* Domingos Orestes Chiomento – Que nos perdoem os engenheiros, já que somos profissionais da Contabilidade, mas nesse contexto, o significado figurado desta expressão nos remete ao momento histórico que vivemos, quando milhares de pessoas, em todo o mundo, quebram o isolamento social, principal medida de combate ao coronavírus, e saem às ruas para protestar contra o racismo, após a morte de George Floyd, cidadão negro sufocado por um policial branco em Minneapolis, nos Estados Unidos, no dia 25 de maio.
Construir um muro, à primeira vista, parece ser mais fácil – definido o material e o local, é só começar a subir. Vejamos o caso do Muro de Berlim, uma barreira física edificada na madrugada do dia 13 de agosto de 1961, que circundava toda a Berlim Ocidental (capitalista), separando-a da Alemanha Oriental (socialista). Este muro simbolizava a divisão do mundo em dois blocos.
Fato é que nos 28 anos de sua existência, estima-se que milhares de vidas tenham sido perdidas, na tentativa de burlar as barreiras do muro. E a ideia de muro é essa mesmo: criar e estimular o preconceito, que é a porta de entrada para o individualismo, a solidão, a exclusão e o desrespeito.
E o “muro” de que falamos não é só físico. Infelizmente, ele está na mente das pessoas. E não é erguido só contra negros. Ele é visualizado na violência contra as mulheres, na intolerância por etnia, raça, gênero, orientação sexual, religião, idade, nacionalidade, condição social, deficiência física e tantas outras condições transformadas em motivos para preconceitos e violências.
Já construir pontes é mais difícil, exige uma engenharia mais elaborada, cálculos precisos, material de excelente qualidade, e mão de obra especializada. A Contabilidade, na condição de Ciência Humana, mas também dos números, se preocupa com vidas, uma vez que o patrimônio e o dinheiro só fazem sentido se existirem pessoas para utilizá-los.
Então, são para as vidas que trabalhamos. Pois são as pontes construídas entre as pessoas que nos possibilitam aprender, crescer e nos desenvolver, em uma convivência harmoniosa com o próximo.
Assim, ao invés de muros, vamos construir pontes, abrindo portas para nós mesmos e para os outros!
O motivo do assassinato de Floyd foi uma nota falsa de 100 dólares. Ora, será que o dinheiro é mais importante que a vida?
Diante dos fatos recentes, mesmo sabendo que os muros dos preconceitos, da intolerância e da violência são antigos, a Academia Paulista de Contabilidade – APC convida os Acadêmicos, os profissionais da Contabilidade e as pessoas em geral, a refletiram sobre a construção de pontes de tolerância, paz e amor ao próximo, pois assim estaremos melhorando a economia, o mundo e a nós mesmos.
Pois vidas importam, e muito!
* Domingos Orestes Chiomento é Presidente da Academia Paulista de Contabilidade
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