Atividade integra programação oficial da Reunião Anual da Unidade Temática de Cultura da Rede Mercocidades; evento segue até este sábado
Texto: Marcos Imbrizi – Crédito-foto: Helber Aggio (PMSA)
Da Redação – A programação oficial da Reunião Anual da Unidade Temática de Cultura da Rede Mercocidades teve prosseguimento na manhã desta sexta-feira (27) com o Seminário Internacional de Direitos Culturais. O encontro, no auditório do Sesc Santo André, reuniu cerca de 60 pessoas que acompanharam série de apresentações de convidados de toda a América Latina.
Presente ao evento, a secretária de Cultura, Simone Zárate, destacou que os participantes abordaram temas importantes como os direitos culturais e povos indígenas. Ela adiantou ainda que Santo André deve implementar no próximo ano o projeto de Cidade Piloto Cultura 21, a Agenda 21 da cultura.
A abertura ficou a cargo de Enrique Glockner, especialista do programa de Cidades Piloto/agenda 21 da Cultura CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos). Ele apresentou a palestra “Três pontos de partida para entender os direitos culturais”, na qual apontou a cultura como um dos pilares para o desenvolvimento sustentável.
A questão da defesa dos povos indígenas foi abordada pela indigenista Marina Marcela Herrero, que mostrou as iniciativas realizadas pelo Sesc-SP, e pelo escritor indígena e doutor em educação Daniel Mundukuru, que resgatou a história de seu povo e o desafio de aproximar sua cultura da sociedade brasileira. “Os índios têm feito muito esforço para entender o Brasil, mas o Brasil não faz esforço para entender os povos indígenas”, comentou.
Em seguida, Maria Florencia Platino, diretora executiva de Diversidade Cultural da Secretaria de Cultura de Santa Fé (Argentina), João Paulo Pontes e Silva, diretor de Políticas Culturais e Participação Social da Secretaria de Cultura de Belo Horizonte e Dario Andres Zaratti Chevarría, coordenador da Unidade Temática de Cultura da Rede Mercocidades e secretário de Culturas de La Paz (Bolívia), trataram de “Direitos Culturais e Gestão Pública de Cultura”. Na oportunidade a representante argentina apresentou também o projeto de Santa Fé como Cidade Piloto/Agenda 21 da Cultura – CGLU.
No encerramento, o historiador e escritor Celio Turino tratou do tema “Bem Viver nas cidades – o que a ancestralidade tem a ensinar para as cidades contemporâneas”. De início, lembrou que cultura é encontro, e propôs aos presentes que se aproximassem do palco. “Para o bem viver na cidade precisamos buscar nos reencontrar. A possiblidade desse encontro está sendo extinta pela sociedade digital”, afirmou. Ao final, o historiador elogiou a iniciativa da Secretaria de Cultura de Santo André. “É importante o fato de a secretaria de Cultura de Santo André se aproximar de experiências do Mercosul. Ao receber este encontro junto com o Sesc, ela se coloca na vanguarda do processo de irmandade que é cada vez mais necessário, sobretudo nos tempos atuais”, elogiou.
Avaliação – A secretária de Cultura Simone Zárate acompanhou a atividade durante toda a manhã no Sesc. Ao final, comentou que os participantes discutiram temas muito importantes, especialmente no Brasil atual. “Estamos falando de direitos culturais e de povos indígenas que estão sendo atacados na política nacional. Este evento reúne municípios autônomos que tem experiências muito importantes com políticas culturais inclusivas, participativas e comunitárias, dentro de suas possibilidades. Por estarem próximas à população, estas políticas municipais têm uma força muito grande”, destacou.
A secretária de Cultura destacou ainda que a experiência de implantação da política de Cidade Piloto em Santa Fé, na Argentina, será implementada em Santo André a partir do próximo ano. “Vamos reunir especialistas para fazer um diagnóstico e elaborar um plano, alinhado ao Plano Municipal de Cultura, com ações de acordo com os objetivos do desenvolvimento sustentável da Agenda 21”, comentou.
