* Joyce Capelli – Em meio à pandemia do coronavírus, falou-se pouco sobre uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada no último dia 21 de agosto, que revelou dados sobre hábitos alimentares dos brasileiros.
Os resultados precisam ser cuidadosamente pensados, pois apontam que a alimentação do brasileiro perdeu qualidade nutricional. Em 10 anos, caiu o consumo de produtos in natura ou minimamente processados, como frutas e vegetais, enquanto aumentou a ingestão de alimentos processados e ultra processados, como pizzas, salgadinhos e adoçante. Em menor quantidade, está mantido o consumo do básico arroz, feijão e carne.
A pesquisa apontou também que o brasileiro manteve o hábito de adicionar açúcar em bebidas e alimentos e colocar sal em preparações prontas.
Outro dado alarmante é que os adolescentes brasileiros comem mais produtos de baixo valor nutricional do que adultos e idosos. Os jovens consomem quatro vezes mais biscoitos recheados do que adultos e 16 vezes mais do que idosos. Além disso, o consumo de salgados entre adolescentes é maior do que em adultos e quase o dobro do observado em idosos.
Essas informações foram levantadas entre 2017 e 2018 na Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada em 57,9 mil domicílios. Desse total, 20,1 mil pessoas responderam sobre consumo alimentar e, durante 24 horas, registraram todos os alimentos consumidos e suas respectivas quantidades.
No Instituto Melhores Dias é constante nossa busca por meios para uma melhor alimentação e hábitos mais saudáveis e sustentáveis de vida para os brasileiros. Infelizmente, o IBGE revela que o povo segue na contramão disso. É preciso rapidamente intensificar ações educacionais voltadas para uma alimentação saudável, que previnam a formação de uma geração de adultos obesos e com problemas nutricionais. Esse futuro indesejado lotará ainda mais os sistemas públicos de saúde, indiferentemente a causas excepcionais como o surto viral que nos acometeu nos últimos meses.
O Brasil tem os elementos para oferecer oportunidades alimentares mais saudáveis à população. É necessário haver motivação e incentivo a isso. Em nossos programas no IMD promovemos a construção de hortas escolares e domiciliares, falamos sobre o aproveitamento total dos alimentos e sobre os danos causados pelo ciclo de industrialização dos alimentos in natura.
São informações que precisam ser amplificadas. Nossa população carece de maior atenção do Estado e organizações, como o nosso Instituto, precisam de apoio de empresas e fundações. É uma luta árdua que precisa ser brevemente travada.
* Joyce Capelli é presidente do Instituto Melhores Dias
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