Atendimento a vítimas de violência autoprovocada é tema de evento em Diadema

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Encontro regional inicia ciclo de oficinas sobre automutilação e suicídio para qualificação de profissionais que atendem esse público

Da Redação – Na manhã desta quinta-feira (21/11), Diadema sediou o 1º Encontro Regional do Projeto “Ciclo de Oficinas para o Fortalecimento da Rede Assistencial para Casos de Vítimas de Violência Autoprovocada – Prevenção e Manejo Clínico”, promovido pelo

Grupo Técnico Regional do ABCDMRR do Núcleo de Educação Permanente e Humanização do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. O evento foi realizado no auditório do Centro de Especialidades Quarteirão da Saúde e reuniu aproximadamente 200 trabalhadores de saúde da região.

O tema foi uma sugestão de Diadema frente ao aumento do número de suicídios e automutilações na região e do desafio do tratamento e da compreensão do processo como um fenômeno social. No primeiro semestre de 2019, Diadema registrou 658 notificações de violência autoprovocada, como automutilações, suicídios e tentativas. Em 2017, foram 714 e, no ano passado, 976 casos.

“Quando se fala de violência autoprovocada, é preciso falar de uma questão que é a morte. E quando você começa a qualificar tecnicamente o cuidado em saúde, o profissional vai se sentindo mais seguro, mais aberto para escutar esse sofrimento, identificar o risco e articular a rede. Porque esse cuidado tem que ser feito em rede e não apenas em um ponto ou serviço específico”, afirmou a coordenadora de Saúde Mental do município, Denise Miyamoto de Oliveira. A mesa de abertura foi composta ainda por Christiane Laporta, do Núcleo de Educação Permanente e Humanização (NEPH) do Departamento Regional de Saúde; Mônica Engelman, representante do Centro de Apoio Regional à Saúde (CARS); Flavius Augusto Olivetti Albieri, secretário adjunto de Saúde de Diadema; e Luiza Endo, representante de Diadema no NEPH e diretora de apoio assistencial do Hospital Municipal de Diadema.

O evento faz parte do Plano de Ação Regional de Educação Permanente em Saúde (PAREPS), que promove formação para os trabalhadores da área. A partir desse primeiro encontro, serão realizadas oficinas municipais nos meses de janeiro, fevereiro, abril e maio e regionais em março e junho. Os encontros têm a presença de facilitadores para compreender os desafios locais, discutir possibilidades de acolher e intervir em situações de suicídios e automutilações.

A programação do encontro reuniu palestras, apresentação do Coral Humaniza Som da Secretaria da Saúde e reunião com facilitadores.

Informação

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio representa 1,4% das mortes em todo mundo, cerca de 800 mil casos, por ano. Na América, são aproximadamente 65 mil suicídios por ano. Além disso, é a segunda causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos de idade.

Esse é um fenômeno que vem crescendo ao longo dos últimos anos. No Brasil, é a terceira causa de mortes entre os homens e a oitava causa para as mulheres. “O suicídio é multifatorial, tem múltiplas causalidades e não uma única causa. O indivíduo não quer acabar com a vida, ele quer acabar com o sofrimento. Estamos em uma sociedade adoecida e que não sabe falar da dor e da morte”, explicou a palestrante e psicóloga clínica e hospitalar, Fernanda Rezende.

A psiquiatra e coordenadora de Saúde Mental de São Caetano do Sul, Flávia Ismael Pinto, alerta que a maioria dos indivíduos que cometem suicídio tinha um transtorno psiquiátrico. “O manejo clínico é feito de acordo com o risco de tentativa de suicídio. Nós temos que dar suporte adequado e humanizado porque cada suicídio gera um sério impacto na vida de pelo menos outras seis pessoas”, enfatiza.

Entre os fatores de risco para suicídio estão tentativas prévias, doenças clínicas crônicas e debilitantes, conflito em torno da identidade sexual, luto recente, história familiar, maus tratos, abuso físico e sexual, conflitos familiares, falta de apoio, desesperança, impulsividade, viver sozinho e problemas financeiros. Já os fatores de proteção são boa autoestima, bom suporte familiar, laços bem estabelecidos, religiosidade ou razão para viver, ausência de transtorno mental, estar empregado, ter crianças em casa e senso de responsabilidade com a família e resiliência. “O suporte social diminui em 30% as tentativas de suicídio”, ressaltou Flávia.

Ao final do ciclo de oficinas, será apresentado o que cada município desenvolveu para criar uma linha de cuidado para casos de vítimas de violência autoprovocadas.

Evento

Em julho deste ano, a Prefeitura promoveu o seminário “O Fenômeno da Violência Autoprovocada: Suicídios, Tentativas e Automutilações” para mais de 300 profissionais. Margareth Arillha, psicanalista, doutora em Saúde Pública e pesquisadora do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” (NEPO) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi uma das palestrantes do evento que discutiu dados do município, fluxo de atendimento e como atuar nessas situações.

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