* Viviane Freitas – A partir desta primeira edição da coluna Saúde da Mulher, neste CliqueABC, pretendo fomentar essa discussão junto às leitoras internautas, especialistas e fontes que atuam no universo feminino. A ideia é trazer para o debate e esmiuçar peculiaridades e outros tabus e questões que dizem respeito às mulheres e demais leitores e internautas que se interessem pelo assunto.
O tema inaugural vai abordar a Endometriose. Doença que tem inúmeros sintomas, e que por isso mesmo é tão difícil de ser diagnosticada. Um dos sintomas são as fortes cólicas. Se você tem esse sintoma e/ou conhece alguém que sofra do mesmo mal, é interessante buscar um médico. Essas dores podem indicar a presença da Endometriose, que, segundo o médico ginecologista Rogério Felize Tadeu, é uma patologia caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina.
É uma doença crônica, inflamatória, estrogênio-dependente que atinge principalmente mulheres na idade reprodutiva. Estima se que 15 – 20% das mulheres em idade reprodutiva e 40 – 50% das mulheres com infertilidade tenham endometriose.
Saiba quais são os sintomas da Endometriose:
Os principais sintomas clínicos de endometriose são: dor pélvica, dificuldade de engravidar e presença de massa pélvica em mulheres na idade reprodutiva. Embora estas manifestações sejam muito sugestivas de endometriose, não são exclusivas desta doença e requerem o diagnóstico diferencial com: aderências, síndrome do intestino irritável, doença inflamatória pélvica, cistite e neoplasias.
A dor pélvica pode manifestar como:
· Dismenorreia (dor tipo cólica durante o período menstrual): Nas mulheres com endometriose, a dismenorreia tem um padrão de intensidade forte e caráter progressivo. |
· dor pélvica crônica (DPC): quando persiste por mais de seis meses. Pode ser cíclica ou não, tende a agravar na fase pré-menstrual e permanecer após a menstruação. |
· Dispareunia (dor localizada no interior da pelve durante o coito vaginal). |
· Dor associada à função intestinal (disquezia) é uma dor ou desconforto pélvico, associados ao ato de defecação. Nas mulheres com endometriose, pode ocorrer na fase menstrual e pode estar relacionada à doença localizada na vagina e no reto. Algumas mulheres com endometriose descrevem na fase menstrual a sensação de inchaço e distensão abdominal. |
· Dor ou desconforto associado ao ato da micção. Pode estar associada à doença localizada na bexiga |
Os locais mais acometidos pela endometriose são:
· ovários | · apêndice |
· fundo de saco anterior/posterior | · ligamentos redondos, |
· região posterior/ligamento largo | · vagina, |
· ligamentos uterossacros, | · colo do útero, |
· útero, | · septo retovaginal, |
· tubas uterinas, | · ceco e íleo, |
· cólon sigmoide, | · cicatrizes de cirurgias anteriores, |
· apêndice | · trato urinário (bexiga e ureteres) |
· ligamentos redondos, | · região umbilical. |
Diagnóstico:
Os sintomas da endometriose são variáveis, sendo as queixas mais frequentes a dismenorreia, dispareunia de profundidade e dor pélvica. Frequentemente o tempo percorrido entre o inicio dos sintomas até que se estabeleça um diagnóstico definitivo ultrapassa os dez anos. O diagnóstico da endometriose baseia-se em uma tríade contendo dados clínicos, exame físico e exames de imagem.
Os sintomas referidos pelas pacientes, dismenorreia, dispareunia de profundidade, dor pélvica crônica, alterações intestinais (dor à evacuação, sangramento nas fezes, aumento do trânsito intestinal durante o período menstrual), alterações urinárias (disúria, hematúria, polaciúria acompanhando o fluxo menstrual) e infertilidade.
O exame clínico apresenta limitações para esclarecer a extensão e profundidade das lesões, tornando necessária a utilização de outros métodos para auxiliar no diagnóstico e estadiamento da doença.
Embora o diagnóstico de certeza da endometriose seja através videolaparoscopia com biópsia, outros métodos não invasivos (clínico e imagem) são importantes para elucidação, assim como, para a decisão de como e quando realizar procedimento cirúrgico.
Atualmente o ultrassom transvaginal (USTV) e a ressonância nuclear magnética de pelve (RNMP) são os principais métodos utilizados na detecção e estadia mento da endometriose. Nos casos de endometriose profunda com comprometimento intestinal e urinário pode ser necessária a utilização de outros métodos como a colonoscopia e a urografia excretora.
Mais recentemente a ultrassonografia com preparo intestinal vem sendo utilizada no diagnóstico e estadia mento da endometriose profunda, principalmente para comprometimento intestinal.
O diagnóstico clínico e por imagem muitas vezes é suficiente para o início do tratamento, sendo a cirurgia indicada para os casos mais graves (massas pélvicas, infertilidade, comprometimento do sistema intestinal e urinário) ou nas pacientes sem resposta adequada ao tratamento clínico medicamentoso.
