Rua Marechal Deodoro tem patrimônio cultural cheio de histórias

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Da Redação – A Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo, é onde se concentra o maior centro de compras da Cidade. São 20 quarteirões, com aproximadamente 600 lojas, com movimento de cerca de 80 mil pessoas por dia. O que muita gente não sabe é que essa via possui um patrimônio cultural que conta a história do município.

Para celebrar os 465 anos de fundação da cidade e para apresentar estes locais aos moradores, a Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Cultura e Juventude, desenvolveu o “Ligando os Pontos da Memória”.

Trata-se de um projeto de educação patrimonial com extensão colaborativa. Foi desenvolvido um percurso que é possível fazer à pé pela via, no qual os visitantes poderão conhecer os patrimônios tombados que contam um pouco da história de São Bernardo. A primeira saída será em 19 de agosto (domingo), às 10h30, na abertura da Primeira Virada Cultural Descentralizada.

“Quem não preserva o seu passado, não tem elementos para construir o seu futuro. A gestão pública tem a missão de ajudar a preservar a cultura de quem ajudou a fundar a nossa cidade e também de quem a escolheu como seu lar, sem separatismos. Apresentar a trajetória de nosso município, de maneira didática, desperta a necessidade em preservar a nossa história”, afirmou o prefeito Orlando Morando.

O secretário de Cultura e Juventude, Adalberto Guazzelli, ele próprio um defensor da memória e do patrimônio são-bernardense, enfatiza a importância desse serviço na preservação da história de São Bernardo. “O desenvolvimento da Rua Marechal Deodoro se mistura com uma parte importante da história de nossa cidade, quando se tornou palco da emancipação, em 1944, e do desenvolvimento econômico, em meados da década de 50. Nossa missão é apresentar e preservar esse importante patrimônio para a população”, disse.

O roteiro desenvolvido pela Divisão de Preservação da Memória começa na Câmara de Cultura Antonino Assumpção, na altura do nº 1.325 da Rua Marechal Deodoro. Tombada pelo Compahc (Conselho Municipal de Patrimônio Histórico de São Bernardo) em 1987, o espaço foi construído no final do século XIX, para sediar a Câmara Municipal. Em 1944, a cidade conquista sua emancipação e o prédio passa a ser utilizado como gabinete dos prefeitos Wallace Simonsen (1945-1946), Tereza Delta (1947) e José Fornari (1948-1951).

Recentemente revitalizada por esta Administração, a Praça Lauro Gomes foi construída na década de 1950 pelo prefeito Lauro Gomes de Almeida. Em 1954, surgiu a primeira banca de jornal da cidade, recebendo, na sequência bancos de cimento, com inscrições de fábricas e estabelecimentos comerciais existentes na época, e a fonte Princesa Isabel. Trata-se de um importante local arborizado, no coração da cidade, que até hoje recebe as principais atrações culturais. Na década de 60, por exemplo, recebeu um show do cantor Roberto Carlos. Em 2013, o espaço foi tombado pelo Compahc.

Na Rua Marechal Deodoro, nas alturas dos números 436, 1.416 e 2.430 estão localizados os Marcos do Caminho do Mar. Essa implantação foi feita na ocasião da reforma da Estrada Velha de Santos, entre os anos de 1913 e 1920, comandada pelo engenheiro Arthur Rudge Ramos. Trata-se de uma réplica do original, em concreto armado, indicando a altitude, a quilometragem em relação à São Paulo e Santos. Estes marcos foram tomados em 2013 pelo Compahc.

Na Praça da Matriz, também na Rua Marechal Deodoro, s/nº,está localizada a Capela Nossa Senhora da Boa Viagem. Em Em 1814, foi construída esta instalação às margens do Caminho do Mar, que serviu de sede provisória até a construção de uma igreja, em 1825. Ela seria demolida em meados do século XX, dando lugar à atual Igreja Matriz. Esse espaço permeava o caminho que ligava São Paulo a Santos. Dom Pedro I parava na antiga capela e pedia proteção à Nossa Senhora para uma boa viagem. Essa  tradição deu início à Procissão dos Carroceiros, que completa 101 anos de existência. Tanto a construção da capela quanto a da igreja deram o início à formação do núcleo urbano de São Bernardo.

Na altura do número 1.294 está localizado o Edifício Wallace Simonsen, o primeiro arranha-céu de São Bernardo. Este prédio nasceu como empreendimento do Banco Noroeste, em 1953, com a agência bancária no térreo, salas comerciais e apartamentos residenciais nos andares superiores. Na inauguração do prédio, a Prefeitura adquiriu três andares, no qual instalou alguns departamentos da administração, como a sala que recebeu a Biblioteca Monteiro Lobato. Entre os moradores do espaço, esteve a ex-prefeita Tereza Delta, durante a década de 1970.

O antigo Bar Expresso, localizado na altura do número 1259, é um imóvel em art déco, remanescente da uma das etapas mais importantes do adensamento populacional na via, durante as décadas de 1920 e 1930. No local, abrigou o famoso Bar Expresso, e, em cima, a sede social do Esporte Clube São Bernardo. O espaço oferecia serviço de restaurante, café e bilhar, atraindo muita gente que vinha da capital para Santos. Foi nesse local que houve as reuniões para retomar a autonomia de São Bernardo no início da década de 1940 com os personagens dessa história: Wallace Simonsen, Armando Setti, João Corazza, Pery Ronchetti, entre outros.

Mais informações e agendamento prévio devem ser feitos até amanhã (17/8) pelo telefone (11) 4337-8217 e e-mail patrimonio.cultura@saobernardo.sp.gov.br.

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