Da Redação – Para 60% dos brasileiros da amostra, direitos humanos apenas beneficiam grupos que não merecem, como criminosos e terroristas. Brasil também possui um dos maiores percentuais (74%) entre os que acreditam que algumas pessoas tiram vantagem injusta sobre direitos humanos.
Seis em cada dez brasileiros entrevistados (60%) da amostra concordam com a frase que “os direitos humanos apenas beneficiam pessoas que não os merecem como criminosos e terroristas”.
O percentual de concordância no Brasil está muito acima do resultado global: 37%. Por outro lado, 49% dos norte-americanos da amostra discordam da afirmação. Os dados são da pesquisa “Human Rights in 2018 – Global Advisor” da Ipsos, realizada em 28 países, incluindo o Brasil, com 23,2 mil entrevistados, entre os dias 25 de maio e 8 de junho. A margem de erro para o Brasil é de 3,1 pontos percentuais.
O Brasil também possui um dos maiores percentuais (74%) entre os que concordam com a frase “Algumas pessoas tiram vantagens indevidas sobre direitos humanos”. Nesse tema, o percentual de entrevistados que concordaram com a frase no país só fica atrás de Colômbia, África do Sul, Peru, México, todos com 78%, e Sérvia, com 76%. A média global é de 64%.
“O ceticismo do brasileiro quanto aos direitos humanos não vem da percepção da falta da necessidade desses direitos, mas seu emprego percebido. Em outras palavras, a pesquisa indica que uma parte significativa dos brasileiros acredita que os direitos humanos atendem apenas a uma parcela da população, não contribuindo ao equilíbrio entre justiça e dignidade humana esperada na aplicação tais direitos”, ressalta Rupak Patitunda, gerente de opinião pública na Ipsos.
No resultado global, sete em cada dez pessoas (72%) concordam com a frase “Os direitos humanos são importantes para criar uma sociedade mais justa”. A Colômbia é a nação com o percentual de concordância mais alto nesse tema, com 91%. O Brasil aparece abaixo da média mundial, com 60%.
Sete em cada dez brasileiros (69%) da amostra concordam sobre a importância de existir uma lei que proteja os direitos humanos. Apesar de representar a maioria da amostra local, o Brasil ainda está abaixo da média mundial (78%) e de outros países, como Sérvia (90%), Hungria (88%) e Colômbia (88%).
Somente três em cada dez dos entrevistados brasileiros (34%) concordam com a frase “Todos no Brasil desfrutam dos mesmos direitos humanos básicos”. O percentual é menor do que o global (43%) e ainda bem abaixo do que Alemanha e China, ambos com 63%.
“O tema dos direitos humanos tem sido central no país com o debate em torno do assassinato da vereadora Marielle Franco. O tema ganha relevância considerando também que tais direitos se deterioram sob o contexto de crise. O próprio tema da corrupção, que tem dominado a agenda pública, possui uma relação com direitos humanos na medida que ambos lidam com os direitos básicos da população e de como o Estado está atuando para defender tais direitos. A ação de grupos econômicos ilícitos que se beneficiam com o abuso de poder aliado à ação de atores corrompidos na esfera pública, cria condições para que os direitos humanos não sejam respeitados”, afirma Patitunda.
Defesa dos direitos humanos – A pesquisa também avaliou quais grupos mais precisam ter seus direitos humanos protegidos e as crianças lideram o ranking global (56%). Em seguida estão: pessoas com deficiência (48%), idosos (44%), mulheres (38%) e pessoas de baixa renda (30%).
As crianças também são o grupo mais lembrado no Brasil (56%). Completam a lista: idosos (55%), pessoas com deficiência (46%), mulheres (39%) e pessoas de baixa renda (38%).
Globalmente, a liberdade de expressão (32%), direito à vida (31%), direito à liberdade (27%), direito à igualdade de tratamento perante a lei (26%) e direito de não ser discriminado (26%) estão entre os direitos apontados como os mais importantes a serem protegidos como direitos humanos.
No Brasil, a amostra valoriza direitos diferentes: direito à segurança (38%), direito à vida (36%), direito das crianças à educação gratuita (32%), direito à liberdade da escravidão ou do trabalho forçado (29%) e direito de não ser discriminado (28%).
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