Varejo paulistano terá o pior ano do Plano Real, diz ACSP

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Da Redação – O comércio varejista da cidade de São Paulo terá em 2015 o pior resultado do Plano Real. Até a primeira quinzena de dezembro, o setor já acumula uma retração de 7,8%. Esta é uma das constatações do último Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) este ano. As últimas quedas do segmento haviam sido em 2009 (-3,7%), em decorrência da crise global financeira, em 2003 (-1,4%), por causa do pessimismo em relação ao governo Lula, e em 1999 (-5,9%), em função da crise da Ásia e da Rússia.

Na esteira do atual momento da economia brasileira, o diretor do Instituto de Economia da ACSP, Marcel Solimeo, fez uma comparação entre os dias de hoje e outros momentos de retração que afetaram o País.  Ele lembrou situações como o 1º Choque do Petróleo, o 2ª Choque do Petróleo, a época do Plano Cruzado e todas as crises que se sucederam: Pós-Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão, crise financeira global etc. “O País tem sido prejudicado por uma sucessão de crises, muitas geradas internamente”, disse Solimeo, que destacou a recuperação a partir do Plano Real, com crescimento grande, longo e intenso do varejo.

Em 2008/2009, recordou Marcel, a crise mundial impactou intensamente o Brasil, mas teve curta duração graças a medidas para a retomada interna. O País tinha condições fiscais e cambiais para o ajuste a fim de impedir queda na produção e no varejo. Veio um ritmo expressivo de 2010 a 2013, com recordes de vendas até a metade de 2014, quando houve um claro esgotamento do ajuste adotado. O varejo se manteve, mas isso não ocorreu com a produção industrial.

Projeções para 2015 – A projeção da ACSP é de queda de 7% em 2015 na comparação com o ano anterior. Para 2016, contudo, as previsões ainda são nebulosas. “É impossível prever a duração e a intensidade da queda porque há um quadro de total incerteza que se reflete na economia. Mesmo se a crise for resolvida em 2016, não deverá ter recuperação. É preciso interromper a queda para que haja uma retomada em 2017. As crises política e econômica estão se sobrepondo. O cenário externo é desfavorável, mas não é responsável pela situação doméstica brasileira”, afirmou Solimeo. Para as vendas de Natal, o ritmo de queda é semelhante, com as vendas em São Paulo devendo cair perto de 7,5% no Brasil.

Balanço da 1º quinzena de dezembro – Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve queda média de 18,9% no movimento de vendas da capital. Isoladamente, houve recuos de 15,4% nas vendas a prazo e de 22,4% nas vendas à vista. “É um recuo grande, porque o consumidor não tem sobra no orçamento para prestações e nem para compras à vista”, diz Emilio Alfieri, economista da ACSP. Já na comparação com a primeira quinzena de outubro, o desempenho do varejo paulista foi positivo, com alta média de 41,3% (34,2% a prazo e 48,4% à vista). Segundo Alfieri, trata-se de uma elevação meramente sazonal, decorrente das compras de Natal e do 13º salário.

O varejo no estado de São Paulo, que costumeiramente é usado como termômetro para avaliar o setor no País, também está passando por momentos de forte retração. Segundo levantamento do economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, elaborados a partir de dados oficiais da Secretaria da Fazenda de SP, o volume de vendas do varejo restrito teve, em outubro, queda de 10,8% frente a outubro de 2014. Já no varejo ampliado, que inclui concessionárias de automóveis e lojas de materiais de construção, o recuo no estado foi de 14%. “Os resultados do Estado de SP e da capital paulista são piores que a média nacional por conta da crise na indústria, que impacta esses locais com mais intensidade”, comentou Ruiz de Gamboa.

Projeções – O varejo nacional restrito deve continuar caindo, com queda prevista de 8,6% em abril de 2016 no acumulado dos últimos 12 meses. Para todo o ano de 2015, a tendência é de diminuição de 5 % sobre 2014. Já no estado de SP, prevê-se um recuo de 9,32% no varejo restrito e de 11,42% no varejo ampliado, em março, também na comparação do acumulado de 12 meses. Para 2015, a projeção é de quedas de 6,45% no varejo restrito e de 8,75% no varejo ampliado.

“A confiança é a síntese da situação da renda, do emprego, do crédito e do sentimento do consumidor. Não há visualização de recuperação até o 1º trimestre de 2016, nem para o varejo nacional nem para o paulista”, avaliou Gamboa.

O número é feito a partir de um modelo estatístico de projeção de tendências (indicador antecedente), construído com base no Índice Nacional de Confiança e em dados do IBGE. Os dados de São Paulo, porém, foram elaborados com base no Índice de Confiança do Consumidor Paulista e em dados da Secretaria da Fazenda do Estado de SP.

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