A esquizofrenia do sentimento de “brasilidade ufanista”

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* Gabriel Clemente – Ano de Copa do Mundo e eleições gerais. Incrível como há gente que gosta de confundir e misturar as estações, né?

Em razão da avalanche de denúncias de corrupção que assola o país e das condenações de ‘medalhões’ da política nacional, muitos brasileiros decidiram, em ocasião não muito distante, eleger a Copa do Mundo como sinal de ‘protesto’, ao torcerem contra a seleção tupiniquim de futebol.

Aí, veio aquele ‘blá, blá, blá’ de comparações que nada têm a ver com o real espírito do evento esportivo, que, claro, além do próprio futebol, serve, também, para confraternizar as nações e que, independentemente da situação do país, sempre ocorre a cada 4 anos, aliás, desde 1930, com exceção do período que envolveu a 2ª Guerra Mundial.

Claro que o país sede até pode tentar dar um viés político à ocasião, mas o que os craques em campo, com salários multimilionários, têm a ver com isso? O quê?

As pessoas acham que, por exemplo, por ser “mais um brasileiro” e milionário, Neymar teria de sustentar 208 milhões de compatriotas e usar o SUS? Imaginam que a eliminação da seleção faria surgir, como em um “passe de mágica”, mais hospitais, escolas e aumentar os salários dos policiais?

E antes de qualquer questionamento, que fique claro que não me refiro aqui à corrupção dos superfaturamentos da nossa Copa do Mundo, realizada há 4 anos, uma verdadeira roubalheira de dinheiro público.

Parece que há gente que, por uma necessidade mórbida de querer demonstrar ‘erudição’, ‘consciência política’ ou ‘senso crítico’ insensatos, precisa escolher algo ou alguém, a qualquer custo, para eleger como um ‘bode expiatório’, um ‘Judas’.

Pergunto: A troco do quê?

Se você quiser tentar mudar o Brasil para melhor de verdade, algo que com o advento da ‘Lava Jato’, há pouco mais de 4 anos, já está ocorrendo, não se omita. Vá às urnas! Vote. Escolha o seu candidato com consciência. Pesquise o passado dele (a).

Aliás, para quem não sabe, a famosa operação da PF, em parceria com o MPF, já recuperou cerca de 10 bilhões de reais aos cofres públicos.

Entenda que se trata de uma falácia, uma mentira, a disseminação de boatos, “fake news”, incentivando o voto branco ou nulo como sinais de “revolta e indignação pacíficas”.

Quando vota branco ou anula o seu voto, você está oferecendo maiores chances para eleger o candidato de quem não se omitiu e votou.

Não é verdade que ‘se mais da metade do eleitorado votar em branco ou anular o voto’, terão de ser realizadas novas eleições com outros candidatos. Isso é mentira, porque o que decide qualquer eleição no Brasil são, apenas e tão somente, os votos válidos, ou seja, os sufrágios de quem escolheu algum (a) candidato (a).

Só assim é que poderemos tentar mudar o Brasil para valer. Torcer contra a seleção ou, por exemplo, como dizem outros, boicotar os telejornais e as “novelas da Globo” não ajudarão em nada. Não gosta da tal Globo? Assista a outros telejornais.

Há várias emissoras de TV com ótimo jornalismo e outras mídias de informação, como rádio e internet. Analise, compare as veiculações das notícias e os comentários para chegar a uma conclusão sobre qualquer assunto.

A culpa pela situação político-econômica do Brasil não é do Neymar, do Tite ou de qualquer outro membro da seleção brasileira de futebol.

Temos de mirar os alvos corretos para mudarmos o caos de desemprego alto, insegurança e saúde pública precária no qual nos encontramos atualmente.

É isso que muitos brasileiros e brasileiras precisam entender.

Então, por favor, parem de misturar as estações.

* Gabriel Clemente é jornalista graduado pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Atuou como repórter da Rádio ABC, em assessoria de imprensa política e na comunicação institucional do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA)

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