Tratamento da Endometriose
Desde 2008, a Endometriose passou a ser vista como uma doença crônica, exigindo uma terapêutica em longo prazo, desta forma pretende se intensificar a utilização do tratamento medicamentoso em detrimento das repetidas abordagens cirúrgicas.
O tratamento da endometriose peritoneal superficial (mínima/leve) com contraceptivos hormonais, progestagênios ou análogos do GnRH, tem apresentado resultados muito satisfatórios principalmente no controle dos sintomas álgicos e melhora da qualidade de vida, lembrando que os análogos do GnRH não podem ter uso prolongado.
Na endometriose peritoneal profunda, o tratamento clinico medicamentoso pode levar a melhora dos sintomas álgicos e diminuição das lesões, porem em situações onde a doença causa comprometimento anatômico e funcional o tratamento cirúrgico pode ser necessário.
O tratamento clínico da endometriose baseia-se na indução do hipoestrogenismo, os principais medicamentos utilizados para este fim são: danazol, a gestrinona, os progestagênios isolados, os contraceptivos hormonais, análogos do GnRH e os inibidores da aromatase.
As pílulas combinadas e os progestagênios levam à hipotrofia do tecido endometrial e podem ser utilizadas de forma cíclica (com pausa) ou contínua. O seu uso diminui as cólicas menstruais e a dispareunia.
Os progestagênios podem ser administrados por via oral, intramuscular, por meio de implantes dérmicos ou em sistema intrauterino, e são efetivos na redução da dor associada à endometriose.
Os efeitos colaterais mais frequentes são o ganho de peso e a alteração do humor . O dienogeste e o endoceptivo de levonorgestrel (SIU-LNG),estão sendo utilizados, com resultados promissores para o tratamento de endometriose a longo prazo, principalmente no controle da dor.
A endometriose ovariana (endometriomas), na maioria das vezes, é tratada cirurgicamente e preferencialmente por via laparoscópica. Nestes casos, o tratamento medicamentoso pode trazer redução do cisto, mas não regressão completa.
Em casos selecionados, onde o tamanho do cisto não ultrapassa 3 cm e a paciente for pouco sintomático, o tratamento medicamentoso pode ser instituído, se for observado crescimento do cisto, este deve ser retirado com a preservação do parênquima ovariano e do potencial reprodutivo.
O tratamento cirúrgico por via laparoscópica, demonstra menor morbidade, menor tempo de internação, melhor resultado estético, menor índices de dor pós-operatório e permite melhor magnificação visual. Recentemente também a cirurgia robótica vem sendo utilizada com êxito no tratamento da endometriose . É fundamental a disponibilidade de recursos tecnológicos assim como o grau de experiência da equipe cirúrgica para utilização de cada técnica.
A decisão sobre o tratamento clínico ou cirúrgico depende do quadro clínico, desejo reprodutivo, da idade da paciente e das características das lesões (locais e estádio da doença). Os exames de imagem devem nos oferecer informações para o planejamento cirúrgico, entre elas: locais comprometidos pela doença (ovários, região retro cervical, vaginal, septo retovaginal, trato urinário e digestivo) assim como o tamanho e número de lesões.
O objetivo do tratamento cirúrgico é remover todos os focos de endometriose em uma única cirurgia diminuindo a dor e melhorando a qualidade de vida e os índices de fertilidade.
O tratamento cirúrgico da endometriose deve ser conservador, os implantes devem ser removidos por meio de excisão cirúrgica e os órgãos reprodutivos devem permanecer preservados. Observamos melhora de 60% a 70% dos sintomas de dismenorreia e dispareunia após a exérese de implantes endometrióticos .A ressecção completa das lesões, em mulheres sintomáticas, pode levar a melhora da qualidade de vidas.
Deixo aqui nesta primeira edição desta coluna Saúde da Mulher os meus agradecimentos ao médico ginecologista Rogério Fellize, que se dispôs a esclarecer dúvidas e questões relacionadas à Endometriose. Site:
http://www.drrogeriofelizi.com.br e Blog: www.endometrioseabc.blog.br
* Viviane Freitas é psicóloga, e mantém no Facebook a página Endometriose ABC, onde tira dúvidas e demais informações sobre a doença, e disponibiliza ainda para consulta o seu perfil pessoal no facebook: Psicóloga Viviane Freitas. Mais informações pelo site https://psicologa-viviane-freitas.negocio.site/ ou pelo e-mail vivianeasbc@gmail.com - (11) 9 8237-9815
Olá Viviane. Parabéns pela matéria!! Bastante esclarecedora. Um abraço. Léo.
Muito bom ..
Gostei muito, de conhecer um pouco mais sobre o assunto!
Oi sou portadora a mas de 15 anos vivo não vegeto a minha e crônica já perdi meus órgão todos já fiz 10 cirurgia e estou para fazer outra porque meu intestino tá colado tudo indica que vou tirar um pedaço dele
Parabéns… muito boa a matéria !!!
Nós faz sentir que não estamos sozinha !!!