Da Redação – No próximo dia 21/2, o Sesc Ipiranga dará início a uma programação intensa de espetáculos e outras atividades, coordenados sob temas de relevância social e artística, e que se estendem até final de 2018.
O Projeto “Fricções” é um conjunto de ações de cunho artístico e socioeducativo, ancorado na dança, que promove a fricção com outras linguagens, interagindo e incorporando o teatro, circo, cinema e outras manifestações. Periodicamente o projeto traz um tema expressivo para a sociedade como negritudes, gênero e sexualidade, pessoas e cidades, direitos humanos e ativação de redes.
Abertura – Para iniciar os trabalhos, no dia 21/2, a psicanalista e escritora Sueli Rolnik realiza um bate-papo sobre a resistência enquanto micropolítica e sua atuação nos campos clínico e artístico.
Sueli dedica-se à investigação de políticas do desejo, de uma perspectiva teórica transdisciplinar, indissociável de uma pragmática clínico-política, privilegiando a arte como campo de atuação, nos últimos vinte anos. Por meio do seu trabalho propõe o entendimento das pequenas ações do dia-a-dia, comunitárias ou individuais, como oportunidades de reflexão e ressignificação do statu quo da sociedade atual, em que a compreensão e convivência com a diversidade é motivo de embate e conflito.
Neste bate-papo, que será seguido do espetáculo de dança “Corredeira” (Nave Gris), a professora e crítica correlaciona os intentos das práticas resistivas com suas reverberações nas esferas cultural e sócio psicológica.
Sansacroma – A Companhia de Dança Sansacroma celebra 15 anos de existência e resistência com uma programação que contempla espetáculo, oficinas e mesa de debate, integrando a abertura do Projeto Fricções. No dia 24/2, o grupo apresenta “Rebanho”, espetáculo composto de cinco solos que tratam da recusa à submissão e do ato de criar como forma de resistir. A obra tem direção da criadora do grupo, a coreografa, atriz e dançarina Gal Martins.
Gal criou o conceito da “Dança da Indignação”, linguagem estética que norteia o grupo e que reverbera indignações coletivas, trazendo uma abordagem política e promovendo a fruição da dança. A visão tem por intuito integrar a comunidade, refletindo sobre os desafios de se produzir dança contemporânea nas “bordas da cidade” e a conexão com circuito cultural presente nas regiões centrais, dissipando as barreiras territoriais que são erguidas nesse trajeto.
A potência do “corpo negro marginal” é o que há de mais pulsante nas produções do grupo, tornando palpável a prática da resistência e estabelecendo uma “rebeldia”, como profícua fonte de preservação e mutação.
A Cia Sansacroma realiza ainda, no dia 22/2, a Mesa de Discussão sobre a “Dança da Indignação”, com a presença da criadora do conceito Gal Martins e as convidadas Kanzelumuka – artista da Dança, integrante da Nave Gris Cia Cênica e idealizadora do projeto Mulheres Negras na Dança -, Érica Malunguinho – ativista, educadora e artista, é fundadora do centro de cultura de resistência negra Aparelha Luzia -, e a artista da dança Anelise Mayumi do Grupo Fragmento Urbano.
Em boa companhia – A programação do Projeto Fricções convida ainda outras companhias e artistas da linguagem da dança para compor as ações de abertura. No dia 21/2, logo após o bate-papo da psicanalista Suely Rolnik, o Coletivo Nave Gris traz o espetáculo “Corredeiras”, um mergulho na memória ancestral de onde emerge a própria cultura negra.
No dia 23/2, a Cia. Zona Agbara apresenta “Vênus Negra – Um manual de como engolir o mundo”, uma singela homenagem à Saartjie, a Vênus Negra, mulher africana que há dois séculos foi exibida em uma jaula na Europa por ter proporções avantajadas. O espetáculo propõe exorcizar a condição vivida por ela, transpondo essa problemática para o nosso tempo.
O bailarino Edson Raphael explora uma encruza consigo mesmo no espetáculo “Gbé ou Quando o Corpo Renasce Negro”, em que cada viela indica uma face de sua negritude. Na apresentação, que acontece nos dias 23 e 24/2, a travessia só aponta um caminho: o reencontro e reapropriação de seu corpo, sexo, ancestralidade e criação de sua relação com o mundo.
A Cia. Fragmento Urbano traz para o Hall da Unidade, no dia 25/2, o espetáculo “Encruzilhada”, que aborda a atualidade, a ressignificação da ancestralidade e os espaços urbanos propondo uma outra consciência corpo-política, um ato de resistência das periferias, dos mestres da cultura popular e do Hip Hop.
Oficinas – A oficina “Plataforma Rebanho”, desenvolvida pela Sansacroma, é um espaço destinado a experimentação, desenvolvimento e demonstração de criações de processos individuais de artistas, a partir da vivência da aplicação dos procedimentos presentes na estrutura da pesquisa de linguagem “A Dança da Indignação”.
