O viés da Proteção Animal

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  • Ubiratan Figueiredo – Significado de Proteção no dicionário: cobrir (-se) com alguma coisa ou abrigar (-se) em algum lugar para que fique a salvo de perigos ou fatores externos; esconder (-se), dar proteção, amparo, ajuda material, assistência médica etc.

Proteção animal poderia ser definida como defendê-los, preservá-los do mal, resguardá-los física e psicologicamente. Porém, o que realmente, na prática, é feito? Os poderes públicos, como tutores dos animais, os estão preservando do mal? Há verdadeiramente um resguardo físico e psicológico desses bichos?

As organizações de proteção aos animais no Brasil (ONG’s) atuam em sua maioria na informalidade. A boa intenção pela causa esbarra nas superlotações de abrigos, falta de programas e de promoção, por parte de prefeituras, sobre adoção responsável, despreparo para a realização de ações efetivas para o controle populacional e a prevenção e combate ao abandono de animais. E assim os animais continuam sofrendo, diante de uma sociedade incapaz de agir intersetorialmente, interdisciplinarmente para que a epidemia do abandono de cães e gatos seja controlada e prevenida.

Apesar do propósito digno em recolher animais que se encontram em situação de risco, a  maioria dos abrigos existentes no Brasil direciona o foco somente em dar um espaço e acabam acumulando os animais, negligenciando seu bem-estar e os cuidados com a prevenção de doenças, como se fosse uma prisão, onde recebem apenas o alimento, às vezes de qualidade duvidosa, a mercê de um destino incerto.

É preciso enxergar os animais da maneira como realmente são, indivíduos com necessidades psicológicas e comportamentais, embora muitas vezes complexas, mas sob a inteira responsabilidade da sociedade civil e administrações públicas. É nosso dever garantir que, ao menos, tenham as suas condições básicas de sobrevivência atendidas. Ter espaço para poder brincar, interagir positivamente com outros animais e pessoas, estar livres de doenças e dor, e poder ser desafiados mentalmente está muito longe do que um abrigo de animais oferece.

As pessoas precisam entender que os animais não estão melhores no abrigo do que na rua e que apenas dar ração e água diariamente não basta. Esses bichos carecem de compaixão sim, mas, mais do que isso, nossa ação dentro desta causa é que irá marcar positivamente suas vidas.

O caminho para a proteção animal é árduo, cheio de barreiras e muito mais custoso do que deveria, mas creio que a nossa compaixão falará mais alto que a ganância de muitos e a insensibilidade de alguns. Temos que pensar além. Como diz a autora Nina Rosa: “Para os animais não importa o que pensamos ou sentimos, e sim o que fazemos por eles”.

* Ubiratan Figueiredo é presidente da ONG SOS Cidadania Animal e vereador em São Caetano

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