A expectativa de todos que acompanham este caso é pela provável abertura dos negócios e transações envolvendo o ex-assessor e a família Bolsonaro
Crédito-foto: Site Fotos Públicas
Mari Tavares – A pequena cidade de Atibaia, no interior de São Paulo, voltou a ser manchete na manhã desta quarta-feira, 18 de junho. Finalmente, após quase um ano de buscas, a pergunta mais frequente das redes sociais, “Cadê o Queiroz?”, finalmente, foi revelada. Fabricio Queiroz foi encontrado nesta quinta-feira, na casa do advogado Frederick Wassef, em Atibaia, que é advogado de Flávio Bolsonaro neste caso.
Policial aposentado, Queiroz foi motorista e assessor de Flávio Bolsonaro, ex-deputado estadual e hoje senador pelo PSL (RJ), até 2018 quando foi exonerado. Entrou na mira da Polícia, após o relatório de 2018 do Coaf (Conselho de Atividades Financeiras) mostrar que 74 servidores e ex-servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) apresentavam em suas contas bancárias movimentações frequentes, e atividades consideradas suspeitas.
No caso de Queiroz, chamou atenção o movimento de R$ 1,2 milhão entre os meses de janeiro de 2016 e janeiro de 2017, entre depósitos e saques. As suspeitas remetiam à pratica ilegal de “rachadinha”, onde parte dos salários dos servidores era repassada a Flávio Bolsonaro. As investigações foram suspensas por duas vezes por decisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do próprio Flávio Bolsonaro.
Um cara de sorte…!
Na primeira entrevista de Queiroz ao SBT, em 26 de dezembro de 2018, quando seu nome já aparecia nas investigações, o ex-assessor recorreu à sorte para justificar a movimentação financeira em suas contas. “Eu sou um cara de negócios. Eu faço dinheiro. Eu faço assim, eu compro, revendo, compro, revendo… compro e revendo carros. Eu sempre fui assim. Eu gosto muito de comprar carro em seguradoras. Na minha época, lá atrás, comprava um carrinho, mandava arrumar, vendia. Tenho segurança”, disse.
Além de demonstrar ser ótimo em negociatas, Queiroz também faz questão de demonstrar que goza de um poder extremo junto à família Bolsonaro, revelando conhecimento sobre a quantidade de cargos disponíveis tanto na Câmara quanto no Senado.
Num áudio vazado pela polícia, datado de 24 de outubro de 2019, Queiroz fala a um interlocutor que no gabinete de Flavio Bolsonaro, no senado, tem uma “fila”, para preencher os cargos comissionados. Diz ele: “Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara e no Senado”, disse. “Vinte continhos aí pra gente caía bem”, confidenciou.
A história de Fabricio Queiroz está entrelaçada com a da família do presidente há mais de 20 anos. Em 2000, Fabricio trabalhou como motorista e segurança de Flávio, cargo que ocupou por dez anos e proporcionava a ele uma renda de R$ 8.517 mensais, mais R$ 12,6 mil de aposentadoria da Polícia Militar.
Essa aproximação de longa data, talvez, explique a importância de sua prisão. E que todos contam com a sua colaboração para o esclarecimento dos fatos. Se a pergunta antes era “Cadê o Queiroz”, ela passa a ser “O que o Queiroz tem a revelar, e/ou a explicar?”
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