Em parceria com a Nave Gris Cia Cênica e a Cia. Fragmento Urbano, a Sansacroma promove um intercâmbio entre os grupos e dançarinos por meio de troca de informações, discursos e indignações, apresentando as diversas possibilidades e concepções do corpo e dos movimentos que podem compor uma obra. Ambas as atividades abertas ao público com necessidade de inscrição e vagas limitadas.
Serviço – Fricções, projeto de Literatura que desbrava o protagonismo feminino na história do Brasil, de 17/2, em diversos espaços da Unidade. Todas as atividades gratuitas.
Abertura – Bate-papo
O que a resistência micropolítica tem a ver com a arte (e com a clínica)?
Bate-papo com Suely Rolnik – psicanalista, escritora e professora – sobre as relações entre arte (e clínica), resistência e existência.
Quando: 21/2, quarta às 20h.
Local: Teatro (capacidade 200 lugares)
Quanto: Grátis – retirada de ingresso com uma hora de antecedência na bilheteria da Unidade.
Espetáculo
Corredeira – Com Kanzelumuka (Nave Gris)
Mergulho na memória ancestral que se presentifica no acontecimento da dança, de onde emergem as formas de representação próprias das culturas negras de origem banto.
Quando: 21/2, quarta às 21h30.
Local: Teatro (capacidade 200 lugares)
Quanto: Grátis – retirada de ingresso com uma hora de antecedência na bilheteria da Unidade.
Espetáculos
Vênus Negra – Um manual de como engolir o mundo – Com Zona Agbara
Homenagem à Saartjie, mulher africana que há dois séculos foi exibida em uma jaula na Europa por ter proporções avantajadas
Quando: 23/2, sexta às 21h.
Local: Teatro (150 lugares)
Quanto: R$ 20,00 / R$ 10,00 / R$ 6,00 (credencial plena)
Gbé ou Quando o Corpo Renasce Negro – Com Edson Raphael
O espetáculo propõe um manifesto físico ritual do instante em que o sujeito negro se torna negro.
Quando: 23 e 24/2, sexta às 21h30 e sábado às 19h30.
Local: Auditório (30 lugares)
Quanto: R$ 20,00 / R$ 10,00 / R$ 6,00 (credencial plena)
Rebanho – Com Cia Sansacroma
Espetáculo composto de cinco solos que abordam a recusa à submissão, a insistência em ser, em afirmar a existência.
Quando: 24 e 25/2, sábado às 21h e domingo às 18h.
Local: Teatro (130 lugares)
Quanto: R$ 20,00 / R$ 10,00 / R$ 6,00 (credencial plena)
Encruzilhada – Com Cia Fragmento Urbano
Espetáculo de dança sobre a ressignificação da ancestralidade e os espaços urbanos como um ato de resistência das periferias, dos mestres da cultura popular e do Hip Hop.
Quando: 25/2, domingo às 16h.
Local: Hall de entrada
Quanto: Grátis – sem retirada de ingresso.
Bate-papo
A Dança da Indignação e o corpo negro periférico: 15 anos da Cia. Sansacroma – Com a Cia. Sansacroma
Mesa de discussão e lançamento de livro sobre a metodologia criada por Gal Martins – a Dança da Indignação -, seu processo de concepção, o tensionamento do corpo negro periférico no universo da dança contemporânea. Quando: 22/2, quinta às 20h.
Local: Teatro (200 lugares)
Quanto: Grátis – retirada de ingresso com uma hora de antecedência na bilheteria da Unidade.
Oficina
Redes de Indignação – Com Nave Gris Cia Cênica, Fragmento Urbano e Cia Sansacroma
A Sansacroma convida outros grupos e dançarinos para conversas e apresentação de possibilidades e concepções do corpo e dos movimentos que podem compor uma obra.
Quando: 24/2, sábado às 17h.
Local: Teatro – 20 vagas
Quanto: Grátis
Inscrições: Na central de atendimento da unidade e online, a partir de 30/01, para credencial plena, e 01/02, para credencial de atividades. Para inscrição online, envie um e-mail para: oficinas@ipiranga.sescsp.org.br , com o nome da oficina ou curso, seu nome completo, data de nascimento, CPF, RG, e número de matrícula da credencial Sesc.
Plataforma Rebanho – Com Cia Sansacroma
Experimentação, desenvolvimento e demonstração a partir da vivência da aplicação dos procedimentos presentes na estrutura da pesquisa de linguagem “A Dança da Indignação”.
Quando: de 27/2 a 3/3, terça a sexta das 18h às 21h, sábado das 14h às 17h.
Local: Sala 2 – 20 vagas
Quanto: Grátis
Inscrições: Na central de atendimento da unidade e online, a partir de 30/01, para credencial plena, e 01/02, para credencial de atividades. Para inscrição online, envie um e-mail para: oficinas@ipiranga.sescsp.org.br , com o nome da oficina ou curso, seu nome completo, data de nascimento, CPF, RG, e número de matrícula da credencial Sesc.
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