Da Redação – Um ano após a abertura do primeiro centro de treinamento em radioterapia do Brasil e mais de 300 médicos capacitados, a cidade de Jundiaí (SP) recebe a primeira fábrica de aceleradores lineares da América Latina. A instalação, que integra o complexo industrial pertencente à Varian Medical Systems, empresa americana líder em desenvolvimento de implementos de saúde, é parte do Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde.
A unidade, localizada no Parque Industrial de Multivias, com 4.700 metros quadrados, já entrou em operação e o primeiro equipamento produzido será entregue ao grupo Oncoclínicas, de Recife (PE), ainda este mês.
A planta brasileira é uma das três existentes em todo o mundo – as demais ficam no Estados Unidos e na China. “Quando a Varian anunciou seus planos em 2013 para desenvolver essa instalação e fazer parceria com o Ministério da Saúde, nós vimos a oportunidade de elevar o nível de tratamento do câncer na América Latina e alcançar um número muito maior de pacientes que poderiam se beneficiar dessa tecnologia”, ressalta Humberto Izidoro, presidente da Varian Medical Systems na América Latina.
Durante a cerimônia de inauguração da fábrica, realizada no dia 13 de dezembro, o representante do Ministério da Saúde e diretor do Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde, Thiago Rodrigues Santos, comentou sobre os benefícios que a iniciativa traz ao atendimento de pacientes com câncer. “A iniciativa é inovadora para o Ministério da Saúde por se tratar de um modelo de contratação diferente do tradicional, que é o financiamento por meio de convênios no qual a responsabilidade pela execução era transferida para os estados e municípios. A aquisição de soluções de radioterapia pelo governo federal abrange, além do fornecimento dos equipamentos, também a elaboração de projetos executivos e o apoio a fiscalização das obras. Desta forma o programa busca fortalecer o Complexo Industrial da Saúde, com a implantação de uma importante f brica no país e transferência de tecnologia, além de ampliar o acesso da população ao tratamento do câncer por meio da radioterapia”.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), Arthur Accioly Rosa, há também um déficit tecnológico. “Sabemos das dificuldades que a radioterapia enfrenta no Brasil, chegando a uma desassistência de até 40%. Além da carência, apenas 13% das máquinas no território brasileiro contemplam toda a tecnologia disponível para um tratamento mais seguro e efetivo”, explica. A radioterapia é um dos métodos utilizados para tratamento de câncer. De acordo com o Instituto Oncoguia2, o procedimento utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor.
Segundo Izidoro, além de toda a estrutura do empreendimento, existe o compromisso da companhia gerar um legado que seja tangível para sociedade brasileira. Para isso, a empresa estuda propor ao Ministério da Saúde e as Instituições de Pesquisa Científica e Tecnológica (ICTs) um projeto para disponibilizar cursos de metodologia de desenvolvimentos de softwares para startups da área da saúde com a finalidade de prepará-las para conseguir a aprovação dos seus produtos junto ao Food and Drug Administration (FDA) – órgão regulador dos Estados Unidos responsável pela promoção da saúde pública. O objetivo é capacitar os profissionais locais para, em um futuro próximo, poderem concorrer igualmente com às organizações estrangeiras na elaboração de soluções no mercado americano. O programa reforça o comprometimento da Varian com o Brasil e a América Latina.
Entenda o plano de expansão – Em maio de 2012, o Ministério da Saúde estabeleceu os critérios para implantação de 80 soluções de radioterapia com o intuito de reduzir a dependência tecnológica do país. Em 2013, a Varian Medical Systems ganhou a licitação que contempla o fornecimento de equipamentos e infraestrutura, bem como a compensação tecnológica para fortalecer o desenvolvimento industrial nacional.
O investimento previsto para o plano é de R$ 545 milhões, sendo R$ 160 milhões em equipamentos, projetos e fiscalização e R$ 385 milhões para obras. O processo licitatório permitiu uma economia de R$ 176 milhões. Todos os requisitos foram cumpridos e a quantidade de aceleradores foi ampliada para 100, bem como investimento da Varian de R$ 100 milhões.
Referências
1 Instituto Nacional de Câncer (Inca). Disponível no site. Acessado em 14/12/2018.
2 Instituto Oncoguia. Disponível no site. Acessado em 17/12/2018
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