Da Redação – A Livraria e Espaço Cultural Alpharrabio, de Santo André, recebe nesta terça-feira (9), das 19h às 21h, a Conversa de Livraria com o escritor Cauê e o ilustrador Denis Pinho, seguida de lançamento do livro Contos do Trabalho. Os contos e crônicas contidos no livro, traduzidos para o francês, vagueiam pelo mundo do trabalho, e o descrevem, do ponto de vista do trabalhador, agente inconscientemente em busca da emancipação.
O autor, ex-operário, armado de ironia muito bem humorada, conversa sobre o cotidiano e o que considera a maior insanidade social de nossa história; o trabalho estranhado. Internacionaliza um grito pelo maior direito dessa classe; o direito ao não-trabalho.
Escritor e compositor brasileiro, recebeu em 2012 o Prêmio do Concurso Yoshio Takemoto. É também ensaísta e poeta, com predileção pelo hai-kai. Seu livro infanto-juvenil “Jean-Jacques Rousseau” – 2013 (Coleção Filosofinhos – Tomo Editorial), traz para o lúdico os escritos do filósofo genebrês. É também autor do livro “Contos de Trabalho, Capital e Cotidiano” – 2015, traduzido para o francês, que vagueia pelo mundo do trabalho, pelo ponto de vista do trabalhador.
Cauê palestra em faculdades, escolas e bibliotecas, tem um disco autoral (Diminuto – 2011), de música brasileira. Participou do Salão do Livro de Genebra 2015. Foi operário por 15 de seus 38 anos, declara-se economista social, tendo escrito a tese – “Desempenho Escolar e Aspectos Socioeconômicos da Educação Fundamental”.
Denis Pinho é artista autodidata, com experiência em ilustração infantil, computação gráfica, grafite, desenho artístico, pintura em tela, criação de personagens, cartoon e história em quadrinhos. Foi professor de desenho artístico e pintura em tela, atualmente participa de exposições e de eventos como grafiteiro.
Sobre o livro – “O trabalho estranhado é, provavelmente, a maior insanidade coletiva da humanidade. Que força negativa leva o trabalhador a marchar abobado, dirigindo-se suicida, ao pé-da-máquina a quem servirá de insumo, que irá consumi-lo por trinta anos, e então cuspi-lo, já sem sumo, a troco de enriquecer um igual? Os contos e crônicas contidos nesse livro vagueiam pelo mundo do trabalho, e o descrevem, do ponto de vista do trabalhador, agente inconscientemente em busca da emancipação. O autor, ex-operário, armado de ironia muito bem humorada, conversa sobre o cotidiano e internacionaliza um grito pelo maior direito dessa classe; o direito ao não-trabalho.” (orelha do livro)
“O livro Contos do Trabalho, de Cauê Borges, é uma crônica áspera da vida operária, dos homens e mulheres que labutam em seu dia-a-dia entre o inferno do trabalho e os lampejos de sociabilidade, solidariedade e luta.
Neste oscilar – verdadeiro pêndulo que caracteriza a história do labor – entre a criação e a servidão, entre a escravidão, mas também vislumbrando as possibilidades da emancipação, Cauê Borges desenvolve sua escrita e sua poesia do trabalho. Em suas palavras: “Com sua própria grana comprou a guitarra. Tocava todas as noites, sentia-se leve, realizado. Começou a usar o momento como lenha. Sonhava apenas com as quinze badaladas que encerravam seu castigo, para em casa sonhar com a guitarra.
Máquina nova, trabalho cansativo. Pega, coloca, aperta o botão. Retira, limpa e tudo de novo. Erraram. Máquina e homem. Pior para ele. Ela comeu seu braço. No movimento, algo tão violento que não decepou, arrancou o braço esquerdo, do ombro aos dedos, tudo estava perdido.”
Mas se o seu retrato do mundo fabril é contundente, é lá também que floresce o espaço da revolta, da rebeldia, da consciência da transformação: “Chamou-lhe atenção o título de um pequeno livro pendurado na estante giratória de uma banca de jornal – “Desobediência Civil”. Era tudo o que pensava. Para que sermos coniventes com um legalismo que financia a exploração humana? Onde o dever de serem obedientes àquilo? Benefício de alguns em detrimento de muitos.” E invoca o ato reflexivo: “O homem cria necessidades, o capitalismo cria necessidades. Não precisamos das coisas, precisamos precisar.”
Cauê Borges se rebela através de sua poética que nasce no chão da produção. O nosso operário-escritor (ou escritor-operário), ao percorrer tantas cenas da vida cotidiana, sonha com o u-topos, o não-presente, cuja transformação, entretanto, poderá aflorar através das múltiplas ações das forças sociais do trabalho em seu desenho polimorfo. Deve ser lido, então, por aqueles e aquelas que são a fonte de sua inspiração e sonham com a emancipação.
Serviço – Conversa de Livraria, nesta terça-feira (9), às 19h, na Livraria Alpharrabio (Rua Doutor Eduardo Monteiro, 151 – Santo André – (11) 4438-4358/ Grátis, livre)
Nenhum comentário on "Alpharrabio sedia hoje Conversa de Livraria e lançamento do livro Contos do Trabalho"