Tratamento universal para HIV aumenta sobrevida e reduz contágios

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Da Redação – Em um período de 4 anos, a universalização do tratamento para HIV/Aids conseguiu evitar 2,5 mil mortes pela doença no Brasil. O País é referência internacional no combate ao vírus, dado o sucesso das estratégias de resposta brasileiras à doença. O Brasil foi um dos primeiros – e o único, de sua dimensão populacional – a adotar a distribuição gratuita dos medicamentos para a Aids a toda a população afetada, em 1996.

Em 2014, houve mais um avanço. A notificação para infecção pelo HIV passou a ser obrigatória e, desde então, o tratamento é oferecido a todas as pessoas que vivem com o vírus. Anteriormente, apenas quem já havia desenvolvido a síndrome podia ser tratado.

É o que explica o diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Gerson Pereira.

“Até 2014, nós tínhamos tratamento para AIDS. A partir de 2014, nós começamos a tratar todos. Com isso, nós reduzimos os casos de AIDS e reduzimos também a mortalidade. Com esse tratamento para todos, a intenção é que a gente possa diagnosticar todos e, claro, o mais precocemente possível. E, se eu diagnostico uma pessoa com HIV e ela inicia o tratamento, certamente ela não vai evoluir para AIDS”.

Outro benefício proporcionado pelo tratamento universal é o aumento da sobrevida em pacientes diagnosticados. No início das ações de combate à epidemia, uma pessoa soropositiva vivia cerca de 5 anos após o diagnóstico. Com a universalização da oferta pelo SUS, a média de sobrevida é maior que 12 anos. Contudo, coordenadora-geral de Vigilância das ISTs do Ministério da Saúde, Angélica Espinosa, ressalta que esses avanços não são motivo para a população deixar de temer a Aids.

“Hoje, a sobrevida de um paciente que vive com HIV é muito maior do que era na década de 90. Mas, devemos continuar nos preocupando. Aumentar a sobrevida é ótimo, mas o risco de transmissão da doença continua existindo. Agora, nós precisamos trabalhar exatamente nesse ponto.”

Além de impedir o desenvolvimento da Aids e melhorar a qualidade de vida dos pacientes soropositivos, o tratamento também permite que a pessoa infectada pelo HIV deixe de transmitir o vírus. Isso acontece porque os medicamentos reduzem a quantidade de vírus presente no sangue. A redução chega até a taxa chamada de “indetectável”, que é baixa o suficiente para não mais ser contagiosa, enquanto o portador da infecção persistir no tratamento.

O brasiliense João Geraldo Netto, de 37 anos, é uma das pessoas beneficiadas com a universalização do tratamento. Ele vive com HIV desde os 26 anos, quando descobriu que estava infectado por ter feito sexo sem proteção. Nos primeiros 8 anos após o diagnóstico, por não ter desenvolvido a síndrome, ele não podia fazer o tratamento. Com a mudança do protocolo, foi contemplado e agora comemora.

“Antes do tratamento, eu sempre sentia uma angústia de me ver adoecendo a cada exame. Depois que eu pude tomar o medicamento, me deu uma tranquilidade muito maior, porque eu saí daquela angústia para uma esperança. A partir de então, eu estava vendo que a minha saúde ia melhorando. Além disso, com os estudos que falaram que eu não transmitia o HIV, enquanto eu fazia tratamento, fui ficando cada vez mais feliz.”

Até o fim do ano passado, a previsão do Ministério da Saúde era finalizar a entrega de 12,1 milhões de testes rápidos de HIV. Os resultados saem em menos de 30 minutos e, caso o diagnóstico seja positivo, o paciente poderá iniciar o tratamento.

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