Simone Zárate lembrou ainda as políticas já adotadas pela secretaria com vistas ao desenvolvimento da cultura na cidade. O fortalecimento do Conselho Municipal de Políticas Culturais, que vem do Sistema Nacional de Cultura e do Fundo Municipal de Cultura são alguns exemplos.
A coordenadora do Núcleo de Arte e Cultura da Universidade Metodista de São Paulo Claudia Cézar também esteve presente ao seminário. “Foi muito enriquecedor ter participado deste seminário. As universidades não podem ficar fora da discussão do direito cultural da cultura e da política de cultura das cidades.”, concluiu.
Reunião Anual – A Reunião Anual da Unidade Temática de Cultura da Rede Mercocidades, que reúne 30 dirigentes de sete países, trabalha o tema “Direitos Culturais – Promoção e Salvaguarda das Línguas Indígenas”. A programação teve início na última quinta-feira (26) e prossegue até este sábado (28), com série de atividades oficiais e paralelas.
O concerto mensal da Orquestra Sinfônica de Santo André (OSSA) no Teatro Municipal Maestro Flavio Florence, no sábado, às 20h, encerra a programação da semana. O músico Sapopemba é o convidado especial e apresentará o universo afro-brasileiro e a música popular de raiz, com repertório que vai de Dominguinhos a Gilberto Gil, incluindo as peças de maior sucesso executadas pela OSSA. Ingressos distribuídos na bilheteria a partir das 18h. O endereço é Praça IV Centenário, s/n, Centro.
Duas mostras também fazem parte da Programação Paralela Mercocidades. No Salão de Exposições do Paço Municipal pode ser conferida, até 30 de outubro, a exposição “Fazeres da Tradição”. Em parceria com o Museu de Arqueologia de Jacareí, são 23 obras que apresentam a temática da cerâmica indígena, tanto das etnias que ainda produzem objetos na atualidade como daquelas já extintas ou que perderam a cultura da cerâmica: Terena, Kadiweu, Xakriabá, Asurini, Karajá, Waurá, e Kaingang bem como as cerâmicas arqueológicas Marajoara, Tapajônica, Tupinambá e Tupiguarani. O Salão está localizado na Praça IV Centenário, s/n, Centro.
No Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa está em cartaz a exposição ‘Paranapiacaba, Guapituba, Cambuci, sons indígenas do cotidiano’. Em parceria com o Museu Barão de Mauá, revela a arte indígena de diversas etnias através de cestarias, armas, utensílios, fotografias e muito mais. Visitação até 19 de outubro. O endereço é Rua Senador Flaquer, 470, Centro.
Festa do Sul Mercocidades – Quem utilizar a frota de ônibus municipais poderá conferir os 20 textos selecionados da Festa do Sul Mercocidades – Mostra de Microcontos disponibilizados em cartazes. O concurso cultural contou com inscrições de autores de várias cidades da América Latina e trabalhou o tema “Trilhas Originárias: Heranças Indígenas”. A mostra pode ser conferida também em equipamentos culturais como a Casa da Palavra e a Biblioteca Nair Lacerda.
Mercocidades – Mercocidades é a principal rede de governos locais do Mercosul. Fundada em 1995, tem como objetivo de favorecer a participação das cidades num processo de integração regional, fomentar o intercâmbio e a cooperação horizontal entre os municípios, incidir nas agendas nacionais, regionais e mundiais, criar políticas conjuntas entre as cidades e estimular o intercâmbio de experiências>
Atualmente conta com 349 cidades-membro de 10 países do continente: Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Peru, Uruguai, Paraguai e Venezuela. Os encontros das cidades da rede Mercocidades são organizados em Unidades Temáticas (UT), sob vários assuntos.
A Unidade Temática Cultura promove o debate acerca do desenvolvimento cultural das cidades e as possibilidades de promover políticas culturais inclusivas e respeitosas baseadas na diversidade cultural. Santo André retomou a participação na UT Cultura em 2017.
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