Pródigo: adjetivo – que dissipa seus bens, que gasta mais do que o necessário: gastador, esbanjador, perdulário ( parábola do filho pródigo). Que é generoso ao dar, liberal, magnânimo (é pródigo na caridade, mas não faz alarde disso), que produz em abundância, fértil, fecundo ( o Brasil é uma terra pródiga). Dicionário Houaiss
* Osmar Junqueira Lima – Aqui estamos no ano novo, em janeiro, de janus, na mitologia o Deus com duas frentes, uma olhando o passado recente, outra olhando para frente.
Na parábola do Mestre Jesus, um filho, um dia, questiona o pai sobre as riquezas do próprio pai e disse para ele: “Tudo isso, um dia será meu.” E pede ao pai a sua parte. O pai não questiona, cede ao filho àquilo que lhe é de direito. O filho parte para longe, com muito dinheiro. A diversão e a vida boa estão garantidas. Consegue muitos amigos.
Tem uma vida de luxo, muitas festas e diversão. Está muito distante da família gastando toda a sua fortuna, não a repondo, o pai por sua vez continua zelando da família na sua rotina diária, sempre esperando pela volta do filho. Mas, o filho gasta cada vez mais e o dinheiro vai acabando, até ficar sem nenhum tostão.
Chega a hora da verdade… o filho pensa: Tenho Amigos! Doce ilusão, os amigos eram amigos do seu dinheiro, ao procurar um amigo, este lhe ofereceu como emprego cuidar dos porcos e para comer a mesma comida dos porcos. O filho passa a ter uma vida de provações.
Mas, um dia reflete: Na casa do meu pai, os escravos, os trabalhadores, os servos não comem à mesa com meu pai, mas comem da mesma comida. Nesta hora, vem o arrependimento, a reflexão, a humildade e o filho decide voltar para a casa do pai e pedir trabalho para poder ter uma vida igual a dos escravos.
O filho maltrapilho, humilhado retorna à casa do pai, esperando ser aceito como um servo, mas o pai ao ver o filho se alegra, porque o filho que estava perdido está de volta à casa do pai. Eis que o pai manda matar um bezerro gordo, manda trazer vestes e sandálias novas. Faz uma grande festa para comemorar.
O filho que nunca tinha deixado à casa do pai reclama: “Pai, nunca saí do seu lado, sempre trabalhei e, no entanto, o senhor nunca fez uma festa para mim.” Ao que o pai responde: “Esse seu irmão estava perdido, enquanto você filho, nunca deixou de ter a proteção do seu pai.”
Quem é o pai nesta parábola? O pai é DEUS, o pai maior, que recebe todos os seus filhos, não importando as condições em que eles chegam. O Mestre Jesus está nos ensinando a retomar a vida, a buscar caminhos novos, a corrigir os nossos erros e a buscar novos caminhos.
Esta parábola é uma reflexão para todos nós, principalmente para nossos governantes que têm o destino da pátria em suas mãos. Nossos governantes vêm cometendo sucessivos erros, levando o país a uma situação de extrema miséria. Os políticos já erraram muito pensando em suas vaidades, colocando em primeiro plano seus interesses e o país, sempre, deixado para depois.
Os grandes países do mundo já passaram pelas mesmas situações, mas aprenderam com seus erros. No século XIX os Estados Unidos eram um país periférico, todavia investiram em infraestrutura, transporte, educação e se tornaram potência mundial. O dólar, hoje, é moeda corrente mundial. Qualquer negócio no mundo, em dólar beneficia os Estados Unidos.
Os americanos exportam tecnologia, manufaturados e conhecimento e isto torna um país de economia estável. A China no século XX, século passado, era um país periférico, mas começou a investir em tecnologia, em conhecimento e hoje é a segunda maior economia do mundo, exporta tecnologia e manufaturados para o mundo, tem um crescimento vertiginoso.
Temos também outro exemplo a Coreia do Sul, no século passado era um país pobre, mas investiu em educação, em conhecimento e hoje exporta tecnologia.
Enquanto isso, o Brasil, um país pródigo em riquezas só anda para trás. Hoje estamos estagnados no século XIX, vivemos como um país do atraso, pois exportamos matéria prima, grãos, ferro, minério, atitude típica de país atrasado. Por que o Brasil não dá um passo à frente? Porque não investe em infraestrutura, em educação, em conhecimento, em transporte de qualidade, em saúde.
Somos, hoje, um país de miseráveis, com um quarto da população vivendo abaixo da linha da pobreza, com mais de 20 milhões de jovens dos 17 aos 30 anos sem nenhuma qualificação, longe da escola, marginalizado, o preço disso é incalculável. Mais de 13 milhões de analfabetos, pessoas que mal sabem escrever o próprio nome.
Temos uma periferia nas grandes cidades com a população vivendo no meio de esgoto, pisando em coliformes fecais, contraindo todos os tipos de doenças. É o país da vergonha para os políticos egoístas que só fazem conchavos e por isso o país vai afundando nesse imenso lodaçal.
Está na hora desses políticos de esquerda e de direita olharem para o país e esquecerem suas diferenças em pró do Brasil. Temos uma esquerda rancorosa, teimosa que não estuda e uma direita reacionária que não quer perder privilégios.
Caso não haja uma vontade maior, e não olharmos o exemplo do pai e do filho na parábola, não chegaremos a lugar algum. O Brasil precisa dar um passo à frente, não pode, eternamente, ficar esperando o futuro.
Este ano é ano de eleição, o povo tem uma arma na mão, o voto, se souber usá-la, corretamente, o país poderá começar a respirar. Não há milagres, reformas são doloridas, exigem soluções difíceis, não se resolve os problemas do país com populismo, com enganações, é preciso reflexão, juízo, políticos comprometidos com a realidade do país.
Sejamos pródigos. É janeiro, janus – duas frentes, olhemos para o futuro, corrigindo os erros do passado, para podermos ter uma sociedade mais igualitária.
Um abraço e até a próxima!
* Osmar Junqueira Lima é professor e palestrante
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