Da Redação – Após ter revelado que o presidente Jair Bolsonaro havia usado seu celular pessoal para compartilhar um vídeo convocando a população para manifestações contra o Congresso Nacional, no dia 15 de março, a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura e do jornal Estado de São Paulo, teve seus dados pessoais expostos e foi vítima da criação de um perfil falso em uma rede social.
A jornalista também recebeu ameaças e foi ofendida, com frases machistas e misóginas, por apoiadores do presidente. Segundo o Estadão, foi criada uma conta falsa no WhatsApp em nome de Vera Magalhães, e mensagens fraudadas foram distribuídas em outras redes sociais. Também houve compartilhamento de uma cobrança de 2015 do colégio onde estudam os filhos da jornalista, colocando em risco a integridade física de sua família.
Até o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, provocou a jornalista pelas redes sociais. “Esse é o abismo que separa não o Presidente de você, Vera. Mas sim a bolha em que você vive da percepção da população em geral. Se houvesse uma bomba H no Congresso você realmente acha que o povo choraria? Ou você só faz isso para tentar criar atrito entre o Presidente e o Congresso?”, escreveu.
“O jornalismo profissional já enfrentou resistências desse tipo em outros governos, mas a escala e virulência são inéditos e procuram colocar em xeque a própria existência da imprensa livre”, disse Vera.
Em nota, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) disse que considera a exposição de dados pessoais uma forma de ameaça a jornalistas e um constrangimento à liberdade de imprensa. “Divulgar este tipo de informação pessoal é um constrangimento e, embora possa não ser considerado uma ameaça do ponto de vista jurídico, é obviamente uma forma de ameaçar a jornalista. A divulgação de documentos é um método clássico de ameaçar ou incentivar alguém a atentar contra uma pessoa. Do ponto de vista da Abraji, é mais um ataque dos apoiadores do presidente contra jornalista. Pela recorrência, isso está se tornando uma questão crítica”, disse o presidente da associação, Marcelo Träsel.
Vera lembrou que os ataques são sempre mais violentos quando feitos contra mulheres. “O objetivo é tirar nossa credibilidade. É algo que não acontece em relação a jornalistas homens”, disse. Até a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que é da base de apoio do presidente Bolsonaro no Congresso, classificou os ataques à Vera como algo ‘abominável’.
“Hoje não é sexta mas eu antecipei o #FF por motivos de: pq sim, pq é preciso. #FF sempre para a jornalista Vera Magalhães, uma das melhores do país. E mulher. Repúdio total a ataques inaceitáveis e agressões lamentáveis a ela, ao jornalismo profissional- que revela e informa”, escreveu Andreia Sadi.
A jornalista também recebeu apoio de colegas de profissão. “O velho truque de atacar o mensageiro. O próprio presidente confirmou a informação da Vera, quando disse que compartilhou o vídeo em suas redes pessoais. O jornalismo, ainda bem, não está em extinção”, escreveu Malu Gaspar.
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