* Gabriel Clemente – O cenário do Oriente Médio não é para amadores. Aliás, nunca foi. Trata-se de uma região do mundo comparada a uma ‘colcha de retalhos’.
Alvo de interesses econômicos há décadas, sobretudo do Ocidente, devido à alta produção de petróleo e por ser um mercado importador, a questão religiosa é, apenas, um ‘pano de fundo’, um ‘plus’ que aquece ainda mais esse ‘barril de pólvora’.
O maior aliado dos EUA ali trata-se de um território milenar, porém, um Estado relativamente recente sob o ponto de vista do reconhecimento da comunidade internacional.
Israel, comandado há tempos pelo premiê Benjamin Netanyahu, é o maior parceiro estadunidense na área, estado judeu cercado por ‘inimigos’ árabes muçulmanos que, além das disputas territoriais, acirram as suas ‘diferenças’ no tocante às questões de crenças religiosas.
A Arábia Saudita, uma monarquia antiga, segunda maior parceira dos EUA, segue a linha do Islamismo sunita. Daí a sua rixa com o Irã, país teocrata xiita desde a queda do Xá Rezah Palevi, envolvido, novamente, em mais um conflito recente com os americanos.
Alguns países árabes envolvem-se em celeumas com o Ocidente, mais precisamente com os membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar ocidental, há tempos.
Agora, os inimigos norte-americanos naquela região gozam do apoio, ainda que meio velado, da Rússia de Putin e da China, a segunda maior economia do mundo, longe de ser comunista, embora esse partido ainda ‘dê muitas cartas’ por lá.
O fato é que vivemos uma nova Guerra Fria contemporânea, depois da queda do Muro de Berlim, há 30 anos, sobretudo em razão de interesses geopolíticos por ali.
Na verdade, as questões culturais, embora possuam alguma relevância, tratam-se mais de ‘pretextos’ para justificarem as disputas econômicas.
Sem dúvida, a situação americana é bem confortável. Maior potência econômica e militar do planeta, o ‘Tio Sam’ ainda desfruta da lealdade dos sauditas e dos israelenses para fazer valer seus interesses. Certamente, não encontrará muitos transtornos, com exceções de prováveis ataques terroristas, aqueles sem aviso, de surpresa, única maneira de, talvez, intimidar, inibir.
A própria América Latina já deu uma guinada ‘à direita’, depois das últimas eleições presidenciais, alinhando-se às filosofias do ‘sonho americano’, com medidas protecionistas avessas ao que prega o conceito ‘ipsis literis’ de globalização.
Nessa nova guerra ideológica, parece que, inevitavelmente, prevalecerá as vontades daqueles que, mesmo rotulados de ‘opressores’, defendem uma maior liberdade em vários segmentos sócio-econômicos.
Apesar de enfrentar resistências ferozes, mesmo dentro dos EUA, Trump parece saber jogar bem e seguir as regras pragmáticas desse ‘xadrez’ político.
Ele não será impichado. Por quê ? Simplesmente por que a última palavra cabe ao Senado e, lá, ele ‘dá as cartas’.
Ainda me arrisco a dizer que será reeleito e fará prevalecer os seus desejos.
* Gabriel Clemente é jornalista graduado pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Atuou como assessor de imprensa político, repórter da Rádio ABC e assistente de Comunicação Institucional do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA).
Gabriel, análise muito bem descrita. Realmente é um problema complexo, além de ser histórico.
Excelente e temerosa reflexão.