Mamirauá faz censo e levantamento socioeconômico em reserva amazônica

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* João Cunha (Instituto Mamirauá) – Os preparativos para o Plano de Gestão estão mobilizando os moradores da Reserva Amanã, no estado do Amazonas. Entre os meses de março e abril, o Instituto Mamirauá percorreu parte dos mais de 2 milhões de hectares da Reserva, realizando o censo demográfico e levantamento socioeconômico da região. Os dados coletados pelo trabalho farão parte do plano de gestão da reserva, uma das maiores áreas protegidas em floresta tropical nas Américas.

“As informações que estamos levantando vão apresentar, no Plano de Gestão, qual o perfil das pessoas que moram na Reserva Amanã, a dinâmica populacional e as histórias delas. E orientar o Estado a como trabalhar, a longo e médio prazos, em termos de gestão de uso dos recursos e em como promover políticas públicas em diversos segmentos, como acesso a água, energia, saúde da mulher e das crianças, considerando que essa é uma área rural, distante dos centros urbanos”, afirma Dávila Corrêa, técnica do Instituto Mamirauá responsável pela coordenação socioeconômica e demográfica do projeto.

Localizada a cerca de 650 km da capital Manaus, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã é uma das primeiras iniciativas em um modelo de conservação que une meio ambiente com a presença e a qualidade de vida das populações locais. Quase vinte anos depois de sua criação, a reserva vai ganhar um plano de gestão, que está sendo elaborado em coletividade com os moradores de Amanã.

O plano de gestão está sendo organizado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Amazonas (SEMMA) e Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O projeto também conta com parceria do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA). O censo demográfico e o levantamento socioeconômico são etapas para a construção do plano.

Como é feito o censo – Em um barco de dois andares, a equipe do Instituto Mamirauá atravessou, durante dezessete dias, rios, furos e paranás da Reserva Amanã. De casa em casa, o grupo visitou cerca de 80 localidades da região, entre comunidades e sítios, alcançando uma média de alcançando uma média de 600 domicílios.

São aplicados formulários diferentes para avaliar as condições de cada residência, perfil dos moradores e a estrutura da comunidade, como o acesso à água tratada e energia. Um terceiro formulário é usado na análise socioeconômica das comunidades, levantando informações como as principais fontes de renda e acesso a benefícios sociais.

A pesquisadora Ana Claudeise do Nascimento destaca que a experiência do Instituto Mamirauá em projetos na Reserva Amanã foi um diferencial para a realização do censo. Entre os coletores de informações, estavam antropólogos, sociólogos, arqueólogos, agrônomos e moradores da unidade de conservação que fazem parte do Centro de Vocação Tecnológica (CVT) do instituto.

“As pessoas que fizeram a coleta dos dados são do Instituto Mamirauá, tem prática em trabalhos na região e conhecem as pessoas e comunidades. Isso ajudou bastante na aceitação e entendimento dos moradores em relação ao censo, as pessoas confiam na gente e sabem com quem estão falando”, explica Ana Claudeise, que é coordenadora geral da equipe técnica do plano de gestão.

Próximos passos para o Plano de Gestão – No final desse mês, está prevista uma segunda expedição para concluir o censo e levantamento socioeconômico na Reserva Amanã. Em seguida, o Instituto Mamirauá, vai organizar oficinas de planejamento participativo com os moradores da reserva, espaços para trocas de ideias e propostas para o plano gestor.

A entrega do Plano de Gestão da Reserva Amanã está prevista para o primeiro semestre de 2019.  Em um primeiro volume do documento, estarão resultados de pesquisas feitas na região sobre sustentabilidade, potencialidades de manejo de recursos e também os planos de manejo que já estão em prática. Já o segundo volume trará o planejamento para a reserva, incluindo zoneamento, normas de uso, áreas para preservação e para uso sustentável.

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