade pública a cuidar da nossa “Amazônia Azul”, tesouro incalculável e maior centro de atratividade do turismo nacional.

Este ano teremos eleições municipais e esta temática deve ser uma das boas reflexões dos candidatos a prefeito e vereador.

Cabe à população perceber isto, acompanhar e cobrar o desenvolvimento de programas que minimizem esta situação.

É possível e mais do que necessário. Portanto, mãos à obra!

* Lívio Giosa é vice-presidente de Sustentabilidade da Cebrasse – Central Brasileira do Setor de Serviços e coordenador-geral do Instituto ADVB de Responsabilidade Socioambiental

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