Da Redação – Um dos maiores nomes da matemática no mundo recebeu, no Rio, pela segunda vez em quatro dias, a medalha Fields. A primeira foi furtada logo depois da premiação, em pleno Congresso Internacional de Matemática.
Coucher Birkar, acostumado com probabilidades, preferiu não se arriscar. Ao subir ao palco neste sábado (4), ele estava colado com a bolsa que perdeu na última quarta-feira (1º). Não se desgrudou nem na hora de receber, de novo, a mais alta honraria da matemática, equivalente ao prêmio Nobel. Era difícil dizer o que brilhava mais no palco: se a medalha ou os olhos do iraniano.
Há três dias, a premiação virou notícia no mundo. Coucher Birkar e outros três matemáticos receberam a medalha Fields no Congresso Internacional, que acontece no Rio. Mas meia hora depois, o iraniano descobriu que a dele tinha sido levada. Os organizadores encontraram só a bolsa e o celular. Nem sinal do prêmio, avaliado em cerca de R$ 15 mil. A polícia divulgou fotos e vídeos dos dois suspeitos, mas até agora eles não foram identificados, nem localizados.
Ao receber de novo a medalha, Birkar fez até piada. Disse que depois do incidente ficou mais famoso. Com simpatia, minimizou o incidente, disse que viu coisas muito piores na vida e que se ele se desencorajasse com coisas pequenas como essa, não teria chegado onde chegou.
Birkar contou que logo depois que nasceu, começou a guerra entre Irã e Iraque, que durou oito anos, e a cidade dele ficava bem na fronteira – um alvo fácil, principalmente para os aviões que bombardeavam o lugar frequentemente. Curdo, driblou as guerras e a violência para se refugiar no Reino Unido, onde fez PhD em Matemática e se tornou professor da Universidade de Cambridge, uma das mais respeitadas do mundo.
Fora do palco, entre autógrafos e fotos com admiradores, o famoso Coucher Birkar já estava sem a bolsa. A medalha Fields, ou qualquer outro prêmio da União Matemática Internacional, só é entregue uma vez a cada premiado. Ninguém ganha duas medalhas, a não ser em casos extremos, como o que aconteceu no Rio. Birkar contou que guardou a medalha na mesma bolsa de antes, mas que, agora, as duas foram bem escondidas por ele. “Elas estão em um lugar secreto, muito secreto”, ele disse.
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