Vereadora também criticou ‘pronunciamento irresponsável de Jair Bolsonaro’
Da Redação – A vereadora Professora Bete Siraque repudiou nesta quarta-feira (25) a orientação do presidente Jair Bolsonaro de acabar com o isolamento social para combater a proliferação do coronavírus no país. Para a parlamentar, a decisão do mandatário criminaliza a única ação eficaz até o momento contra a propagação do vírus e contraria a determinação da Organização Mundial da Saúde.
“Nós sabemos que a única forma de combater o vírus é ficando em casa neste momento. Em uma atitude irresponsável, Bolsonaro contraria todos os especialistas, inclusive seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta”, destacou a vereadora.
Nesta terça (24), Bete Siraque, em uma live transmitida por suas redes sociais, conversou com o médico sanitarista e ex-secretário de Saúde de Santo André, Dr. Homero Nepomuceno, que também enfatizou a importância do isolamento social para conter a propagação do vírus.
“Hoje nossa única vacina contra o coronavírus é o isolamento social para evitar que aconteçam muitos casos e evitar também que nossa rede de saúde, já combalida, seja pressionada pelo aumento rápido da demanda. Quem sabe mais adiante, quando houver mais recursos, poderemos relaxar essa medida. Agora, estamos em um momento complicado, com profissionais sob risco, sem médicos, sem equipamentos. Precisamos efetivamente da contrapartida dos governos federal e estadual dando o que é necessário para quem está na ponta fazendo o serviço e em contato com a comunidade”, afirmou o médico.
Com 30 casos confirmados de Covid-19 e 980 em investigação na região, Homero explicou que o número de pessoas infectadas pode ser ainda maior por conta da ausência de testes em Santo André e outras cidades brasileiras. “Como esses resultados também demoram muito, de 15 a 20 dias, temos dados subestimados, dificultando as informações e o planejamento das cidades, além de causar o afastamento de pessoas sem necessidade, já que não há como fazer um diagnóstico preciso. A chegada desses testes rápidos vai ser fundamental para que sejam traçadas estratégias de controle dessa epidemia. Mas enfatizo: não foram adquiridos, são caros e a indústria nacional não tem hoje condições de fabricá-los”, destaca o especialista. Bete Siraque lembrou que já protocolou um requerimento solicitando que a Prefeitura de Santo André divulgue qual o estoque de testes disponível na cidade.
Recursos para a Saúde
Durante a conversa com o sanitarista, Bete Siraque demonstrou sua preocupação com a falta de recursos para contratação de profissionais e aquisição de materiais para a Saúde. “Não vemos do Governo Federal iniciativas que de fato que se preocupem com estados e municípios na distribuição desses recursos. Pelo contrário, veio uma MP retirando direitos dos trabalhadores e na contramão de tudo o que deveria ser feito em um momento de luta por sobrevivência. Hoje, a gente vê a necessidade de terem sido feitos investimentos na saúde e agora, em um momento de pandemia, com a necessidade da compra desses testes rápidos. O que é preciso agora são testes, leitos e médicos”.
A vereadora também falou com o especialista sobre as medidas adotadas por estados e municípios contra o coronavírus como comércio fechado e restrições no tráfego de ônibus, que têm trazido preocupações econômicas: “O (ex-presidente) Lula disse ‘primeiro a gente cuida das pessoas, depois da economia’. Se não cuidarmos das pessoas, vamos viver o caos”, disse, antes de lembrar a proposta da bancada do PT de que seja estabelecido um seguro quarentena de R$ 1.045, seguindo exemplo de outros países, para as pessoas terem condições de sobreviver. “Ninguém quer que a indústria acabe, que o comércio acabe, mas é preciso entender que se não tomarmos os cuidados necessários não vai ter gente para contar a história. Por isso, também protocolei um projeto de lei que cria o que estamos chamando de abono quarentena, voltado para a população mais vulnerável, para que possa cumprir o isolamento.”
Na avaliação de Homero estamos em “uma via de mão dupla. Sendo bem feita nossa lição de casa nesse início, com sucesso do controle da epidemia nesse começo, chegando equipamentos e testes, daqui 15, 20, 30 dias, teremos informações confiáveis sobre como essa epidemia está se desenvolvendo no Brasil, proporcionando até mesmo a possibilidade de uma estratégia adequada para o relaxamento do isolamento social. Não podemos cometer o erro que a Itália cometeu, o que poderia causar isolamento de 60, 90 dias. Aí a economia não vai aguentar”.
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