Programa, que foi abandonado pela antiga gestão e retomado pelo governo Filippi, mudou vidas de diferentes gerações de moradores e trabalhadores da cidade. Iniciativa foi transformada em política pública e atende adolescentes de 14 a 17 anos
Texto: Aline Melo – Fotos: Igor Andrade
Da Redação – O programa Adolescente Aprendiz foi instituído como política de estado em Diadema em 2021, com aprovação do projeto de lei, mas a iniciativa transforma vidas em Diadema desde 2000. A ação foi criada durante o segundo governo do prefeito José de Filippi Júnior e, durante os 14 anos de vigência, atendeu mais de 10 mil adolescentes.
Após oito anos de hiato, já que a antiga gestão abandonou o Adolescente Aprendiz, Filippi relançou o programa, agora garantido como política pública municipal. Em 2022, são mais de 600 jovens atendidos e muitas histórias de sucesso, superação e vitória acumuladas, para inspirar as gerações futuras.
Tamyres Cristina Nunes Maciel, 30 anos, moradora do Eldorado, viveu e ainda vive uma dessas histórias. Aos 14 anos, foi aluna da primeira versão do programa, e foi nas aulas que recebeu que sentiu sedimentar dentro do coração seu desejo de infância: ser educadora. “Minha mãe sempre conta que eu brincava de ser professora com as minhas bonecas”, relembra.
Foi por meio do Adolescente Aprendiz que ela soube sobre a vaga do seu primeiro emprego em uma universidade, que a levou a cursar gastronomia, e logo depois, pedagogia – está cursando o quarto semestre do curso – até voltar ao programa em 2022, agora como educadora. Ela faz parte do grupo de 20 educadores contratados pela Rede Cultural Beija-Flor, organização da sociedade civil escolhida por meio de edital para executar o programa na cidade. “Foi no Adolescente Aprendiz que me descobri, me conheci, conheci minha cidade, meu território”, afirmou Tamyres. “O programa me deu um norte e com certeza transformou a minha vida”, completou a educadora.
Além de parceira no projeto Adolescente Aprendiz, a Rede Cultural Beija-Flor conta com três polos de atendimento na zona sul de Diadema e já atendeu mais de 36 mil pessoas em 22 anos de atividades na cidade. “Oferecemos cursos profissionalizantes e diversas atividades no contraturno escolar”, explicou a diretora executiva da instituição, Ivone Silva.
A diretora do departamento de Educação Popular da Secretaria de Educação, Evelyn Cristina Daniel, lembrou que, quando era ela a educadora do programa e dava aulas para Tamyres, a jovem já se destacava pela iniciativa e espírito de liderança. “Ela era uma menina que incentivava os outros, positiva, engraçada, uma líder natural”, relembrou. Trabalhar com adolescentes e jovens, contou Evelyn, é a sua vocação. “O sentimento de ver uma ex-aluna atuando hoje neste mesmo trabalho é de realização”, conta.
“O perfil dos adolescentes que a gente atende é de pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica. Com certeza o que fazemos no Adolescente Aprendiz é dar uma perspectiva de futuro para eles”, afirma Evelyn. “Adolescentes que são pura potência, mas que por serem em sua maioria pobres, pretos e periferias, encontram mais dificuldades de entrar no mercado de trabalho”, completou.
Completando uma verdadeira tríade de empenho, vitória e esperança, Esther Medeiros Santos, 15 anos, é aluna de Tamyres, no polo do programa que funciona na Vila Joaninha. Assim como a educadora que hoje a auxilia, Esther conta que tem sido durante as aulas do Adolescente Aprendiz que ela tem aprendido a se conhecer e não desistir dos seus sonhos, como cursar engenharia e conhecer Paris. “Antes me preocupava muito com o que os outros pensavam sobre mim. Hoje me sinto mais segura e sei que preciso correr atrás do que quero”, afirmou.
O PROGRAMA
O programa Adolescente Aprendiz faz parte da política de educação integral da Secretaria de Educação. Oferta dois módulos distintos, o Primeiro Passos, para quem tem 14 e 15 anos, e o Travessia, para alunos de 16 e 17 anos. As aulas, no contra turno escolar, ofertam mentorias e aprendizado em diferentes eixos, como saúde, cultura, informática, étnico-racial, entre outras áreas. As duas etapas contam com auxílio para os estudantes, sendo R$ 150 para a parte inicial e R$ 300 para a parte final. As inscrições para a nova turma serão abertas em 2023, quando serão ofertadas 1.400 vagas. Para 2024, a previsão é de 2.100 oportunidades.
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