Em nota, ABIA repudia Bolsonaro por disseminar a ignorância com falsa associação entre AIDS e vacina contra a Covid-19Palavra de Internauta
O Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, merece uma reflexão profunda de toda a população sobre o uso desse recurso cada vez mais escasso. Apesar de contar com mais de 10% da água doce do planeta, 80% desse valioso bem natural está concentrado na bacia do Rio Amazonas. Portanto, distante da maioria da população brasileira.
O uso múltiplo da água impõe um debate sobre a responsabilidade e os custos para cada setor. Os recursos hídricos têm papel fundamental na agricultura e respondem também por parte significativa da geração de energia, sem falar do uso intensivo na indústria. Ainda temos que lembrar do abastecimento à população. Portanto, sem água, mais do que criar uma crise para a comunidade, teremos um forte impacto econômico nas mais diversas cadeias produtivas. Uma prova disso é que qualquer empresa leva em consideração a disponibilidade de recursos hídricos para a escolha de um município onde se instalar.
A gestão dos recursos hídricos é um passo que ainda estamos caminhando lentamente, mas que vai ser cada vez mais fundamental para a oferta frequente desse bem. As cidades não podem trabalhar isoladas na gestão hídrica. Os comitês de bacias hidrográficas são um exemplo de avanço, agregando todos os municípios banhados por determinado curso de rio, inclusive de diferentes estados.
As regiões brasileiras têm diferentes demandas e oferta de água. Se o recurso hídrico é abundante no Amazonas, no Nordeste e mesmo no Sudeste há períodos de estiagem capazes de comprometer até o abastecimento para a população.
Por isso, é preciso transformar o saneamento em uma política de Estado, que tenha continuidade independentemente da cor partidária do político de plantão. O Estado precisa prever um planejamento de curto, médio e longo prazos, capazes de atender às demandas que se ampliam a cada ano.
Um outro desafio é trabalhar para uma maior eficiência das operadoras, utilizando-se da competência da engenharia consultiva disponível no país, com preços alinhados aos reais custos, e que permita investimentos constantes na melhoria da qualidade dos serviços prestados.
As autoridades precisam ter pulso firme na gestão da água. Os momentos de escassez, inclusive na maior região metropolitana na América Latina, foram um recado de que os nossos recursos hídricos podem faltar nos momentos que mais precisamos. Mas ainda temos tempo para mudar este cenário.
Luiz Pladevall é engenheiro, presidente da Apecs e vice-presidente da ABES-SP
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