* Ubiratan Figueiredo – Um sentimento forte de novos rumos para o Brasil foi desencadeado com a eleição de Jair Bolsonaro como Presidente da República. Sob o comando de Paulo Guedes, e de estrelas no primeiro escalão como Sergio Moro, o governo atual ainda busca um eixo para colocar em prática o programa aprovado pela maior fatia do eleitorado. Mas, após cem dias da posse, o que foi feito e o que ainda se espera desse governo?
Antes mesmo do passo inicial, o clã Bolsonaro se viu em meio a denúncias de uso de movimentação financeira irregular e também enriquecimento pessoal a partir da estrutura de mandatos – além de suspeitas mais sérias a serem comprovadas, como o caso do envolvimento com milícias no Rio de Janeiro. Em contrapartida, Bolsonaro adotou, no período eleitoral, uma bandeira radical, e atualmente necessária, no combate à criminalidade, à política que até então era aplicada em Brasília e enalteceu os valores familiares e o patriotismo.
Sem experiência como administrador e tão pouco como articulador político, o atual Presidente da República tem demonstrado traços auspiciosos, com indicações aos ministérios, de perfis técnicos, que estão demonstrando eficácia à frente de suas pastas. Com o objetivo de dar ar aos pulmões da economia brasileira, foram iniciadas muitas obras que estavam paralisadas, assim como os primeiros passos das privatizações.
Por outro lado, o governo de Bolsonaro não conseguiu cumprir a lista de medidas anunciadas para os cem primeiros dias de mandato, composta por 35 metas, como por exemplo, a redução de tarifas do Mercosul, que ainda está em negociação com Paraguai, Uruguai e Argentina, e a independência do Banco Central.
O aumento da inflação também integra os primeiros meses de mandato. A inflação do mês passado foi influenciada pelas altas de preços dos alimentos e bebidas (1,37%) e dos transportes (1,44%), que responderam por 80% da taxa de inflação no mês. Os alimentos para consumir em casa ficaram 2,07% mais caros. As maiores altas foram o tomate (31,84%), a batata-inglesa (21,11%), o feijão-carioca (12,93%) e as frutas (4,26%).
Do proposto, apenas 34% dos objetivos foram alcançados. Os ministérios da Economia e da Justiça foram os que conseguiram cumprir mais metas, antes mesmo dos cem dias, com as conclusões anunciadas, entre elas o corte de funções comissionadas, o pacote anticrime e o decreto de flexibilização do porte de armas.
O país tem pela frente uma gama de difíceis desafios que irão exigir uma liderança de superação para o bom funcionamento da máquina pública. A Reforma da Previdência está aí para servir de termômetro para o futuro do atual governo. Desses testes é que sairão os resultados necessários para que Jair Bolsonaro se consagre como um bom presidente em um importante período em que o Brasil atravessa ou um grande fiasco frente a política brasileira. Nas mãos da nação está a esperança de uma luz no fim do túnel, nas mãos do presidente está a resposta do que será gravado na história deste país.
* Ubiratan Figueiredo é vereador na Câmara Municipal de São Caetano do Sul
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