* Caio Bruno – Utilizado no Brasil de forma institucionalizada desde os tempos do governo Washington Luis em 1927 com o Conselho de Defesa Nacional e fortalecida durante a Ditadura Militar (1964-1985) com a criação do SNI (Serviço Nacional de Informações) o serviço secreto é peça-chave dos países e cumpre requisitos constitucionais visando a preservação da unidade da Federação e segurança nacional.
Extinto por Fernando Collor em 1990, o “monstro” (expressão cunhada por seu idealizador o General Golbery do Couto e Silva) se especializou durante sua existência em espionagem interna mapeando, acompanhando e produzindo dossiês contra pessoas que se opunham ao regime militar, abastecendo outros órgãos de Estado formais (como a Presidência, Forças Armadas, DOI-CODI e DOPS) e informais como a famigerada OBAN (Operação Bandeirante) levando a dezenas de prisões e mortes. Desde 1999, o serviço secreto nacional atende pela alcunha de ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) e tem trabalho tímido.
Entretanto, os arapongas, como eram chamados os agentes espiões, parecem ter retornado à cena no Ministério da Justiça e Segurança Pública do Governo Jair Bolsonaro. Notícia publicada pela imprensa nos últimos dias afirma que a SEOPI (Secretaria de Operações Integradas), órgão da pasta, produziu 579 dossiês de servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo” e três professores universitários, inclusive com fotos, links das redes sociais e endereços.
Confrontado com o caso, o ministro André Mendonça não nega e nem confirma a ação, titubeando nas respostas. Como forma de tentar diminuir a repercussão instaurou sindicância e demitiu o secretário da SEOPI. O chefe da pasta continua na mira sendo chamado para prestar depoimentos na Câmara e tendo que se explicar no STF, corte que almeja integrar com indicação do presidente.
É dever da sociedade questionar e exigir esclarecimentos totais em um caso como esse em que há a suspeita de que um órgão de Estado seja utilizado para fins políticos do governo de plantão que atentam contra a ordem democrática em ação totalmente característica de estado policialesco. Será a volta do velho e nada bom SNI? Tomara que não.
* Caio Bruno é jornalista, pós-graduado em Comunicação e especialista em Marketing Político. www.caiobruno.com.br
Ora pois prezado jornalista Caio Bruno ! Vamos ser sinceros com os leitores ??? Eu não defendo nenhum tipo de ideologia (esquerda ou direita) pois como brasileira aos 60 anos (dos quais 57 morei no Brasil) e hoje moro num país europeu há 03 anos, que é governado por um parlamento socialista, vejo poucas diferenças, quiçá nenhuma, entre as práticas coercitivas e antidemocráticas de ambas as vertentes. Não há prova concreta e oficial do que narra o seu artigo acima. Contudo há que se lembrar que, s.m.j, oficialmente em 19/08/2008 através do Decreto Presidencial 6540, o então Presidente da República Sr. Luis Inácio Lula da Silva, redefiniu o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). criando uma central de investigações dentro do sistema e determinava o compartilhamento dos bancos de dados desse órgão do governo, como a Polícia Federal e o Banco Central. Esse decreto foi combatido pelo Decreto Legislativo 861/08 de autoria do então Deputado Federal José Anibal em 17/09/2008, sob alegação de que a estrutura proposta no Decreto Presidencial tinha semelhanças com o extinto SNI da Ditadura Militar.