EDITORIAL – Eleições: o real de Edgar Allan Poe

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Um conto de horror, mais horroroso, porque relata o real que os pavorosos contos de medo e horror do genial americano exacerbaram.

Estamos num cômodo negro da “Santa Inquisição”, de poucos metros quadrados; acima, há um pêndulo de lâminas afiadas a girar para baixo, cada vez mais perto de nosso pescoço; no centro do cubículo, um poço, do qual temos de nos desviar sempre, cuidadosamente, para não nos afundarmos num charco profundo de ratazanas vorazes, que por vezes sobem para nos morder. O cenário não poderia deixar de uma obscuridade mórbida.

Com os corações assim opressos e angustiados, boa parte dos brasileiros inocentes irão às urnas de domingo. E a diabólica maquinação espanhola continuará a demonstrar que as pocilgas de Toledo, da Andaluzia e dos tristes rincões espanhóis e europeus são tormentos que voltarão a oprimir os pobres humanos.

Não se pode descrever com meias palavras as indicações que parecem irreversíveis a mostrar os ratos igualmente sanguinolentos que sairão das urnas próximas; para nos ulcerar e ralar com seus dentes pontiagudos, cedo ou tarde.

Não é nada difícil prever a continuidade de nossa crise, sejam quais forem os carrascos da democracia que emergirem deste primeiro e do segundo turno. De um lado, o simplismo da ignorância anexado à violência como modo de governar; de outros, os velhos e mais do que trinta ladrões, comandados das prisões, sem nenhuma diferença do “modus operandi” como se processa o narcotráfico e o comércio ilegal de armas.

Não merecíamos, assim como não mereciam as vítimas da Inquisição. Mas, como diria Borges, se fomos os criadores do inferno, não temos direito de reclamar a Deus; somente amargar com coragem a passagem desse tufão da morte, até que as religiões abissais da esquerda e da direita soçobrem, depois de sugarem muito sangue, sobretudo dos frágeis que são alcançados pelas garras mortais de um Estado que, de modo cândido, alguns “filósofos” imaginaram nascer de um límpido “pacto social”.

* Amadeu Garrido de Paula, é advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados, e colaborador do site CliqueABC

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